Cidades
Consciência Negra: população preta e parda ainda sofre com desigualdades, aponta Censo 2022
Pardos e pretos têm menores índices de alfabetização; quilombolas também enfrentam desafios
O Dia da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, é um marco significativo para o reconhecimento da contribuição histórica dessa população na formação do Brasil. Tendo Zumbi dos Palmares como símbolo de resistência, essa data também se apresenta como uma ocasião propícia para examinar, à luz dos dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a realidade social, econômica e cultural dessa parcela essencial da sociedade brasileira.
No Brasil, mais da metade da população (55,51%) se identifica como preta ou parda. Em Alagoas, esse percentual alcança quase 70% dos habitantes do estado, sendo 60,3% autodeclarados pardos e 9,5% autodeclarados pretos durante o Censo 2022. Esse número abarca um contingente de mais de 2,18 milhões de pessoas. A representatividade, no entanto, contrasta com os indicadores sociais e econômicos, que continuam a revelar barreiras significativas para a inclusão plena da população negra.
Segundo dados do IBGE, a população preta e parda alcança menores índices de instrução em Alagoas. Os autodeclarados pretos têm a menor taxa de alfabetização do estado: apenas 76,5% dessa população de 15 anos ou mais sabe ler e escrever. Indígenas, por sua vez, alcançam 80%. Entre pardos, o percentual de alfabetizados sobe para 81,8%. A comparação com os índices de alfabetização de amarelos (87,6%) e brancos (85,5%) revela as disparidades de acesso ao ensino a partir do recorte de cor ou raça.
Pardos (60,32%) e pretos (14,08%) também são maioria entre os moradores das favelas e comunidades urbanas alagoanas. Acima da média nacional, a maior parte dos domicílios de Alagoas é chefiada por pessoas pardas (60%), enquanto as residências em que os responsáveis são da cor preta representam quase 12%.
Cerca de 21,7 mil pessoas pardas e 3 mil pessoas pretas em AL moram em domicílios onde não há banheiro ou sanitário, de acordo com o Censo 2022.
População quilombola
Pela primeira vez, a população remanescente dos quilombos foi mapeada durante as operações do Censo Demográfico 2022. A identificação dos quilombolas é feita de forma independente do critério de cor ou raça. Os quilombolas foram identificados a partir de um questionário espacialmente controlado, que foi aplicado nas regiões próximas aos remanescentes dos quilombos e nas terras quilombolas oficialmente delimitadas.
Os números revelam que Alagoas ocupa o 6º lugar nacional em pessoas que se identificam como quilombolas, tanto em números absolutos, quanto proporcionalmente. São 37.722 quilombolas no estado.
Penedo (5.280 quilombolas), Traipu (2.938) e Arapiraca (2.128) lideram o ranking em números absolutos. Considerando o percentual de quilombolas entre o total geral da população, Palestina (31,78%) Jacaré dos Homens (24,72%) e Poço das Trincheiras (15,54%) são os municípios alagoanos onde há maior proporção desse grupo étnico.
Apesar da relevância histórica, União dos Palmares tem apenas 561 pessoas (menos de 1% da população total) que se declararam quilombolas.
A taxa de alfabetização de quilombolas com 15 anos ou mais de idade é de 70,2%. O percentual de quilombolas alfabetizados é bem inferior à média geral dos alagoanos, que alcança 82,3%. Considerando toda a população, Alagoas tem o maior percentual de analfabetismo do país. Quilombolas sofrem com menores índices do que o de outros povos tradicionais, como os indígenas (80% de alfabetizados).
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