Cooperativas

'Cooperativismo é modelo de negócio em plena expansão'

Promovido pelo Sescoop nesta quinta e sexta em Maceió, 1º Fórum das Cooperativas Alagoanas visa qualificar, refletir sobre as soluções e construir o planejamento do cooperativismo para 2026

Por Valdirene Leão 11/09/2025 17h23 - Atualizado em 12/09/2025 08h39
'Cooperativismo é modelo de negócio em plena expansão'
Superintendente do Sescoop/AL, Adalberon Sá Júnior destacou o crescimento do cooperativismo durante o primeiro dia do Fórum das Cooperativas Alagoanas - Foto: Sandro Lima

O cooperativismo tem sido um modelo de negócio que cresce cada vez mais no Brasil e em Alagoas, disse o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo em Alagoas (Sescoop/AL), Adalberon Sá Júnior, durante o 1º Fórum das Cooperativas Alagoanas. O evento acontece nesta quinta-feira (11) e sexta-feira (12), no Hotel Best Western Premier, no bairro da Pajuçara, em Maceió, com o objetivo de qualificar, refletir sobre soluções e construir o planejamento do cooperativismo para 2026.

“Tudo isso para que o cooperativismo siga crescendo, não só em número de cooperativas, mas em qualidade dos produtos e serviços que são entregues pelas nossas cooperativas atuais”, salienta Adalberon.

Ele lembra que o cooperativismo é um negócio de propósito, presente em diversas áreas, mas que precisa gerar lucro. “Na saúde, no transporte, no jornalismo, no ramo agropecuário, no ramo de crédito, com uma diversidade de soluções para oferecer cada vez mais produtos e serviços para a sociedade, com o diferencial: onde tem uma cooperativa, tem gente reunida para fazer o melhor; tem gente reunida para mudar a vida das pessoas; tem propósito; tem forma diferente de governar aquele negócio; e tem, sobretudo, o interesse pela comunidade, pois a cooperativa é feita pelas pessoas daquela comunidade. Mas é preciso ter lucro. E lucro é o que nós chamamos de resultados, para todos que fazem parte, porque o cooperativismo também investe na própria comunidade.”

Modelo atual

Sobre os desafios e oportunidades do setor, Adalberon destaca que o cooperativismo nasceu há 180 anos, em um momento de crise, durante a Revolução Industrial, quando as pessoas estavam sendo substituídas por máquinas. “A organização das pessoas em torno de um coletivo é uma estratégia para enfrentar a crise. E a gente está vivendo o que estamos chamando de quarta revolução industrial. Agora, a revolução com a inteligência artificial, com novos modelos de negócio. Cada vez mais a gente vê notícias de quais profissões vão desaparecer com a inteligência artificial. Então, a gente está falando de um modelo que, apesar de 180 anos, continua extremamente atual. Porque é no momento de crise que as pessoas precisam perceber que, juntas, elas vão conseguir superar esses momentos com mais facilidade do que se elas forem enfrentar sozinhas.”

Adalberon Sá Júnior (Foto: Sandro Lima)

Em tempos de mudanças climáticas e aquecimento global, o cooperativismo mostra que é um modelo com compromisso social diferenciado, pois dialoga bem com a agenda ESG (do inglês Environmental, Social and Governance, que significa Ambiental, Social e Governança). “O interesse pela comunidade está na nossa carta de princípios. Os resultados das cooperativas são investidos em projetos na comunidade. Então, tem esse compromisso, além da governança, que já é um modelo próprio social, e um compromisso ambiental, que é justamente as boas práticas. E, dessa forma, garantir que os resultados sejam de crescimentos perenes e de forma sustentável, respeitando os desafios climáticos e ambientais. Só para a gente ter uma ideia, está na mão do cooperativismo brasileiro o maior percentual de reciclagem do Brasil: 90% de tudo que é reciclado — do pouco que é reciclado no Brasil — é feito por cooperativas. Só que, em Maceió, nós temos pelo menos cinco cooperativas de reciclagem. Além, é claro, das cooperativas de agricultura familiar, que são a grande maioria das nossas cooperativas aqui de Alagoas. Elas produzem de forma perene, sem agredir o meio ambiente, porque é dali que elas tiram o sustento da própria família.”

A interventora do Sescoop Alagoas e gerente-geral do Sescoop em Brasília, Carla Oliveira, afirma que o cooperativismo tem demonstrado muita força no estado. Ela destaca que o propósito do fórum é promover um espaço de diálogo, reflexões e construção. “Para que a gente possa olhar o nosso plano de trabalho de 2026 e atender às necessidades das cooperativas, porque o nosso foco é levar o desenvolvimento ao cooperativismo de todo o país e, obviamente, olhando aqui para o cenário de Alagoas. Nosso propósito é o de promover o desenvolvimento das cooperativas, melhorar o ambiente de negócio para que elas prosperem cada vez mais e conquistem cada vez mais espaço no mercado, mostrando o valor do cooperativismo e o seu impacto social.”

