Cidades
Comerciantes torcem por revitalização de terreno do antigo Bompreço
Segunda reportagem da Tribuna Independente sobre o abandonado imóvel que pertencia ao tradicional hipermercado no Centro de Maceió mostra o ponto de vista dos empresários com negócios no entorno

A Tribuna traz à baila, esta semana, a repercussão sobre as tratativas para uma possível negociação da revitalização de um dos trechos mais movimentados de Maceió entre os anos 1980 até o ano de 2015 – o espaço onde situava-se o hipermercado Hiper Bompreço, na Avenida Buarque de Macedo, no bairro do Centro.
Nesta segunda reportagem sobre o assunto, foram ouvidos personagens que conhecem bem o espaço e o seu entorno, e que trazem suas considerações sobre essa possível negociação. De modo geral, há nos personagens ouvidos pela Tribuna a esperança de que a área volte a pulsar em movimento e que se torne atração de investimentos, movimentação e, sobretudo, sinalização de um ponto de recomeço para o Centro da cidade, embora ainda não haja anúncio oficial sobre o que será instalado no espaço.
Depois do fechamento do Hiper, toda a área em torno da loja entrou em profunda decadência, dando lugar ao abandono, lixo, pessoas em situação de rua e ao breu, principalmente no período noturno, como revelou a reportagem na primeira reportagem.
Empresário e proprietário de alguns imóveis comerciais defronte e ao redor do antigo Hiper Bompreço, Rafael Gama, 61 anos, é um dos poucos heróis da resistência a manter seu ponto comercial depois do fechamento da hiperloja. E falou à Tribuna, com a autoridade de quem viu nascer a efervescência do local há 41 anos: “Cheguei aqui em 1984, quando o Bompreço se instalou aqui e praticamente não existia nada, nada de supermercado. E só existiam residências, mas com a chegada do Bompreço as coisas foram evoluindo, embora acanhadamente, porque o estabelecimento só tinha umas portinhas e só existia uma escada rolante, o que era uma novidade para quem frequentava e também não tinha ar condicionado, só um janelão que ventilava muito bem”, conta o comerciante que é proprietário de uma loja de parafusos.

“O fato é que o fluxo de pessoas que vinham trabalhar no centro foi aumentando, porque as pessoas costumavam fazer suas compras aqui para ir para casa: era o pão, era a feira quinzenal, semanal ou mensal, até porque supermercado antigamente quase que não existia, né?”, conta Rafael Gama.
“E aí depois veio o Magazine, e foi aí que as coisas evoluíram também para a modernização do local com a instalação, inclusive, de um grande restaurante, e aí foi que circulou gente por aqui porque essa área se tornou uma referência para Maceió, referência de compras e de circulação de gente”, diz o empresário.
Sobre a possibilidade de requalificação do local, Rafael se diz esperançoso e torce para que as especulações se tornem fatos reais: “Rapaz, não é a primeira vez que falam sobre isso, então espero que desta vez o governo do Estado ‘compre’ realmente essa ideia, porque depois do fechamento do local mais de noventa por cento dos comerciantes fecharam suas portas e tudo se tornou um ambiente degradante”, completa Rafael Gama.
MEDO, ASSALTOS, MAS SURGE UMA ESPERANÇA
Funcionário de uma loja de móveis instalada há 40 anos em frente à linha de VLT, na Rua Buarque de Macedo, contíguo ao antigo Hiper Magazine, Samuel da Silva, 44 anos, também reacende a esperança de que a área seja revitalizada. “Trabalho aqui há seis anos e este estabelecimento já foi assaltado e arrombado tanto que meu patrão já perdeu a conta. Para se ter uma ideia, ele já me libera às 5 horas da tarde, porque depois isso aqui parece um cemitério”, conta Samuel, que trabalha como auxiliar de marceneiro, ao opinar depois de saber que existe a possibilidade de o local ser reativado. “Meu Deus, seria um milagre maravilhoso, a melhor notícia que os comerciantes e os moradores daqui podiam ter”, diz Samuel.

Para o advogado Luiz Cláudio Alexandre dos Santos, que trabalhou por mais de uma década na sede da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) — localizada a poucos metros do imóvel — o fechamento do hipermercado representou uma ruptura no que era até então um dos eixos comerciais mais movimentados da capital.
“A loja era uma espécie de âncora econômica daquela parte da cidade. Seu funcionamento garantia movimento, circulação de pessoas e segurança natural à área. Com o fechamento, começou um ciclo vicioso: menos comércio, menos pessoas, mais insegurança, mais fechamento”, analisa Luiz Cláudio.

Segundo ele, a mudança no perfil dos estabelecimentos e a migração de negócios para centros de compras fechados, como os shoppings, aceleraram esse processo:
“No início, o fechamento é até uma escolha racional dos comerciantes diante da insegurança nas ruas. Mas o resultado é o agravamento da própria insegurança, que se retroalimenta da decadência urbana”, conclui.
“QUEM SABE UMA NOVA VIDA URBANA", DIZ EX-VEREADOR
O jornalista e historiador, Edberto Ticianeli, que já foi vereador na capital nos anos 1980 - época de efervescência do local – dá seu parecer com experiência de quem já conviveu como personagem ativo da vida urbana da cidade de Maceió. “Sei que os urbanistas da Prefeitura de Maceió apresentaram um projeto de requalificação do Centro de Maceió. Não conheço os detalhes dele, mas vi que há um componente de incentivo ao uso residencial ou misto, com a atração de novos moradores”, dia Ticianeli.

“Com as limitações de quem foi apenas relator do Plano Diretor de Maceió, em 1985, quando vereador, vejo como acertada essa política. O exemplo de Jaraguá também serve de alerta. Muitas das chamadas revitalizações pecam por esquecerem desse aspecto fundamental, no meu modo de ver, tem que ter gente morando no lugar para que ele ganhe uma nova vida urbana. Pensado assim, avalio que a área do antigo Bom Preço pode muito bem receber edificações para moradia e para comércios e serviços nos primeiros andares”, conclui o ex-vereador.
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