Cidades
Demolições no Flexal viram caso de polícia
Moradores fecham entrada do local, tentam impedir derrubada de imóveis e TCO é aberto para apurar ação
Os moradores do Flexal estão tentando impedir a demolição de imóveis no bairro para a implementação do projeto de reurbanização dos Flexais, que vivem hoje uma situação de ilhamento socioeconômico provocado pela atividade da mineradora Braskem. Ontem, eles fecharam a entrada do local de demolição e houve confusão.
“A nossa situação está cada vez pior, nada mudou, só piora e não soluciona. Por isso, nós fechamos a entrada onde eles estão demolindo. Deu até confusão porque um dos funcionários disse que a gente agrediu ou queria usar violência, sendo mentira. A polícia fez um TCO e depois a gente foi indicado a fazer um B.O.
A nossa advogada vai levar o rapaz, que é morador do bairro, até a Polícia Civil para abrir um processo contra o funcionário da empresa que mentiu, que não prova porque não teve agressão física nem verbal”, disse o morador Valdemir Alves.
Alves questiona ainda a possibilidade de construção em área que foi condenada e evacuada pela Defesa Civil. “Tinha pessoas com 80 anos de história, 90 anos, que veio passando de pai pra filho, como herança, e essas pessoas não queriam perder o seu convívio, mas foram forçadas a sair às pressas porque disseram que estava afundando nessa área onde estão demolindo hoje. Como a Defesa Civil condena a área e agora descondena? Diz que o acordo não pode ser quebrado, se pedimos um aditivo para realocar a gente, mas pode ser quebrado para refazer algo que eles querem? Esse acordo só pode ser quebrado por eles? Para favorecer a população não?”, indagou.
CPI da Braskem
O morador atribui a pressa de investir o dinheiro à instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem e ressalta que a revitalização não vai melhorar a situação dos Flexais. “Eles querem investir um dinheiro para dizer que a gente não tem direito porque já fizeram algum benefício. Não é uma revitalização que vai mudar a vida de ninguém porque, psicologicamente, todos estão sofrendo porque temos uma Justiça que não defende nenhum dos moradores”, disse.
“Talvez essa pressa de pegar o dinheiro que está no Ministério Público, numa conta na Justiça, e querer investir, seja por causa da CPI que agora vai apertar o sapato no pé de todos eles. Todos serão investigados e vão ter que dar satisfação à própria Justiça, não só as vítimas, que somos nós que estamos aqui, mas também muitas pessoas que já saíram e nem sequer receberam, quando o Ministério Público fica ditando o que tem que ser e o que não tem, junto com União, Prefeitura de Maceió e Defesa Civil, que é omissa com todo esse crime”, afirmou.
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