Cidades

Porto de Pedras: laudo da Ufal revela presença de substâncias tóxicas na água do Rio Tatuamunha

Estudo aponta dois herbicidas usados em plantações agrícolas, mas outros fatores podem ter contribuído para mortes

Por Lucas França com Tribuna Hoje 02/09/2025 12h03 - Atualizado em 02/09/2025 17h25
Porto de Pedras: laudo da Ufal revela presença de substâncias tóxicas na água do Rio Tatuamunha
Peixe-boi - Foto: Reprodução

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) divulgou o resultado da análise da água do Rio Tatuamunha, em Porto de Pedras, Litoral  Norte de Alagoas,  onde dois peixes-boi, Netuno e Paty, morreram, e um terceiro, Assú, ficou doente. De acordo com o laudo da instituição, foram identificadas duas substâncias tóxicas na água, porém, os pesquisadores afirmam que essas substâncias, isoladamente, não seriam suficientes para causar a morte dos animais.

O professor Emerson Soares, que coordenou a pesquisa, explicou que foram analisados diversos parâmetros da água, como físico-químicos, microbiológicos, microalgas tóxicas, contaminantes emergentes e agroquímicos. Ao todo, 110 compostos foram avaliados, e dois herbicidas, comuns em cultivos agrícolas, foram encontrados em concentrações elevadas. No entanto, Soares acredita que esses compostos, embora possam ter causado algum dano aos animais, não foram responsáveis pela morte.

"Acreditamos que o aumento nos níveis dessas substâncias pode ter prejudicado a saúde dos peixes-boi, mas não as mataram diretamente", afirmou o professor.

Além disso, os exames de sangue realizados nos animais mortos revelaram uma diminuição anormal nas plaquetas e leucócitos, sugerindo um comprometimento imunológico, o que pode indicar outra possível causa do óbito.

O ICMBio, órgão responsável pela gestão da fauna brasileira, também está investigando o caso. De acordo com a instituição, a morte dos peixes-boi pode ser o resultado de uma combinação de fatores ambientais e patológicos, ainda em processo de apuração.

Enquanto as investigações seguem, o peixe-boi Assú, o único sobrevivente, permanece em monitoramento na área de conservação de Itamaracá, em Pernambuco. Como medida preventiva, o recinto que serve de berçário para esses animais está temporariamente desativado.

As autoridades ambientais reforçam a importância de um monitoramento contínuo da qualidade da água e alertam para os possíveis impactos de práticas agrícolas em áreas de preservação ambiental. O caso é um alerta sobre os riscos que substâncias químicas podem representar para a fauna local.