Cidades
Túmulos são violados em Bebedouro
Denúncias são de vítimas da Braskem; em cemitério, pelo menos três mausoléus foram revirados e tiveram peças roubadas
Moradores dos bairros atingidos pelo afundamento do solo em Maceió denunciaram que vários túmulos do cemitério de Bebedouro foram violados, roubados e vandalizados, nos últimos dias. A situação foi constatada na última quinta-feira, durante o feriado do Dia de Finados, quando muitas famílias compareceram ao cemitério Santo Antônio.
Nas mídias sociais, os integrantes do Movimento Unificado das Vítima da Braskem (MUVB) responsabilizaram a prefeitura de Maceió e a Braskem pela situação de abandono em que se encontra o cemitério de Bebedouro. Segundo eles, pelo menos três mausoléus foram violados e tiveram peças roubadas.
Entre os túmulos violados, um pertencia à Família Sampaio e Silva, que ficou de fazer um Boletim de Ocorrência para a investigação policial. Segundo Neirevane Nunes, coordenadora do Movimento, a responsabilidade agora é da Prefeitura de Maceió e da Braskem, por conta do acordo de R$ 1,7 bilhão.
“O cemitério Santo Antônio fez parte deste pacote do acordo. Agora a responsabilidade do Cemitério voltou para Prefeitura. Por isso os seguranças da GPS, empresa contratada pela Braskem, deixou de atuar no cemitério”, lembrou Neirevane, lamentando mais um Dia de Finados sem que os moradores da região pudessem render homenagem a seus entes queridos sem passar constrangimento.
“Mais um 2 de novembro em que comparecemos ao Memorial Cemitério Santo Antônio para homenagear nossos familiares falecidos e nos deparamos com esse descaso, vários túmulos violados e uma sensação terrível de impunidade, de impotência”, enfatizou Neirevane, para quem a luta continua.
“Lutamos contra o apagamento da nossa memória e existência, promovido a Braskem e o poder público municipal. Lutamos contra o descaso e desrespeito que denunciamos há 3 anos, quando o Cemitério Santo Antônio foi internado para sepultamentos devido ao crime socioambiental da Braskem”.
ACORDO COM BRASKEM
Segundo Neirevane Nunes, com o acordo firmado entre Braskem e Prefeitura de Maceió, a responsabilidade sobre o Cemitério de Bebedouro ficou na mão do poder público municipal. Por isso, as famílias lesadas estão exigindo que a Prefeitura pague pelos danos materiais e morais referentes aos jazigos violados e que construa um novo cemitério para atender a estas famílias, já que estas famílias estão impedidas de sepultar seus falecidos.
“O dinheiro pago pela Braskem à Prefeitura de Maceió (R$ 1,7 bilhão), pelos danos referentes ao cemitério, é para indenizar essas famílias e devolver a elas o equipamento público, que servia a estas famílias e que lhes foi suprimido; e não para outra finalidade”, enfatizou.
De acordo com a coordenadora do MUVB, atualmente, o cemitério de Bebedouro fica aberto de domingo a domingo de 8 às 15 horas para visitação de familiares, mas com apenas dois funcionários da Prefeitura.
“Há décadas que a cidade de Maceió não constrói um cemitério público o que levou ao colapso do serviço funerário municipal que enfrentamos hoje. Portanto, construir um novo cemitério para atender a cidade de Maceió é obrigação da Prefeitura, independente do acordo firmado com a Braskem”, recordou Neirevane.
Para ela, a prefeitura precisa dar uma solução urgente a essas famílias que tem jazigo no cemitério Santo Antônio. As famílias foram lesadas pela Braskem porque o Cemitério está dentro do Mapa oficial de criticidade da Defesa Civil, por esse motivo ele foi interditado pra sepultamentos há 3 anos.
“Nesses três anos as famílias estão passando pelo constrangimento de não terem mais onde sepultar seus falecidos com dignidade devido a situação atual de colapso do serviço funerário de Maceió. Hoje os munícipes são sepultados em covas rasas cobertas por areia e no meio dos passeios públicos dos cemitérios São José e Nossa Senhora da Piedade”, concluiu.
Prefeitura
À reportagem da Tribuna, a assessoria de comunicação do prefeito JHC (PL), disse que o Gabinete de Gestão Integrada para a Adoção de Medidas de Enfrentamento aos Impactos do Afundamento dos Bairros (GGI dos Bairros) está tratando dos trâmites para a construção de um novo cemitério.
Informou também que “o Cemitério Santo Antônio permanece como um memorial para visitas de familiares e amigos, em que as visitações acontecem de forma controlada, às terças, quintas e sábados, no horário das 8 horas às 16 horas”.
Morador ficou na rua após casa ser interditada por causa da mineração
O aposentado Belmiro Meneses de Lima, de 69 anos, que completa sua renda recolhendo e vendendo material reciclável, está morando na rua há mais de três anos, por conta do afundamento do solo em Maceió.
Belmiro conta que sua casa foi interditada pela Defesa Civil Municipal, mas a prefeitura de Maceió não arrumou um outro local para ele morara, nem lhe paga aluguel social. Também não recebeu, até agora, nenhum centavo de indenização da Braskem.
“A Defesa Civil apareceu aqui no barro, interditou minha casa e me deixou na rua”, afirmou o aposentado, cuja residência, na verdade um tosco barraco de alvenaria, coberto de telhas de amianto, que fica nos fundos das casas de frente para a avenida principal, na ladeira que dá acesso à Chã de Bebedouro.
“No começo, fui para a casa de um filho, morar com ele, mas a casa é pequena, não dá para acumular muita gente. Por isso, tenho dormido nas ruas, debaixo das marquises”, afirmou o catador de material reciclável.
Ele espera que, com o caso dele vindo à tona, a prefeitura de Maceió, nessa parceria com a Braskem, possa resolver o seu problema. “Ainda bem que a reportagem da Tribuna veio aqui, ver a minha situação. Só assim, quem sabe agora, arrumam um lugar para eu morar”.
Belmiro mostrou a situação de risco em que se encontra a sua casa, que fica numa grota, com duas galerias de águas (das chuvas e esgotos), que cortam o terreno em direção à Rua Marquês, na parte baixa do bairro.
A casa da vizinha dele também está interditada pela Defesa Civil Municipal, mas mesmo assim tem uma família morando. Segundo a dona de casa Cleonice Paulino, de 57 anos, na casa mora a sua filha, Maria Bruna, de 25 anos, e a neta menor de idade.
“Fico tomando conta da casa, quando minha filha vai trabalhar e minha neta vai para a escola, mas não durmo aqui, tenho um medo danado nessa barreira desmoronar”, afirma Cleonice, acrescentando que a filha só não se muda para outro local porque não tem como pagar aluguem.
“Queria que minha filha morasse comigo, mas ela não quer. Também, eu já moro de favor e a casa é pequena, não cabe todo mundo. O jeito é ficar por aqui mesmo”, finalizou.
OUTRO LADO
A Defesa Civil de Maceió disse que os moradores deveriam ter sido encaminhados à Secretária Municipal de Ação Social, quando os imóveis foram interditados, para que pudessem ter acesso aos programas sociais e ajuda humanitária.
O atendente Cleber disse ainda que iria registrar a ocorrência e pedir uma fiscalização no local, além de verificar a possibilidade de encontrar esses moradores para poder encaminhá-los à assistência social do município.
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