Cidades
Empresário disputa com igreja área no Francês
De frente à praia, terreno estava sendo cercado quando foi filmado; vídeo denuncia crime ambiental

Um vídeo que circula pelas mídias sociais, desde o último final de semana, postado por um cidadão, denunciando a colocação de uma cerca de arame farpado com estacas de concreto, num terreno com um imenso coqueiral, às margens da AL-101-Sul e de frente para a Praia do Francês, sem querer revelou uma disputa pela posse das terras, entre o empresário Mauro Vasconcelos e o padre Walfran Fonseca, diretor-financeiro da Fundação Leobino e Adelaide Motta, administrada pela Igreja Católica, por meio da cúpula da Cúria Metropolitana.
“O terreno é meu e eu tenho a escritura de compra e venda como prova”, afirmou Vasconcelos, encaminhando à Tribuna Independente uma cópia da escritura expedida pelo Cartório de Marechal Deodoro, em 13 de julho de 2005.
“A cerca eu mandei colocar, mas está tudo dentro da legalidade. Eu estou cercando a área para fazer um empreendimento no local, mas não pretendo cortar os coqueiros, não”, acrescentou o empresário, que é dono do Hotel Ponta Verde. Na segunda-feira, quando o vídeo viralizou na internet, funcionários do hotel estiveram no terreno, levaram parte das estacas de concreto e derrubaram parte da cerca.
A reportagem da Tribuna Independente entrou em contato com o padre Walfran Fonseca dos Santos, perguntando se esse terreno (que aparece no vídeo) é da Fundação, administrada pela Igreja Católica ou se a Fundação vendeu a área para o empresário Mauro Vasconcelos, dono do Hotel Ponta Verde.
Sacerdote
Até o início da noite de ontem, o sacerdote não tinha dado retorno. Nem mesmo quando enviamos para ele a escritura do terreno que Vasconcelos diz que comprou. Também não explicou por que na reclamação que fez sobre a posse do terreno se associou à empresa Mandacarú Extração de Areia, nesta contenda judicial.
Como há dúvida, por parte do diretor-financeiro da Fundação, quanto à veracidade da escritura pública de compra e venda, apresentada por Vasconcelos, garantido que o empresário e sua esposa Silvana Luna Vasconcelos são os legítimos proprietários do terreno, a reportagem da Tribuna decidiu solicitar uma Certidão Centenária ao Cartório de Registro Civil de Marechal Deodoro, na data de ontem, para saber quais os verdadeiros donos da propriedade. O cartório deu prazo de oito dias úteis para entregar o documento solicitado.
De acordo com os parentes do ex-prefeito Leônidas Barbosa, que era o dono original do terreno, vendido ao médico Lourival de Melo Motta, a área total era de mais de 400 hectares. Após comprar a faixa de terra do ex-prefeito de Marechal Deodoro, antes de morrer, Melo Motta, criou uma fundação, que leva os nomes dos pais, Leobino de Adelaide, e passou todo o seu patrimônio para essa entidade. Ato contínuo, em seguida passou a entidade para ser administrada pela Igreja Caótica, por isso a área do Sitio Bom Retiro é administrada pelo padre Walfran.
Sacerdote confirma contrato com empresa de extração de areia
O sacerdote, em entrevista à Tribuna em outra oportunidade, confirmou que a Fundação, da qual é diretor financeiro, tem um contrato de mais de oito anos com a empresa Mandacarú Extração de Areia. Segundo ele, a empresa extrai e vende a areia, ficando para a Fundação parte dessa renda.
No entanto, quando foi questionado sobre os valores em dinheiro que entravam na Fundação com a venda da areia, por meio da Mandacarú, o padre Walfran disse que não podia revelar, sem a autorização do conselho curador da entidade.
Para o empresário Mauro Vasconcelos, “seria bom que ele (o padre) prestasse conta desse dinheiro, que entra na Fundação Leobino e Adelaide Motta ou deveria entrar, com a venda da areia, para que a gente possa pedir o ressarcimento desses valores, já que a área da extração de areia também é nossa, está dentro de um dos terrenos que eu comprei e que pertencia, originalmente, ao médico Melo Motta”. Ele teria adquirido as terras que o advogado do médico recebeu, como pagamento pela preparação confecção do inventário e do testamento.
Um dos terrenos que o empresário diz ser dono consta na escritura que a área era remanescente do Sítio Conto da Sereia, e teria sido comprado de Josina Maria Nunes Oliveira e seu esposo Pedro Ivo de Oliviera, faz divisa com as terras do espólio do médico Melo Motta, que doou todo seu patrimônio para a Igreja Calórica, por meio da Fundação Leobino e Adelaide Motta. Até o imóvel da residência oficial do arcebispo de Maceió, dom Antônio Muniz, na rua Ângelo Neto, no bairro do Farol, pertencia ao médico e foi doado à Igreja. É esse o endereço da Fundação criada pelo médico Melo Motta, que atuou também como jornalista (foi dono de jornal) e ex-deputado estadual.
Como no vídeo, que revelou essa contenda entre o empresário e o padre, denunciou a possibilidade de crime ambiental, a reportagem da Tribuna procurou ouvir os órgãos de fiscalização e controle: o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e o Ministério Público Federal (MPF), mas não teve retorno. A direção do IMA, por meio da assessoria de comunicação, informou que os técnicos do Instituto vão vistoriar o terreno, que estava sendo cercado, nesta quarta-feira para avaliar se houve dano ambiental ou não.
“O IMA vai enviar uma equipe de fiscalização ao local, amanhã”, afirmou a assessoria de comunicação do Instituto. O MPF recebeu a demanda, mas ainda não se pronunciou a respeito. Sobre o procedimento investigativo aberto para apurar denúncia de possível crime ambiental na área dos sítios Bom Retiro (da Igreja) e Accioly (do empresário Sérgio Chueke), a assessoria do MPF disse que está aguardando as perícias solicitadas à Polícia Federal para concluir as investigações. “O MPF continua aguardando a perícia solicitada à PF, a qual será analisada em conjunto com as demais provas colhidas para a adoção das medidas cabíveis”.
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