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Ministério Público garante primeiros Mutuns-de-alagoas para soltura por meio do 'Projeto 50 Casais'

Por Dicom MP/AL 28/11/2025 10h18
Ministério Público garante primeiros Mutuns-de-alagoas para soltura por meio do 'Projeto 50 Casais'
Disponibilização dos seis primeiros animais para uma possível soltura ainda este ano foi confirmada ao promotor de Justiça Alberto Fonseca pela CRAX Brasil - Foto: Dicom MP/AL

Seis exemplares da espécie Mutum-de-alagoas poderão ser trazidos ao estado e soltos em uma unidade de conservação ainda este ano. A medida faz parte do “Projeto 50 Casais”, de iniciativa do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) como um desdobramento do Plano de Ação Estadual (PAE) do Mutum-de-alagoas e pretende manter, no mínimo, 50 casais da espécie como matrizes em cativeiro, enquanto suas crias, quando em condições adequadas, sejam trazidas para soltura na natureza.

A disponibilização dos seis primeiros animais para uma possível soltura ainda este ano, como resultado do Projeto 50 Casais, foi confirmada ao promotor de Justiça Alberto Fonseca, titular da 4ª Promotoria de Justiça da Capital (Defesa do Meio Ambiente), durante visita que ele realizou à sede da Sociedade de Pesquisa da Fauna Silvestre (CRAX Brasil), situada na cidade de Contagem, em Minas Gerais.

A CRAX Brasil, além de ser uma das instituições integrantes do Plano de Ação Estadual (PAE) do Mutum-de-alagoas, é um dos parceiros do Projeto 50 Casais, ao lado do Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA) e da Nacional Gás, empresa do Grupo Edson Queiroz, que possui um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPAL, por meio do qual também apoia a iniciativa.

“Estamos nos organizando para que possamos fazer essa soltura em uma unidade de conservação da região Sul, em Coruripe, ainda este ano. A CRAX tem toda a expertise com esses animais, com o manejo adequado, para que consiga fazer a reprodução em cativeiro. Assim, teremos filhotes que, na idade certa, poderão ser soltos na natureza, aqui em Alagoas, ou também se tornarem novas matrizes”, explicou Alberto Fonseca.

De acordo com Roberto Azeredo, um dos diretores e fundadores da CRAX Brasil, o Mutum-de-alagoas não é uma ave de fácil reprodução em cativeiro, no entanto, a instituição, com o manejo adequado, vem tendo resultados positivos. Ele frisou que, desde a década de 1970 até agora, várias ações foram realizadas para evitar a extinção total do Mutum-de-alagoas.

“Eu sou um representante do Pedro Nardeli, que foi visionário e resgatou as últimas aves ainda existentes em Alagoas, para que um dia elas pudessem ser devolvidas à natureza. Durante cerca de 20 anos ele manteve esse trabalho, e depois transferiu as aves para dois criadouros, um deles sendo a CRAX Brasil, onde aqui aprimoramos a técnica de reprodução. Conseguimos aumentar a população, e por isso estamos nos aproximando de ter os 50 casais prontos para reprodução”, detalhou.

Azeredo também acrescentou que a espécie reproduz em média dois filhotes por ano por casal. “Nossa meta é levar muitos animais para vida livre em Alagoas. Esperemos resolver o problema da ameaça de extinção que a espécie vem passando”, adicionou.

“A soltura dos Mutuns-de-alagoas, espécie que estava extinta na natureza aqui no estado, faz parte de um grande programa de refaunação do MPAL e integra o seu Planejamento Estratégico. Para que dê certo, temos em paralelo o Pró-Reservas, que estimula a criação de unidades de conservação em propriedades privadas, especialmente as RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural)”, detalhou o promotor de Justiça Alberto Fonseca.

Ele explicou ainda que três dessas unidades, na região da Zona da Mata, são trabalhadas em Alagoas com foco na soltura de espécies ameaçadas, incluindo o Mutum. “São locais que servem de modelo para conservação da biodiversidade, que é conservar o que ainda existe em vida livre e trazer de volta outros exemplares de espécies ameaçadas ou já extintas, como o Mutum”, salientou.

São também parceiros da conservação ex situ do Mutum-de-alagoas o Instituto para Criação e Conservação da Fauna (ICFau) e o Zoo das Aves, ambos com trabalhos focados em etologia, isto é, em estudo do comportamento animal, contribuindo com o manejo e a reintrodução do Mutum.