Cidades

Sem o auxílio da Braskem, pescadores pedem socorro

Categoria reclama do período de chuvas e do assoreamento da Lagoa Mundaú

Por Valdete Calheiros/Tribuna Independente 20/07/2024 08h27
Sem o auxílio da Braskem, pescadores pedem socorro
Pescadores reclamam da escassez de peixes e sururu na lagoa - Foto: Edilson Omena

Os pescadores e marisqueiros da Laguna Mundaú estão pedindo apoio aos gestores estaduais e municipais para poder continuar vivendo da pesca. Com o período do inverno, a categoria está levando cada vez menos produtos para a mesa do consumidor e, consequentemente, para sua mesa.

O presidente da Colônia dos Pescadores de Bebedouro, Mauro dos Santos, afirmou que existem pescadores em situação crítica desde o fim do pagamento dos auxílios que receberam durante o período de proibição da pesca, em virtude do colapso da Mina 18 da Braskem. “Os auxílios foram pagos em novembro, dezembro e janeiro quando estava na restrição da pesca. Foi em parcela única, mas acabou. Nem mesmo cestas básicas estamos recebendo mais. Estamos sem ajuda”, desabafou.

Isso sem falar, completou ele, das dificuldades da pesca em si com o assoreamento da lagoa. “Está muito raso. Não dá para pescar. A situação só não está pior porque a chuva deu uma parada”, contou.

O presidente da Colônia dos Pescadores de Bebedouro solicita o apoio do Estado e do município para que a situação econômica financeira dos pescadores melhore. “Nós não somos invisíveis. Somos importantes para a economia do Estado. Fazemos girar a economia no mercado. São toneladas de sururu e pescado que tiramos da lagoa. Ajudamos direta e indiretamente o Estado. E mesmo assim, somos tratados como se não existíssemos. Algumas pessoas pensam que pescador pesca apenas para se alimentar e alimentar a família. Esquecem quem ajudou a botar o peixe e o sururu na mesa”, detalhou ao chamar atenção para a situação da categoria.

Para o presidente da Colônia de Pescadores de Bebedouro, Mauro dos Santos, a chegada do inverno torna a situação ainda mais preocupante.

Categoria quer benefício durante período invernoso

O presidente da Colônia dos Pescadores de Bebedouro, Mauro dos Santos, afirma que nesta época invernosa, realmente, o pescado pode até desaparecer. “Há anos tentamos um auxílio na época do inverno para as marisqueiras e para os pescadores que vivem exclusivamente do Sururu. Estamos sem resposta até então”, completou.

Os pescadores e marisqueiros afetados pela restrição de navegação na Laguna Mundaú, causada pelo afundamento do solo, receberam a quantia de R$ 4.236,00, cada um. Em Maceió, existem cerca de 5 a 7 mil pescadores em todo o complexo lagunar e marítimo, dos quais mil só na região do Flexal. “Apenas dois mil e pouco receberam o auxílio. A quantidade corresponde às Colônias do Bebedouro, Vergel e uma parte da Colônia do Trapiche da Barra”, detalhou.

O pescado e o sururu representam 100% da renda da comunidade lagunar. A maioria não tem escolaridade ou experiência em qualquer outra área de trabalho, o que dificulta inserção em outros empregos. Segundo os pescadores, eles vivem ainda os desdobramentos e as incertezas do colapso sofrido na mina 18 na Lagoa Mundaú, na região do Mutange, em dezembro do ano passado.

A proibição da atividade pesqueira não envolveu só Maceió. A limitação também atingiu as cidades de Coqueiro Seco, Pilar, toda a Região Metropolitana. Somando-se todos os pescadores são aproximadamente 10 mil, todos cadastrados, com registro no Ministério, e que vivem ou dependem diretamente da pesca.

Alguns pescadores e marisqueiros afetados pela restrição de navegação na Laguna Mundaú, causada pelo afundamento do solo, confirmam que nunca receberam o auxílio que foi distribuído para a categoria. Segundo eles, nem todos foram beneficiados e isso prejudicou bastante as suas famílias. Para eles, houve alguns problemas de cadastro que fizeram com que ficassem de fora do benefício que aliviou, na época, muitas das famílias que dependem da lagoa.