Cidades
Transferência para viveiro de aclimatação em Mosaico de Reservas do Rio Niquim aproxima Papagaios Chauás de retorno à vida livre
Etapa mais importante foi efetivada nesta segunda-feira (1) com a transferência dos animais
Daqui a cerca de quatro meses, 16 Papagaios Chauás poderão voltar à vida livre em Alagoas. A etapa mais importante para que isso aconteça foi efetivada nesta segunda-feira (1), com a transferência dos animais, que estavam em um viveiro na sede do Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA), em Rio Largo, para um viveiro de aclimatação construído dentro de uma área conhecida como Mosaico de Reservas do Rio Niquim, no limite entre os municípios de Barra de São Miguel, São Miguel dos Campos e Boca da Mata, com aproximadamente 700 hectares de vegetação nativa preservada.
A ação faz parte do Plano de Ação Estadual (PAE) do Papagaio Chauá, uma iniciativa do Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) com apoio de diversas entidades públicas, privadas, ONGs e universidades.
Promotor de Justiça da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, Alberto Fonseca acompanhou a transferência dos animais e ressaltou que os Papagaios Chauás, quando forem soltos, voltarão a cumprir seu papel no ecossistema.
“É com grata satisfação que hoje fizemos a translocação dessas aves e ressaltamos que, com atuação que envolveu vários órgãos na elaboração e execução do PAE, preparamos o contexto para que outras espécies possam ser reintroduzidas na natureza nesse local, a exemplo do Mutum-de-alagoas, Macuco, Papagaio-do-Mangue e jabutis. Esperamos transformar essa realidade e fazer com que os animais que antes havia aqui com abundância voltem a trazer os sons que estão silenciados nas matas”, defendeu.
Quem coordenou a translocação dos Chauás de um viveiro para o outro foi professor Luís Fábio Silveira, que é pesquisador responsável do Projeto Arca, curador das Coleções Ornitológicas do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) e uma referência nacional em estudo de aves.
“Nós hoje iniciamos uma segunda fase desse projeto, com esses oito casais, que serão avaliados periodicamente no novo viveiro até a soltura. Cabe destacar que as florestas do estado de Alagoas já perderam muito de sua fauna original, o que causa o empobrecimento da própria fauna e das relações ecológicas, as quais garantem qualidade da área e qualidade de vida. Então, trazer esses animais de volta é muito importante e faz parte de um grande projeto de refaunação, que é repovoar as matas de Alagoas com a sua fauna original”, detalhou o professor, que é um dos responsáveis pelo PAE do Papagaio Chauá.
A chegada das aves ao viveiro do Mosaico de Reservas do Rio Niquim também foi acompanhada por Luiz Carlos Jatobá, diretor agrícola do Grupo Luiz Jatobá, para quem é de grande importância que o setor sucroenergético abrace essa causa e trabalhe para que outros animais ameaçados sejam trazidos de volta para as matas.
Para Yuri Barbosa, coordenador ambiental da Usina Caeté, é de grande importância para a empresa fazer parte do PAE do Papagaio Chauá, visto que a empresa tem preocupação com ações ambientais e de sustentabilidade. “Um projeto de reintrodução de uma espécie ameaçada de extinção é muito importante e traz grandes benefícios para o meio ambiente”, acrescentou.
O Mosaico de Reservas do Rio Niquim é composto por três unidades de conservação, sendo uma do Grupo Luiz Jatobá, outra da Usina Caeté e outra da Usina Sumaúma. As unidades formam uma área contínua de mata, sendo essencial para garantir o ambiente adequado para reintrodução dos papagaios.
A primeira soltura de Papagaios Chauás como ação do PAE ocorreu na reserva da Usina Utinga. A segunda foi em janeiro deste ano, em uma reserva de Mata Atlântica do Litoral Sul, no município de Coruripe, de propriedade da Usina Coruripe. No Mosaico do Niquim, após o período de aclimatação, será a terceira soltura.
O PAE do Papagaio Chauá é uma parceria entre: Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL), Ministério Público Federal (MPF), Projeto Arca do CEP, Museu de Zoologia da USP, Fundação Lymington, Instituto para o Desenvolvimento Social e Ecológico (Idese), Pan Aves Mata Atlântica, Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Instituto para a Criação e Conservação da Fauna (ICEFau), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL), Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA), Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Usina Coruripe, Usina Utinga, Usina Caeté, Sérgio Polezel Criadouro, Grupo Luiz Jatobá e Usina Sumaúma.
Situação atual em Alagoas
A espécie foi coletada em Alagoas na década de 1950, e era comum no estado. Entretanto, o desmatamento e a captura das aves para o comércio ilegal e local de animais silvestres fez com que o Chauá fosse funcionalmente extinto. As últimas aves foram registradas no mosaico de RPPNs do Niquim, área de mata com aproximadamente 1.000 hectares.
Descrita por Tommaso Salvadori em 1890, estes papagaios medem aproximadamente 40 cm de comprimento total e possuem a plumagem da região cefálica bastante variável, cujo padrão e combinação de cores permite que os indivíduos possam ser reconhecidos individualmente, tal qual uma impressão digital.
A base da maxila é vermelha ou avermelhada, o que contrasta com a plumagem da cabeça, que apresenta tons e extensão variável de vermelho, amarelo, verde e azul. O espelho e a cauda apresentam a coloração vermelha, que chama bastante a atenção quando as aves voam. O restante da plumagem é verde, que pode ser claro ou escuro, dependendo da região corporal.
São aves que vivem em bandos e podem ultrapassar os cem indivíduos voando juntos. Costumam se reunir ao fim do dia em dormitórios coletivos, sempre em árvores altas, onde ficam mais protegidas. Apesar de serem observadas em grupos, formam casais bastante coesos.
Habitam preferencialmente florestas primárias, onde encontram alimento e locais para construírem seus ninhos, embora possam explorar também florestas secundárias e até mesmo quintais ou áreas residenciais próximas das florestas onde vivem. Possuem excelente capacidade de voo, percorrendo grandes distâncias.
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