Cidades
Sem fiscalização, número de acidentes náuticos em Alagoas sobe
Marinha não revela efetivo usado no trabalho e irregularidades nas embarcações ficam mais frequentes

Os acidentes com embarcações em águas alagoanas, sejam marinhas, fluviais ou lagunares, estão se tornando mais frequentes e assustando nativos e turistas. Alguns, inclusive, foram a óbito enquanto conheciam, longe da terra firme, os encantos de Alagoas, estado conhecido como paraíso das águas.
É da Marinha do Brasil a responsabilidade de atuar em toda a jurisdição do estado. São 230 quilômetros de litoral e 240 quilômetros de Rio São Francisco. Em Alagoas, a Marinha está representada pela Capitania dos Portos que assegurou ter número suficiente de militares para garantir a segurança dos navegantes, sejam passageiros ou tripulantes. Embora, não tenha informado o corpo militar em dados numéricos, a Capitania dos Portos afiançou que com um planejamento minucioso é possível dar mais atenção aos locais de maior concentração de embarcações.
A mais recente investigação da Marinha é sobre o acidente ocorrido no último dia 29 de março, na Praia do Gunga, no município de Roteiro, que vitimou fatalmente o menino Tomás Maya, de apenas cinco anos de idade. No sinistro, seu pai foi gravemente ferido. Eles estavam na água, quando uma lancha, em marcha ré, os atingiu em cheio.
Foi instaurado um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do ocorrido. Passadas duas semanas do acidente, a Capitania dos Portos não adiantou detalhes da investigação.
No último dia 16 de março, oito pessoas, sendo quatro homens e quatros mulheres foram regatadas de um barco à deriva na Lagoa Mundaú, após a embarcação apresentar problemas.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e quatro militares foram encaminhados para a realização do salvamento. O grupo foi retirado do barco com segurança.
Conforme dados repassados pelo Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, no ano passado, foram atendidas 50 vítimas, sendo uma fatal. No dia 13 de dezembro de 2014, um catamarã naufragou em Maragogi, com 47 passageiros e três tripulantes a bordo. Todos foram resgatados, incluindo um senhor de 76 anos, que foi encontrado com parada cardiorrespiratória e afogamento de grau 6, sendo imediatamente encaminhado para uma unidade de saúde. Era o empresário Silvio Bispo Romão, de 76 anos, que acabou falecendo.
Testemunhas relataram que a embarcação começou a ser invadida pela água do mar. Houve um tumulto entre os passageiros e muitos se deslocaram para a mesma borda do barco, acelerando o naufrágio. Muitas pessoas pularam na água. O barco virou e todos acabaram arremessados para o mar.
O naufrágio ocorreu na região da Praia de Barra Grande, a cerca de três quilômetros da costa. O local é famoso por piscinas naturais, com águas transparentes e tranquilas e muitos peixes, que se formam quando a maré está baixa.
As características e belas paisagens marinhas com tons que vão do azul cristalino ao verde água fazem a região ser chamada de “Caribe brasileiro”.
Maragogi fica a cerca de 130 quilômetros da capital Maceió. O município é um dos principais destinos do Estado nesta época do ano.
A quantidade de acidentes com embarcações pode estar subnotificada, assim como a de vítimas resgatadas uma vez que o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas explicou que nem todo acidente resulta em chamado de socorro. A central registra apenas as ocorrências para as quais foi acionada.
Os números de acidentes também não são maiores devido às características dos passeios feitos em águas alagoanas.
Bombeiros atuam no salvamento das vítimas
Em 2024, um acidente com embarcação foi registrado na noite do dia 26 de dezembro, na praia de Ponta Verde, no bairro que recebe o mesmo nome, localizado na capital. Foram 12 vítimas. Todas resgatadas. Os passageiros estavam voltando de um passeio às piscinas naturais.
Antes mesmo da chegada dos militares, uma outra embarcação ajudou no socorro aos náufragos. Os bombeiros realizaram buscas na água para garantir que não havia outras vítimas. Foram acionados 15 militares para a operação.
Uma das vítimas, uma mulher de 25 anos, sofreu um afogamento de grau 3 (o que significa que ela precisou de oxigênio e atendimento imediato porque a quantidade de água ingerida podia causar danos a alguns órgãos) após bater a cabeça. Prontamente atendida pela equipe de resgate, ela foi conduzida pela USB-01 do Samu para cuidados médicos especializados. O jangadeiro, que não tinha habilitação, fugiu, após a embarcação naufragar.

