Cidades
Ex-morador é encontrado morto em bairro afundado
Suspeita é de suicídio; pessoas residentes na área dizem que ele estava deprimido e próximo ao corpo havia “chumbinhos”

Mais de cinco anos após o surgimento de rachaduras e afundamento do solo que atingiram os bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol, em Maceió, moradores continuam sofrendo não só com danos materiais, mas também com o adoecimento mental. O ex-morador de um dos bairros afetados, Júlio César Chaves e Silva, de 63 anos, foi encontrado morto na terça-feira (17), em um dos imóveis desocupados por causa da mineração, na Rua Santa Rita, no Farol.
“Esse rapaz morava na rua Almirante Barroso, aí mudou por causa da Braskem e não se conformou. Ele tinha depressão e foi morar em Rio Largo, mas a cunhada dele sempre disse que ele estava com problema porque não se conformou com o resultado de ter ido morar em outra cidade, e ainda porque o dinheiro não deu para comprar uma casa em Maceió. Aí ele saiu de lá na segunda-feira e veio para cá. A família sentiu falta dele e encontraram o corpo na terça-feira. Morreu de desgosto, de tristeza”, contou Maria Cícera, moradora da Rua Santa Rita.
A moradora disse ainda que a tristeza é um sentimento comum entre os moradores e ex-moradores dos bairros afetados pela mineração da Braskem. “Sinto tristeza também, mas não vou tirar minha vida por causa disso. Eu moro aqui desde 1988. Quem poderia imaginar que a Braskem viria para cá? Ninguém. Mas eu tenho feito tratamento com psicóloga e ela sempre me dá bons conselhos. Estou resolvendo ainda umas pendências do imóvel e aguardando porque às vezes colocam o valor correto e às vezes não”, afirmou.
VALOR BAIXO
Segundo ela, “com o valor mínimo não dá para a gente comprar outra casa em outro canto porque, depois da Braskem, os valores das casas aumentaram demais. Você não vai sair do seu imóvel sem ter para onde ir”, acrescentou.
Também moradora da Rua Santa Rita, a aposentada Francisca Pereira contou que se surpreendeu com a notícia da morte de Júlio César. “Por acaso, fui sair de manhã, vi o carro da polícia e vários outros. Aí a menina perguntou se eu soube da morte do irmão de Marindalva. Eu pensei logo que era assassinato, mas ela disse que ele tomou veneno de matar rato, chumbinho. Ele era filho daqui da rua. Eu moro desde 1988 aqui e meu marido muito antes, nasceu aqui. A gente o conhecia, conhecia a família toda, a mãe dele era costureira. Uma notícia muito triste”, disse.
De acordo com a aposentada, apenas seis famílias continuam morando na rua. “Não tem condições, tiraram ônibus, a gente ficou sem padaria, sem mercadinho, sem poder comprar uma banana. Está muito difícil aqui. Oferecem cento e pouco, duzentos e pouco na casa, mas não dá para comprar nada”, opinou.
“Antigamente, você subia e comprava uma casa, mas hoje não compra mais. Eu fui olhar uma no Santos Dumont, era 180 mil reais, quando foi com 15 dias que eu voltei lá, já era 400 mil reais”, completou.
De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), foi coletado material biológico para exame toxicológico do ex-morador. Somente após o toxicológico, será determinada a causa da morte. Mas, segundo a requisição de solicitação do exame, a suspeita é de envenenamento.
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