Economia

Novos negócios disparam com a pandemia

Em Alagoas, entre os meses de janeiro e setembro houve aumento de 12% na quantidade de MEIs registrados

Por Texto: Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 07/11/2020 08h55
Novos negócios disparam com a pandemia
Reprodução - Foto: Assessoria
As incertezas financeiras e as mudanças impostas pela pandemia do novo coronavírus provocaram um movimento expressivo de abertura de novos negócios, sejam formalizados ou não. Segundo dados do Portal do Empreendedor, do Governo Federal, houve crescimento de 12% nos novos cadastros. Em números: em janeiro havia 93.366 MEIs já no fim de setembro o número chegou a 105.226, diferença de mais de 11 mil. “O maior crescimento é observado entre os MEI’s que tem faturamento de até R$ 82 mil, houve um aumento enorme de empresas abertas, algumas por opção de negócio, mas a maioria por necessidade de uma renda”, afirma o Sebrae Alagoas. Tereza Natália é um exemplo de quem precisou criar uma oportunidade de trabalho durante a pandemia. Ela é guia turística, mas com as restrições e medidas sanitárias implantadas em março deste ano, ela viu a atividade “zerar”. Para manter a renda ela resolveu apostar na produção de alimentos sem glúten. “Eu sou celíaca e sempre fiz cursos para produção e consumo próprio, sempre vi a necessidade de pães, bolos, tortas de melhor qualidade, sem contaminação cruzada, que é quando os ingredientes se misturam, mas nunca encontrava algo de qualidade no mercado. Com a pandemia a atividade turística parou totalmente então comecei a produzir para vender e tive um bom retorno, clientes fixos, outros que fazem dieta, nutricionistas”, explica. Mesmo com a reabertura econômica, Tereza diz que ainda não retomou as atividades, ela é de grupo de risco, possui diabetes. “Tenho um certo receio de retornar, ir a aeroportos, passeios, ter contato com muitas pessoas, ainda estou me resguardando, não me sinto segura para voltar ainda”, conta. Com Larisse Barros empreender veio como opção para complementar a renda. Ela trabalha como analista de sistemas, mas conta que sempre teve vontade de começar algo. Com a pandemia ela “tomou coragem” e iniciou a produção dos “caseirinhos”, sua marca de bolos caseiros. “Eu faço bolos caseiros, há algum tempo eu pensava em fazer algo para complementar renda, mas não sabia o que. Eu fazia bolos em casa todo mundo gostava aí minha cunhada me deu a ideia de começar a fazer para encomendas. A procura foi muito boa, como é no começo é mais devagar, mas tenho feito planos, recebi muitas encomendas, percebi que depois que começou a reabrir acabou diminuindo um pouco, mas a procura tem sido boa”, enfatiza. Ela se divide entre o trabalho formal, a produção de bolos e os dois filhos de 12 e 6 anos que segundo ela são “os maiores incentivadores”. “Eles gostaram muito da ideia, aprovaram e são as pessoas que mais me incentivam a continuar”, revela. Loja virtual de pijamas para usar a qualquer hora Para Amanda de Aragão Serra a pandemia virou uma oportunidade de negócio. Ela apostou numa loja virtual de pijamas pelo Instagram e conta que está finalizando o site também para vendas online. “A pandemia foi o que nos impulsionou. Vimos como uma oportunidade... As pessoas em casa, usando a maioria do tempo o pijama. Aí decidimos investir nisso. Eu estava sem emprego. Juntei o útil ao agradável”, detalha. O principal produto da loja também foi uma inspiração da pandemia, voltada ao tempo que as pessoas acabaram passando a mais em casa. “Na verdade eu tinha vontade de empreender. Ter algo meu. Atualmente com o avanço das plataformas digitais de e-commerce e as redes sociais eu e meu esposo resolvemos tomar a iniciativa. O porquê de ser pijamas? Fizemos uma pesquisa de mercado e hoje vimos a necessidade na nossa região de uma loja exclusiva para pijamas. Resolvemos buscar algo não só para usar na hora de dormir, mas em qualquer hora do dia. Nossos produtos são voltados não só para o dia, mas para qualquer hora. Buscamos qualidade, conforto e estilo como diferencial”, diz. De acordo com Arestides Bezerra, gerente adjunto da Agência do Sebrae em Arapiraca um dos primeiros passos para criar um negócio do zero é fazer como Amanda fez: realizar uma pesquisa de mercado. Bezerra explica que é fundamental que o empreendedor conheça as necessidades, as novidades, os concorrentes para tomar a decisão de começar. “O Sebrae orienta que as pessoas sempre que puderem façam uma análise do modelo de negócio. É importante que faça um plano: onde eu quero chegar, que público eu quero atingir, a viabilidade do negócio, os fornecedores, Por outro lado, a gente observa que as pessoas pela necessidade, acabam abrindo o negócio sem conhecer o mercado e correm risco de fechar por não conhecerem o potencial”, conta. Para os negócios que já começaram, a dica é identificar os pontos fracos e traçar metas para um melhor aproveitamento. Ouvir o cliente e se capacitar são outras dicas valiosas, segundo o especialista. “Para os que já começaram é importante avaliar a gestão, saber se as vendas podem melhorar, se pode melhorar o relacionamento com o cliente, porque o cliente é a chave e quanto mais próximo do cliente, indicando os produtos, melhor. A gente orienta a se capacitar, informação nunca é demais. Para quem tem colaborador, capacitar também para atender cada vez melhor os clientes. Será que estou calculando o preço do produto e serviço adequadamente, são vários fatores a se analisar, e o Sebrae pode ajudar, tem especialistas, consultoria”, acrescenta.