Cidades
Brumadinho faz 5 anos e caso Braskem é debatido
Crime atribuído à mineradora é denunciado em MG por integrantes de movimentos em defesa das vítimas em Maceió

O crime da Braskem em Maceió foi denunciado por duas alagoanas, Neirevane Nunes e Rikartiany Cardoso, no seminário sobre os cinco anos do rompimento da barragem de Brumadinho, que matou 272 pessoas em 2019, em Minas Gerais. Neirevane representando o Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) e Rikartiany representando o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
O evento, realizado na Câmara Municipal de Brumadinho, reuniu no começo desta semana representantes das maiores tragédias do Brasil. Além das vítimas de Brumadinho, participaram do seminário pessoas ligadas à tragédia da barragem de Fundão, em Mariana (MG); ao incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), e ao afundamento do solo de cinco bairros de Maceió, provocado pela Braskem.
Batizado de “5 Anos Sem Justiça - Rompimento Barragem da Vale em Brumadinho - 272 mortes”, o seminário reuniu também integrantes dos órgãos judiciais e da segurança pública. O evento, promovido pela Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho (Avabrum), foi aberto ao público e muito prestigiado.
O seminário faz parte de uma série de ações desenvolvidas pela Associação para relembrar os cinco anos do crime da Vale. A programação começou no último final de semana e termina nessa quinta-feira, 25 de janeiro, data da tragédia, com o grande ato público a ser realizado em frente ao letreiro da cidade de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
MARCO DE RESISTÊNCIA
Segundo a bióloga Neirevane Nunes, coordenadora do MUVB, esse momento representa um marco de resistência e luta das vítimas de grandes tragédias/crimes reunidas para denunciar e combater a impunidade.
“Nós, vítimas da Braskem em Maceió, há cinco anos lutamos por justiça e contra o processo de apagamento da nossa existência e da nossa memória. Por isso, estar participando desse momento fortalece a nossa luta, além de aprender mais com as experiências de enfrentamento vivenciadas por outras vítimas da mineração como as de Brumadinho e Mariana”, afirmou ela.
Neirevane disse ainda que “o crime da Braskem em Maceió está em curso, pois nós o vivenciamos ele todos os dias. Afinal, estamos dentro de um processo de massacre pela Braskem e por todas as instituições que têm respaldado suas ações nefastas em Alagoas. E tanto a Braskem como o poder público buscam maquiar a gravidade da situação, como estão fazendo em relação às minas, escondendo a realidade do que acontece aqui para o Brasil e para o mundo”.
“Últimos anos em Maceió são de terror”
De acordo com Neirevane, a morte das vítimas da Braskem é uma morte lenta, diferente das tragédias que ocorreram em Minas Gerais. “Em Maceió, as vítimas foram soterradas por inúmeras perdas irreparáveis, além da depressão, dos suicídios e do descaso das autoridades”, completou.
“Os últimos anos de Alagoas, não só de Maceió são de terror. É esse o sentimento em Maceió e em outros municípios alagoanos nos últimos cinco anos, desde que foram localizadas as primeiras rachaduras em imóveis causadas pelo afundamento do solo devido à exploração do sal-gema, mineral retirado do solo da capital do estado pela Braskem”, afirmou Rikartiany Cardoso.
Pesquisadora e mestranda de Direitos Humanos, Rikartiany é moradora de Maceió e milita no Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que tem acompanhado o desenrolar da tragédia, ao lado das famílias atingidas pelo crime.
Segundo ela, a cada ano, aumenta o número de bairros e de famílias diretamente impactadas pela mineração da Braskem. “Por isso, até agora mais de 60 mil pessoas já deixaram suas casas. Muitas, sem ter para onde ir”, concluiu.
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