Cidades

Pai diz que a filha oferecia com frequência açaí para a mãe até o envenenamento

Por Tribuna Hoje com assessoria MPAL 25/02/2025 12h10
Pai diz que a filha oferecia com frequência açaí para a mãe até o envenenamento
Promotor Antônio Vilas Boas diz que ré nega envolvimento na morte dos filhos, embora exames tenham indicado choque séptico e broncoaspiração - Foto: MPAL

O julgamento da acusada identificada pelo prenome Suzana, de tentar matar a própria mãe envenenada com um açaí, Silvânia Maria Sabino da Silva, ocorre nesta terça-feira (25), no salão da 7ª Vara Criminal, no Fórum do Barro Duro, em Maceió. 

O primeiro a depor foi o pai da ré e esposo da vítima. Ele relatou que a filha frequentemente oferecia açaí para a mãe, como forma de ganhar sua confiança, até que finalmente deu o alimento envenenado. "Minha esposa havia mencionado denunciá-la caso descobrisse que ela tinha matado seus dois netos, filhos de Suzana. Após uma discussão intensa, a tentativa de homicídio ocorreu", frisou.

A primeira morte suspeita foi da menina Kyara Kethelen, de 1 ano, em 2016. Em 2021, o filho mais velho, Ícaro Kaique, de 3 anos, também morreu em circunstâncias suspeitas. Meses depois, a mãe da mulher foi socorrida em estado grave e levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde os médicos desconfiaram do envenenamento.

Kyara Kethelen, de 1 ano, morta em 2016 e Ícaro Kaique, de 3 anos, morto em 2021





A Polícia Civil já vinha investigando as mortes e solicitou à Justiça a prisão preventiva da mulher, que era considerada foragida. Ela foi registrar um Boletim de Ocorrência e, quando consultaram a identidade dela no sistema, os policiais descobriram o mandado em aberto.

O pai ainda revelou que a própria filha ligou para ele após o crime, informando que a mãe estava passando mal e que havia sofrido uma parada cardíaca. No Hospital Geral do Estado (HGE), o laudo confirmou o envenenamento. 

Para ele, a tentativa de assassinato teve a intenção de silenciar a mãe. "Graças a Deus ela não está aqui, pois não consigo olhar para ela, excelência. Me desculpe, se aqui ela estivesse eu não responderia por mim", desabafou.

Ele também contou que a filha oferecia passaporte para ele e alertou a esposa para que não aceitasse alimentos dados por Suzana após a morte de seus netos.

Avó materna 

Embora não fosse testemunha, a avó de Suzana foi ouvida como declarante. Em meio ao choro, lembrou que Silvânia era uma mulher ativa, professora, e trabalhava nos três horários. Ela disse não entender como a filha foi capaz de tentar matá-la. Também afirmou que, logo após o crime, Suzana desapareceu e usou os cartões dos pais para contrair dívidas, inclusive com agiotas.

A investigação sobre os netos

A família acredita que Suzana também seja responsável pela morte de seus filhos, que passaram mal e faleceram após ingerirem balas e outros alimentos dados por ela. A irmã da ré revelou que, três semanas depois do crime contra a mãe, recebeu uma ligação de Suzana: "Eu me arrependo de tudo que fiz, mas agora não tem mais jeito". No entanto, ela não especificou o que teria feito".

O testemunho da cunhada

A cunhada de Silvânia afirmou que a ré sempre recebeu apoio dos pais. O pai, pedreiro, se esforçava para pagar sua faculdade de Engenharia, mas descobriu que ela não quitava as mensalidades.

Desesperada, a tia de Silvânia pediu justiça: "Pelo amor de Deus, ela precisa ficar presa o máximo que puder para que sua filha tenha direito a crescer, ao contrário dos outros que não tiveram essa chance". A filha de Suzana completa dois anos em abril e atualmente é cuidada pela avó materna e por uma tia de 18 anos.

A confissão

No tribunal, Suzana se manteve em silêncio diante da acusação. No entanto, ao ser questionada por sua defensora, admitiu: "Sim, tentei, mas já estou arrependida". O juiz determinou que sua imagem não fosse divulgada.

O impacto do crime

Durante o julgamento, a promotoria destacou a frieza da filha. O promotor Antônio Vilas Boas exibiu um vídeo da oitiva da ré na delegacia, no qual ela nega envolvimento na morte dos filhos, embora exames tenham indicado choque séptico e broncoaspiração em uma das crianças. A investigação revelou que Suzana pesquisou na internet como envenenar sem deixar vestígios, sugerindo premeditação.

O laudo apontou intoxicação por inseticidas. "Ela não tem nenhum problema mental. O que ela sofre é de analgesia moral (expressão usada para se referir à insistência em cometer crimes)", enfatizou o promotor. E finalizou: "Nos veremos em breve no julgamento da morte de seus filhos".