Cidades

Amigos cobram respostas sobre morte de Polly em clínica de reabilitação

Grupo denuncia más condições, suspeita de negligência e pede justiça para que outras vidas não sejam perdidas

Por Tribuna Hoje 12/08/2025 15h26 - Atualizado em 12/08/2025 21h56
Amigos cobram respostas sobre morte de Polly em clínica de reabilitação
Amigos de Polly usam camisetas personalizadas em protesto, cobrando explicações sobre sua morte - Foto: Edilson Omena

A morte de Cláudia Pollyanne Farias de Sant Anna, de 41 anos, continua cercada de dor, dúvidas e revolta. Conhecida como Polly, ela faleceu no último sábado (9) dentro da Clínica Terapêutica Luz e Vida, em Marechal Deodoro, onde estava internada há cerca de 15 meses para tratamento de dependência química.

Amigos de longa data estiveram na redação da Tribuna Independente para denunciar o que consideram um caso grave de negligência e más condições na instituição. Segundo eles, Polly não fazia uso de drogas quando foi internada e, ainda assim, permaneceu mais tempo que o previsto no local, que, de acordo com relatos, não tinha estrutura adequada e mantinha homens e mulheres juntos em espaço reduzido, com alimentação precária.

“Ela entrou para se recuperar e saiu em um caixão. Isso não é admissível. Um lugar onde você busca saúde não pode ser o mesmo onde perde a vida”, lamentou Maria Tereza, amiga de infância de Polly. Ela contou que a esteticista havia mudado de vida após a maternidade, se dedicando à filha e à carreira, e que a internação deveria ter sido temporária.

Fotos e vídeos obtidos pelo grupo mostram que Polly tinha hematomas pelo corpo. Segundo informações repassadas pelos amigos, ela chegou à UPA de Marechal Deodoro já sem vida há pelo menos quatro horas, o que contradiz a versão de que teria recebido atendimento de emergência.

Histórico de irregularidades

O caso ganha ainda mais gravidade diante do histórico dos proprietários da Luz e Vida. O casal que administra a clínica já respondeu a processo por irregularidades em outra instituição que mantinham em São Paulo.

De acordo com denúncia à época, a clínica paulista impedia contato telefônico e visitas de familiares sob o argumento de que o afastamento seria parte do tratamento contra a dependência química. Além disso, cobrava mensalidades em torno de R$ 850,00, mais R$ 100,00 para condução a atendimentos médicos e R$ 80,00 para despesas de lavanderia.

As acusações incluíam notícias de maus-tratos, restrição alimentar, fornecimento de alimentos estragados, uso excessivo de medicamentos sem prescrição médica, abusos psicológicos e ameaças para que os internos não denunciassem o que acontecia no local.

Na ocasião, uma inspeção da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Pessoal da Prefeitura de Jarinu, acompanhada da Vigilância Sanitária, constatou superlotação, ambiente insalubre, falta de higiene, ausência de medidas de prevenção à Covid-19, ausência de acessibilidade para idosos e pessoas com deficiência, além de diversos outros problemas.

Durante a fiscalização, internos relataram agressões físicas e psicológicas, castigos, alimentação insuficiente e condições precárias de higiene. A vistoria resultou na lavratura de um auto de imposição de penalidade e aviso de interdição a partir de 7 de fevereiro, devido à falta de licença para funcionamento e outras irregularidades.

Pedido por justiça

Os amigos de Polly afirmam que o caso não é apenas sobre a sua morte, mas sobre a proteção de quem ainda está internado na clínica. “Muitas famílias acreditam que seus parentes estão em um bom lugar, mas talvez não estejam sendo cuidados. Queremos justiça para evitar que outras pessoas passem pelo que ela passou”, declarou Rodrigo, um dos integrantes do grupo.

O Boletim de Ocorrência já foi registrado, e o grupo cobra investigações rápidas por parte da Justiça, do Ministério Público e das autoridades policiais. Enquanto aguardam o laudo do Instituto Médico Legal (IML), eles seguem pedindo explicações sobre o que aconteceu nas últimas horas de vida de Polly — e por que um tratamento para salvar acabou em tragédia.