Segundo a delegada Luci Mônica, o jangadeiro poderá responder por omissão de socorro e lesão corporal. Em depoimento, uma testemunha afirmou que o condutor havia ingerido bebida alcoólica antes de embarcar e que ele foi alertado a não fazer o passeio.
De acordo com a polícia, a jangada teria entrado dentro de um canal em uma posição contrária, quando deveria ter entrado de frente, e que isso pode ter causado o acidente.
O passeio noturno até as piscinas naturais, chamado de “banho de lua”, atrai muita gente até as praias de Ponta Verde e Pajuçara, de onde saem catamarãs e jangadas. A atração fica a cerca de um quilômetro da costa, em locais cercados por recifes de corais que formam piscinas na maré baixa.
O Corpo de Bombeiros listou algumas dicas para que as pessoas possam adotar em casos de acidente náutico. A principal é sempre usar coletes salva-vidas ao embarcar.
Marinha diz estar preparada para alcançar todo o litoral alagoano
A Capitania dos Portos de Alagoas afirmou que as fiscalizações são programadas para alcançar todo o litoral do Estado, rios e lagoas, com ênfase em locais de maior concentração de embarcações.
Vez ou outra é possível avistar em pequenos barcos e em grupos de quatro ou cinco militares da Marinha rodando pelas praias e lagoas realizando inspeções de rotina.
Nas rondas, os militares observam aspectos como habilitação do condutor e da embarcação, itens de segurança, número de tripulantes, manutenção.
A Marinha garantiu que são fiscalizadas as carteiras de habilitação, coletes, extintor de incêndio. Diante de alguma irregularidade, como por exemplo, falta de coletes ou excesso de passageiros, a embarcação recebe ordens para encostar.

Conforme a Marinha, atividades do tipo acontecem semanalmente, em dias aleatórios e também em todos os finais de semana e feriados. Na fiscalização são verificadas condições gerais da embarcação, documentação das mesmas, habilitação do tripulante, material de salvatagem (coletes e boias salva-vidas), extintor de incêndio, dentre outros.
No que diz respeito ao transporte de passageiros, as regiões mais requisitadas são Maragogi, Japaratinga, Paripueira e a praia de Pajuçara. Já os veículos de esporte e recreio costumam ser mais comuns na Prainha, Praia do Saco e Barra de São Miguel. A maior irregularidade encontrada é sempre a falta da documentação necessária: habilitação do piloto e inscrição do barco.
Estar com a habilitação é de fundamental importância. Pessoas habilitadas que não estejam portando o documento são consideradas desabilitadas.
Catamarã vira e turistas acabam morrendo em Maragogi
Em julho de 2019, um catamarã naufragou em Maragogi. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as idosas Maria de Fátima Façanha da Silva, 65, e Lucimar Gomes da Silva, 69, ambas turistas, faleceram no acidente. Outras duas pessoas precisaram de atendimento médico.
As investigações mostraram que o proprietário do catamarã não tinha autorização para transportar passageiros, e que já havia sido autuado por realizar passeios clandestinos.
Ainda de acordo os bombeiros, o catamarã naufragou após colidir contra uma pedra em uma área conhecida como “Buraco”, distante cerca de 3 quilômetros da costa. A tragédia poderia ter tomado proporções ainda maiores uma vez que havia cerca de 60 pessoas na embarcação.
Ao ser acionada, a Marinha enviou uma equipe de Inspeção Naval da Capitania dos Portos de Alagoas para iniciar as diligências.
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