Cidades

Prefeitura da Barra de Santo Antônio aguarda parecer sobre 'maré vermelha'

Técnicos da Universidade Federal de Alagoas devem emitir parecer sobre algas marinhas que causaram intoxicação em mais de 200 pessoas

Por Tribuna Independente com Ascom IMA/AL 03/02/2024 08h25 - Atualizado em 03/02/2024 16h43
Prefeitura da Barra de Santo Antônio aguarda parecer sobre 'maré vermelha'
IMA recolheu amostras da água na praia de Carro Quebrado - Foto: Ascom IMA/AL

Após mais de 200 pessoas procurarem atendimento médico por intoxicação por algas marinhas, em um fenômeno chamado de maré vermelha, na Barra de Santo Antônio, a Prefeitura informou aguardar um parecer técnico oficial a ser emitido por técnicos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) a respeito de resquícios de contaminação das praias da Ilha da Crôa e Carro Quebrado.

Anteriormente, o município havia informado que “em comunicado feito pela secretária de Estado de Turismo de Alagoas (Setur), Bárbara Braga, não existem mais resquícios de contaminação das praias da Ilha da Crôa e Carro Quebrado por algas da chamada ‘maré Vermelha’. As autoridades constataram que este é um fenômeno passageiro e que não há mais risco para os banhistas nas localidades”.

Segundo a Prefeitura, as informações divulgadas inicialmente em relação à Setur não foram enviadas e nem confirmadas pela pasta. Em contato direto com a Secretária Bárbara Braga, esta orienta que as informações oficiais devem ser buscadas no IMA e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Fenômeno pode ocorrer nas águas salgadas ou doces

A Maré Vermelha é um fenômeno natural que ocorre nos mares e ambientes de água doce e surge devido ao aumento dos níveis de nutrientes dissolvidos na água do mar, aliado a condições ideais de temperatura, salinidade e luminosidade. Segundo o oceanógrafo Gabriel Le Campion, é um fenômeno raro e muito amplo.

“Tem as marés vermelhas tóxicas e as não tóxicas. As mais tóxicas são por dinoflagelados. Essas microalgas são mais predominantes no oceano e se aproximam da costa trazida por correntes marinhas. Para que esses organismos multipliquem é necessário que haja nutrientes na concentração adequada. E, quando isso acontece, se houver variação brusca de algum fator ambiental, pode haver a produção de toxinas. Isso é mais raro de acontecer, mas acontece. Aqui em Alagoas, por exemplo, eu constatei a primeira vez num levantamento que fiz na praia de Sítio-Burgalhau, em 79, onde algumas pessoas tiveram problemas mais sérios, mas ninguém morreu”, afirma.

Le Campion explica ainda que o fenômeno pode surgir em qualquer localidade.

IMA sobrevoou áreas

Técnicos do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA) fizeram na sexta-feira (2) um sobrevoo com o apoio do Grupamento Aéreo para tentar identificar visualmente no litoral norte o fenômeno natural da floração de algas, conhecido como Maré Vermelha. O voo foi realizado um dia depois que os técnicos coletaram amostras de água do mar em trechos da praia de Carro Quebrado, em Barra de Santo Antônio.

As equipes de Gerenciamento Costeiro e do laboratório percorreram o trecho da costa entre Maceió e Barra de Camaragibe. Neste percurso não foram identificadas manchas no mar nem outro indício que apontasse a presença de maré vermelha.

No entanto, o IMA mantém a recomendação padrão que é evitar a recreação e o banho em trechos do mar que apresentem coloração e odor diferentes. A maré vermelha é um fenômeno provocado pelo crescimento excessivo de algas que liberam ou não toxinas. Entre os principais sintomas estão enjoo, diarreia, irritação e secura nos olhos, além de falta de ar.

O fenômeno é provocado pelo aumento da temperatura, salinidade, excesso de nutrientes, entre outros fatores. Carga orgânica elevada contida em efluente doméstico também podem contribuir com o tempo de permanência dessas marés na região, que podem durar entre 12h e 48h.