Cidades
Alagoano se notabiliza com coleção de moedas raras
Claudemiro Avelino iniciou rentável mania quando ainda era adolescente aos 14 anos e se tornou estudioso de numismática
Ouro, prata, bronze, pequena, grande, invertida, lisa... essas são as diversas formas que uma moeda pode ter. Alguns modelos são raros, enquanto outros são mais comuns, que podem ser encontrados na nossa carteira. Mas imagine guardar toda essa variedade de modelos, de forma tabelada e extremamente organizada, desde os 14 anos de idade? É isso que faz um numismático, um estudioso de moedas e cédulas.
Assim é possível descrever o alagoano Claudemiro Avelino, um guardião da história que já foi personagem aqui na Tribuna de reportagem, na qual guarda um acervo de 22 mil livros e foi idealizador de um memorial para o Estado no Tribunal de Justiça, onde foram resgatados 300 anos de história do Judiciário alagoano com curiosidades sobre a história do Brasil e de Alagoas. Desta vez, Avelino abriu as portas de sua casa para mostrar o enorme acervo de moedas brasileiras e estrangeiras, além de cédulas que possui.
A coleção de moedas teve início quando o então adolescente tinha 14 anos. “Hoje estou na casa dos sessenta”, brinca o colecionador que atualmente tem 63 anos. Na época, ele começou a ganhar moedas como forma de presente de familiares, colegas e amigos, e conforme o tempo passava, esses presentes aumentavam e ele se viu na obrigação de organizá-los; e assim esse simples hábito evoluiu e perdura por mais de quatro décadas.
“Eu não sei como é que essas coisas vêm parar na mão da gente, são coisas antigas, é coisa de colecionador mesmo”, brinca.
Quando questionado sobre a quantidade de moedas e cédulas guardadas, o colecionador não sabe mensurar:
“Impossível chegar a um número, são muitas”, ri Avelino, ao mostrar à reportagem uma moeda rara comprada em Londres numa viagem que fez recentemente àquele país europeu. “São cédulas inglesas, de prata Romana”, explica.
E isso se comprova quando nos deparamos com o espaço onde esses materiais são guardados. Avelino possui uma coleção prioritariamente de moedas brasileiras, desde os anos de 1800, catalogadas e organizadas do período do Império e da República, além de estrangeiras, em ouro, prata e níquel.
Colecionador explica evolução do estudo da ciência numismática
A numismática é uma ciência voltada para o estudo de moedas e medalhas. Esta ciência começou a se desenvolver, primeiramente na Europa, no século XIX. Ela é muito importante no auxílio da História, pois fornece dados culturais e econômicos importantes sobre uma determinada época.
E sejamos sinceros: na reportagem, descobrimos que um certo mistério rodeia a numismática. Enquanto muitos desconhecem o termo, alguns apenas o compreendem parcialmente — o que acaba levando, muitas vezes, a conclusões precipitadas ou a juízos incompletos.
E vale o aviso: os riscos de se apaixonar pela ciência das descobertas é enorme. Que o diga Claudemiro Avelino. Toda coleção de Avelino é meticulosamente guardada no Coin holder, material usado para o encaixe de moedas que todo colecionador que se preze tem para conservar seu material.
E como bom historiador que é, Avelino tem uma teoria para explicar o interesse de pessoas como ele por moedas e cédulas antigas: “O que muita gente não sabe é que no começo dos tempos o homem já trocava mercadoria por mercadoria. Era assim, mais ou menos, você tem um boi e eu tinha dois sacos de arroz, isso lá no homem primitivo, né? E aí isso foi evoluindo e no século 7 antes de Cristo, na Síria, atual Hungria, já se tem registros de que já se cunhavam as primeiras moedas do mundo”, explica Avelino.
“Quem estuda moedas cédulas e medalhas mágicas sabe que isso vem de nomes do grego que quer dizer estudo histórico da moeda. Então desde que eu fazia a oitava série aprendi a ciência auxiliar da história numismática. Então eu já gostava disso. É aprendi que isso aqui é uma ciência e aprendi também sobre os livros para poder entender o estudo da moeda”, completa o colecionador.
“Se você pegar uma moeda para estudar, vai encontrar toda a significação histórica dela. Eu fui convidado para ir a Belém do Pará para dar uma palestra sobre a Independência do Brasil e aí, pronto, foi um prato cheio para mim. Eu separei um monte de moedas do Brasil Colônia até eu cheguei nos 200 anos da Independência”, diz ele, ao mostrar à reportagem uma maleta toda cheia de prata do Brasil.
Peça bem conservada rende muito dinheiro a quem coleciona
Dentre as peças que guarda, Avelino revela quais as que desperta nele mais na paixão desde que se tornou um colecionador. “Olha, são as peças do Bicentenário, dos 200 anos. Comecei lá em 1822, gosto muito delas”, confessa.
“Essa é a época do cobre no Brasil, o Brasil colônia”, afirma, ao completar como começou a colecioná-las. “Eu chegava na casa da minha vó e ia mexendo nos móveis dela. Achei umas peças e antigamente tinham umas caixas de fósforo grandes e ia botando moeda dentro. Meu pai trabalhava no posto e sabendo que eu gostava, foi trazendo moedas estrangeiras que ele trocava com uns gringos”, completa.
Entre as raridades que possui, Avelino mostra outra maleta, desta feita com a coleção das Olimpíadas.
Claudemiro Avelino explica que uma das coisas que podem tornar um colecionador bem abastado financeiramente com essa “gostosa mania” é a conservação do acervo. Como existem vários colecionadores espalhados pelo mundo, eles têm uma espécie de confraria onde existe um mercado paralelo para se comercializar as raridades e tudo tem um preço.
“O preço da moeda seja ela nova seja ou velha, depende do estado de conservação e essa cotação pode variar entre R$ 1.200, R$ 3 mil por peça. E quanto mais nova a moeda, ou seja, mais conservada for, mais cara. Uma moeda pode valer um real, se não estiver bem conservada, mas se ela tiver novinha, pode chegar a valer 800 reais”, explica o colecionador.
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