Cidades

Violência contra idosos gera preocupação em Alagoas

OAB apresenta dados durante Junho Violeta e conscientiza população

Por Thayanne Magalhães - repórter / Tribuna Independente 26/06/2024 09h09
Violência contra idosos gera preocupação em Alagoas
Tutmés Toledo comenta que Alagoas tem registrado números menores de homicídios contra idosos, mas alertas à população devem continuar - Foto: Edilson Omena

O Junho Violeta é o mês de conscientização da violência contra a pessoa idosa. E para falar sobre o assunto, o TH Entrevista desta semana convidou o vice-presidente da Comissão Especial do Idoso da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL), Tutmés Toledo. Ele destaca que a maior parte dos casos que chegam à Ordem são denúncias de violência financeira, quando os próprios familiares se apossam da aposentadoria do idoso e muitas vezes o deixam passar dificuldades.

“Mesmo sofrendo essa violência e vivendo com dificuldade, esse idoso acaba não denunciando o seu agressor por ser alguém da própria família. Existe o receio de depois ter que conviver com a pessoa denunciada ou até mesmo pelo próprio sentimento de amor que aquele idoso sente pelo seu filho, neto ou sobrinho. Então, é importante que essa campanha seja divulgada para que a população tenha consciência de que, assim como na violência contra a mulher, as pessoas têm a obrigação de denunciar a violência contra o idoso”, reforça o advogado.

Tutmés contou ainda que Alagoas registrou uma redução do número de idosos vítimas de homicídio em 2023, quando comparado com os dois últimos anos, conforme dados divulgados na segunda-feira, 10 de junho pela Comissão Especial do Idosos da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL), durante coletiva de imprensa realizada na sede de Jacarecica.

Foram registrados 30 homicídios de idosos ao longo do ano, sendo 28 vítimas do sexo masculino e 2 do sexo feminino, uma diminuição de 11% em relação a 2022, quando ocorreram 34 mortes violentas. Em 2021, esse quantitativo foi de 31.

“Apesar da queda do número, percebemos uma constância nos números. Muitos dos casos são registrados dentro da própria casa do idoso em casos de latrocínio ou até mesmo pela violência sofrida de próprios parentes”, lamenta o vice-presidente.

De acordo com o levantamento apresentado pela Comissão da OAB/AL, 11 dos idosos assassinados foram vítimas de arma branca ou instrumentos contundentes; nove foram vítimas de arma de fogo; sete foram a óbito após espancamento, socos e pontapés, e três não tiveram a causa da morte identificada.

Os municípios que mais registraram mortes violentas de pessoas com idade acima de 60 anos foram Maceió (6); Penedo (3), na região do baixo São Francisco; e São Miguel dos Milagres, no Litoral Norte de Alagoas. As cidades de Junqueiro e Arapiraca, tiveram dois casos cada um, segundo relato apresentado pela OAB.

Vítimas têm sido abordadas em suas residências

De acordo com o levantamento realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL), tem chamado a atenção o fato de boa parte dos casos de assassinato de idosos registrados no último ano ter sido cometida em povoados do interior de Alagoas, dentro das casas das vítimas, para roubo das vítimas, o que configura o crime de latrocínio.
“O que chamou a atenção da OAB é que dessa vez ocorreram muitos casos de assassinatos através da modalidade de latrocínio, roubo seguido de morte. Outro elemento que chama a nossa atenção é o fato de que vários assassinatos ocorreram dentro das residências das vítimas, por terceiros que invadiam essas casas para roubar e executavam as vítimas. Muitos desses casos aconteceram em pequenos povoados, onde há uma ausência de segurança”, diz o vice-presidente da Comissão Especial dos Idosos, da OAB/AL, Tutmés Toledo.
Tutmés lembrou ainda que Alagoas tem quase meio milhão de pessoas idosas, segundo dados do IBGE. Dessas, pelo menos a metade vive em estado de pobreza ou vulnerabilidade social. Então, é um estado em que, de fato, a população não tem o direito de envelhecer garantido.
“Precisamos unir forças para formular políticas públicas efetivas de proteção à pessoa idosa, afinal, nós todos seremos idosos um dia. Além disso, a população idosa tem crescido cada vez mais com o aumento da expectativa de vida. Precisamos pensar, inclusive, no nosso futuro”, falou.
Para Tutmés, existe a necessidade de fortalecimento de projetos e planos para a questão da violência contra a população idosa. (T.M.)