Interventora do Sescoop Alagoas e gerente-geral do Sescoop em Brasília, Carla Oliveira (Foto: Sandro Lima)

Ela acredita que ainda há muito espaço para o surgimento de novas cooperativas. “Espaço sempre existe, e o nosso foco principal é fortalecer aquelas cooperativas que já existem. Vocês viram ali, pelos números, a nossa proposta de atendimento a todas as cooperativas, mas, sim, também temos espaço para o surgimento de novas cooperativas, por meio de orientação, para que elas possam surgir de forma adequada, de forma que possam realmente, depois, tocar o seu negócio, em que a gente continue dando todo o suporte.”

Jorgraf

Também presente no evento, a Cooperativa dos Jornalistas e Gráficos de Alagoas (Jorgraf) esteve representada pelo presidente Paulo Gabriel e pelo diretor financeiro Flávio Peixoto.

Flávio destacou a importância do evento não apenas para compreender a relevância do modelo diante dos resultados no estado, mas também para que os gestores das cooperativas possam encontrar alternativas para o futuro. “Nós somos uma cooperativa de jornalistas e gráficos. Acredito que a nossa é uma experiência única no mundo, juntando essas duas categorias, e que nasceu lá atrás, há 18 anos, de uma empresa que, infelizmente, veio a fechar. Nós, hoje, geramos renda para mais de 100 famílias aqui em Alagoas e temos em torno de 60 cooperados. É fundamental participar aqui desse evento do Sescoop. Recentemente, eu fui convidado a participar de uma roda de conversa na Universidade Federal de Goiás, iniciativa de estudantes de Jornalismo, justamente para falar da nossa experiência. E, por isso, mais uma vez, eu repito que é fundamental mostrar essa iniciativa, essa experiência para os demais, para os outros estados, para os colegas de profissão, pois, diante dessa situação de mudança de plataforma de comunicação, de alterações no mercado que nós estamos vendo acontecer.”

Evento começou nesta quinta (11) e segue até sexta-feira (12) (Foto: Sandro Lima)

O presidente da Jorgraf, Paulo Gabriel, lembrou o papel do Sescoop de fomentar emprego e abrir mercados, destacando que o 1º Fórum das Cooperativas Alagoanas está alinhado a esse objetivo. “O encontro busca a diversificação das cooperativas para que elas, juntas, se organizem. Nós somos a tribuna independente, o jornal, o portal de notícias e as suas redes sociais. Então, nós e todas as outras cooperativas precisamos estar unidas. E esse é o momento de união das cooperativas nesse fórum. Eu sou defensor da economia liberal. Sou defensor da mão do Estado para chegar aonde o mercado não chega. A mão invisível do Estado tem que chegar. Em um país tão grande como o nosso Brasil, dá para chegar a todos os recantos e rincões do Brasil? Não dá. Então, surgiu uma grande ideia, importada da Europa: o sistema do cooperativismo, que exatamente vai chegar onde o mercado não chega, a mão do Estado não chega, mas chega o cooperativismo, a divisão do trabalho. Isso é o que é importante hoje: fazer com que o cooperativismo seja unido. Porque, nesse mercado transtornado que está aí, só tem um caminho: a união dos trabalhadores. E os trabalhadores estão junto com o cooperativismo. Esse é o caminho.”

Também presente no evento, Antonino Cardoso, presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares e dos Empreendimentos Solidários (Coopaíba), especialista em produtos à base de coco e localizada em Piaçabuçu, exaltou a importância econômica do cooperativismo em Alagoas. “Somos, hoje, oito ramos e contribuímos muito para a economia alagoana. Na minha visão, essa contribuição não é menos de R$ 1 bilhão. Nossa atuação vai do jornalismo ao taxista, vai do agricultor familiar ao auxiliar de enfermagem. Só de médicos são mais de 4 mil. No sistema de crédito, são mais de 70 mil. Na agricultura familiar, mais de 33 mil. Todos esses organizados sobre a matriz cooperativista. Então, precisamos nos organizar administrativamente e fiscalmente e mostrar o que o cooperativismo pode fazer na economia, no desenvolvimento do emprego, na geração de oportunidades. Nós somos uma boa parte da massa alagoana que ajuda Alagoas com mais um setor econômico.”