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Morre, aos 74 anos, o jornalista Plínio Lins

Por Tribuna Hoje 11/08/2023 10h32 - Atualizado em 12/08/2023 00h28
Morre, aos 74 anos, o jornalista Plínio Lins
Plínio estava internado para tratar um câncer - Foto: Arquivo Pessoal

Morreu nesta sexta-feira (11) em Maceió, aos 74 anos, o jornalista Plínio Lins. Ele estava internado há 58 dias em um hospital da capital para tratamento de um câncer no intestino. Fez uma cirurgia, mas teve complicações no pós-operatório.

O jornalista era carioca e veio morar em Maceió em 1973, fugindo da ditadura militar. Ele trabalhou no jornal impresso com passagens pela Tribuna, O Jornal e Gazeta de Alagoas, entre outros veículos.

O comunicador estava internado no Hospital Arthur Ramos, desde o começo de junho deste ano, onde passaria por um procedimento cirúrgico. No entanto, ele não resistiu à doença e faleceu na manhã de hoje. 

Atualmente, trabalhava na equipe de comunicação do senador Renan Calheiros.

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal) lamentou profundamente o falecimento do jornalista, ao mesmo tempo em que se solidarizou com familiares e amigos do grande profissional.  "Ele buscava ensinar sempre, desde a hora de apurar até escrever, sempre buscando um texto objetivo e direto, sem nunca esquecer da ética e responsabilidade do jornalista. Tanto que passou por diversos veículos, ganhou prêmios, foi secretário de Maceió e teve na militância política uma parte de sua história. Deixa um legado importante e que merece ser preservado para que os jornalistas do futuro conheçam quem foi Plínio Lins", destacou o presidente do Sindjornal, Alexandre Lino. 

Plínio Lins era sindicalizado desde 1978, dono do Registro Profissional 262, sendo um dos mais antigos em plena atividade na profissão. Respeitado por sua trajetória pessoal e profissional, passou pelos principais veículos de comunicação do Estado, entre eles a Rádio Novo Nordeste, Tribuna, O Diário, O Jornal, Gazeta de Alagoas e TNH1. 

Foi secretário de Comunicação de Maceió na gestão do prefeito Djalma Falcão. Fez história com suas entrevistas no Bar Casablanca, com o famoso Conversa de Botequim, por onde desfilaram os principais nomes da política alagoana e nacional dos últimos 40 anos. Também foi um dos principais militantes do PCdoB em Alagoas. Casado com Ana Mércia há 27 anos, é pai de Marina, João, Pedro (já falecido), Ula, Izabel e Rodrigo. Também era avô de três netos.

Mais homenagens

A Prefeitura de Maceió emitiu nota de pesar e lamentou o falecimento do jornalista e ex-secretário de Comunicação de Maceió, Plínio Lins, "ao tempo em que se solidariza com familiares e amigos. Natural do Rio de Janeiro, Plínio deixa conosco um legado para o jornalismo alagoano".

Enio Lins, ex-secretário de Estado da Comunicação do Governo de Alagoas, também destacou o legado do amigo: "um dos melhores jornalistas de Alagoas, texto impecável, elegante, intelectual. Querido amigo e camarada de tantas lutas desde 1979, partiu...". 

Para Milena Andrade, Chefe da Comunicação do Ministério dos Transportes, Plinio foi mais do que um companheiro de profissão. "Foi com ele que eu aprendi, na prática, a fazer o bom jornalismo: com coragem, ética e sempre buscando o melhor texto. Deixa um vazio gigante!". 

Luíza Barreiros, jornalista, lembrou que Plínio foi seu primeiro editor no jornalismo, na redação do O Jornal da Comendador Leão. "Mais que um chefe, foi um mestre, que me ensinou não só a boa técnica, mas principalmente a fazer um jornalismo ético e responsável. Sabia vibrar pelos furos de reportagem com a mesma intensidade com que cobrava da equipe empenho na apuração. Mesmo quando deixamos de trabalhar juntos, mantivemos uma amizade com amor e respeito recíprocos. O jornalismo perde uma referência e eu perco um amigo muito querido", salientou.

A jornalista Nide Lins comentou que por conta do 'Lins', muita gente achava que ela e Plínio seriam irmãos, mas não, eram amigos na militância política. "Depois trabalhamos juntos no jornalismo, ele chefe, sempre atento a tudo, qualquer erro chamava a atenção, porque queria que a informação chegasse ao leitor 100% certa. Dele, guardo o bom humor e a melhor frase sobre Carapeba: Se a Carapeba soubesse como era gostosa, não nadava, rebolava". Plínio, o câncer levou você, mas você fez escola no jornalismo, siga em paz. Viva Plínio!". 

Trajetória

Plínio Lins nasceu na Tijuca e se criou na Ilha do Governador. Fugiu do Rio em 1970, na ditadura, porque sentiu aquilo que Gilberto Gil canta: “amigos presos, amigos sumindo assim, pra nunca mais...”. Chegou em Maceió em 1973 para conhecer a cidade. Gostou e foi ficando. 

Para sobreviver, lavou carros, deu banho em cachorros, foi massagista de madame e vendeu jazigos do Parque das Flores. Depois trabalhou como comprador em usina, deu aulas e foi bancário da Caixa. 

No jornalismo, começou em 1976 na Rádio Novo Nordeste, trabalhou na TV Gazeta, jornal Gazeta em três ocasiões, Tribuna de Alagoas, O Diário e O Jornal, e fez fila em semanários. Como colaborador voluntário e militante comunista, teve trabalhos publicados nos jornais A Classe Operária, Tribuna Operária e na revista Princípios.