Cidades

Alagoas tem 444 casos de violência contra mulher este ano

Dados preocupam órgão de segurança às vésperas do Dia Internacional da Mulher

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 07/03/2025 09h08 - Atualizado em 07/03/2025 10h01
Alagoas tem 444 casos de violência contra mulher este ano
Centenas de mulheres são vítimas de violência, todos os meses, em Alagoas, apesar da legislação mais rigorosa para punir seus agressores - Foto: MPAL

A Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL) afirmou que, durante os dois primeiros meses deste ano, foram registrados 444 casos de violência doméstica contra a mulher. Durante todo o ano passado, esse número alcançou 2.602 registros. Em termos proporcionais, janeiro e fevereiro deste ano, somaram 20 casos a mais se comparados aos dois primeiros meses do ano passado.

As estatísticas coletadas junto à polícia e aos órgãos de proteção e defesa da mulher mostram que todos os indicadores de violência doméstica cresceram em Alagoas. Os números preocupam as autoridades e abrem um parêntese nas comemorações alusivas ao Dia Internacional da Mulher, neste sábado, dia 08 de março.

Cerca de 13 mulheres recebem, em média, por dia, medida protetiva do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) em uma tentativa de seguir suas vidas longe do agressor que a vitimou com violência doméstica.

Nos dois primeiros meses de 2025, o TJ/AL emitiu 861 medidas protetivas a mulheres vítimas de violência doméstica. Em todo o ano passado, foram concedidas 4.568 medidas protetivas. O número é bastante superior ao total de medidas expedidas em 2023, quando 3.869 mulheres precisaram de medida protetiva do poder judiciário para tentar se livrar da violência praticada por seus companheiros.

A auxiliar administrativa M.G.A.P, de 38 anos, foi uma das mulheres a engrossar esse quantitativo. E para não virar mais um algarismo nas estatísticas ela venceu a barreira do medo e procurou a Delegacia da Mulher.

“Meu ex-companheiro era uma pessoa muito gentil na frente dos outros. Mostrava ser carinhoso comigo. Ao chegar em casa, quando estávamos apenas eu e ele, as agressões começavam. Do nada e por nada. Dos primeiros gritos, aos xingamentos até chegar na primeira surra foram poucas semanas”, desabafou.

Requerimentos
Delegada destaca aumento de 24% nas medidas protetivas

A delegada Ana Luiza Nogueira coordena as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher e destacou como dado estatístico relevante em 2024, o aumento de 24% no requerimento de medidas protetivas de urgência em comparação com o ano de 2023.

“Esse indicador é relevante porque demonstra que as mulheres estão mais confiantes nos órgãos de segurança pública e a sociedade em geral está menos tolerante à violência doméstica e familiar. Porque se formos pensar, a violência contra a mulher sempre existiu, às vezes em maior ou menor intensidade. Porém, o que tem ocorrido com muito mais frequência é a notificação, é o registro do boletim de ocorrência por parte das vítimas. Outro dado relevante é que dos crimes de maior incidência em Alagoas, de acordo com dados fornecidos pela sessão de Estatística e Análise Criminal da Polícia Civil, o crime que aconteceu com maior incidência foi o de ameaça, seguido da lesão corporal e, em terceiro lugar, a injúria”, destacou.

Para a delegada, as mulheres estão rompendo o ciclo da violência uma vez que, durante muito tempo, o crime que aparecia com maior incidência era a lesão corporal.