A Secretaria Municipal de Saúde de Maceió confirmou que a causa da morte de uma criança de 1 ano de idade, do sexo masculino, ocorrida na última quinta-feira (11), no Hospital Geral do Estado, em Maceió, foi causada por meningite. Essa foi a sexta vítima fatal da doença no Estado desde o início do ano. Além dos casos de morte confirmados, mais três foram notificados e dois estão sob investigação em Alagoas.

O médico pediatra que atendeu a criança de um ano, Marcos Gonçalves, já havia adiantado que muito provavelmente a criança era mais uma vítima da meningite. A morte aconteceu em menos de 24 horas de a criança ter apresentado os primeiros sintomas de febre, manchas no corpo e crises convulsivas.

Todas as vítimas fatais de Meningite Meningocócica eram menores de 10 anos de idade. Do total de mortes, quatro foram de crianças de um a quatro anos, uma de uma criança de um a quatro anos e uma de uma criança menor de um ano de idade. A Secretaria de Saúde está aguardando o resultado dos exames laboratoriais para confirmar o sorotipo da meningite. Paralelamente, os profissionais da Vigilância Epidemiológica já iniciaram a quimioprofilaxia preventiva com a família da criança e com os profissionais de saúde que cuidaram dela.

Em Maceió, apesar das intensas campanhas de vacinação, a cobertura vacinal da Meningocócica ACWY (conjugada) está muito abaixo do considerado ideal pelo Ministério da Saúde. O imunizante é destinado a crianças de 11 a 14 anos. Do início do ano até ontem, 45,7% do público apto para receber a vacina foi levado aos postos de saúde pelos responsáveis. Em 2023, o público vacinado foi de 41%. Em 2022, de 29,3%. Em 2021, de 23,4% e em 2020 de 12%. Já a cobertura contra a Meningo C, em menores de um ano de idade, alcançou taxas um tanto quanto mais altas. Foram vacinados 81,41% dos bebês. Na faixa etária de um ano, foram imunizados 80,73%.

Maceió registrou, desde o início de janeiro, cinco casos de Meningite Tipo B, três de Doença Meningocócica, três de Meningite Não Especificada, dois de Meningite Pneumocócica, um de Meningite Viral e mais um de Meningite Tuberculosa. O pediatra Marcos Gonçalves, que é também imunologista e alergista, é um defensor vigoroso das vacinas que, obrigatoriamente, devem ser aplicadas nas crianças. “As vacinas são fundamentais, fez várias doenças desaparecerem no Brasil e são a única proteção que a gente tem para muitas doenças graves e que podem levar à morte”, alertou.

De acordo com informações, a criança que faleceu no Hospital Geral do Estado residia no bairro Benedito Bents, mas o hospital não forneceu seu endereço. As autoridades ainda não divulgaram que cuidados serão tomados para evitar um surto da doença na região.

Faltou dose que só tem na rede particular

O médico Marcos Gonçalves informou que a criança lactente que faleceu no último dia 11, no Hospital Geral do Estado (HGE), estava com todas as vacinas disponibilizadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em dia. “Era uma criança bem cuidada, família bastante humilde, faltava apenas a dose contra o tipo de meningite que é disponibilizada apenas na rede particular”, detalhou. Em média, cada dose da vacina contra meningite na rede particular custa R$ 600,00. Em crianças menores de um ano de idade são necessárias três doses, em crianças maiores de um ano são necessárias duas doses.

Em suas redes sociais, o médico pediatra lamentou o óbito: “Acabei de preencher mais uma declaração de óbito de uma criança de um ano por doença meningocócica”. Marcos Gonçalves descreveu a doença como letal e mencionou que a criança faleceu em menos de 24 horas, após o início da doença. O menino tinha, na pele, lesões típicas da meningococcemia.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que a primeira morte causada pela meningite em Alagoas em 2024, foi a de uma criança de um ano e três meses de idade, residente em Arapiraca. Ele foi vítima de meningite pneumocócica. No dia 31 de dezembro do ano passado, o menor Ícaro Matteo foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Noel Macedo com queixas de febre, vômitos, falta de apetite e “chiado” no peito. O menino foi atendido e liberado, mas deu entrada na UPA novamente na madrugada do dia 1º de 2024, em estado grave, com crise convulsiva, rigidez e desacordado. Em aproximadamente três horas, o caso evoluiu para óbito. A Sesau reforçou que o Ministério da Saúde disponibiliza a vacina de forma gratuita para esse tipo de doença, a meningite pneumocócica. “O SUS fornece a vacina pneumocócica 10-valente (conjugada), com a primeira dose aos dois meses de vida, a segunda aos quatro meses e o reforço com um ano.