Cidades
Pinheiro: 3% resistem em deixar suas moradias
Vizinhança se estabeleceu entre Braskem e proprietários que aguardam indenizações

A dona de casa Ana Letícia Rodrigues, 36 anos, e a aposentada Honorina Mendes, 70 anos, são mulheres de gerações distintas e que estão unidas em um único propósito: aguardam juntas uma indenização que considerem justa para poder saírem de suas residências no Pinheiro.
No bairro com o maior número de casas atingidas pelo afundamento do solo, provocado pela Braskem, cerca de 97% dos moradores já desocuparam suas casas.
Ana Letícia e Honorina não estão sozinhas em nutrir essa esperança. Em meio à desolação que toma conta do bairro, somam-se histórias como a da família de Claudio Marques e de Jozilene Vanderlei do Rego, do procurador do Trabalho, Cássio Araújo, da psicóloga Edneide de Moraes.

Ana Letícia contou que alimenta o sonho de receber sua indenização e poder comprar uma nova casa em outro bairro ou até em outra cidade como fez sua avó ao receber a indenização e se mudar para Marechal Deodoro, ao sul de Alagoas.
“É o mínimo que essa empresa pode fazer pela gente. Estamos falando do ressarcimento financeiro e moral de toda uma vida. Até lá, Deus nos sustenta”, afirmou, ao ser observada pelos poucos vizinhos que, assim como ela, se agarram no que lhes restou de sonho".
Maceió
A capital Maceió tem 50 bairros ou pelo menos tinha antes dos desdobramentos da empresa Braskem começarem a ser registrados. Desde então, Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol estão praticamente sumindo do mapa. Além dos 50 bairros, a capital alagoana conta dois distritos (Fernão Velho e Floriano Peixoto) e uma localidade (Usina Cachoeira do Meirim).
As primeiras rachaduras foram detectadas em 2009. No entanto, somente em março de 2018, com o abalo sísmico causado pelo colapso de tetos de minas da Braskem essas rachaduras se apresentaram com mais intensidade.
Casas, prédios e endereços comerciais praticamente ruíram com rachaduras no solo jamais vistas na história. Sabe-se hoje que o problema teve origem na extração do sal-gema, um tipo de cloreto de sódio utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC, cuja responsabilidade é da Braskem.
Alguns processos correm na Holanda
A advogada Rita de Cássia Lima Silva Lemos teve, em suas mãos, mais de 10 mil ações judicias, algumas protocolizadas antes de vir o acordo. À medida em que os acordos eram firmados, os processos eram extintos. Seu escritório tem convênio com uma banca do Reino Unido, onde correm também processos contra a Braskem, na Holanda, por opção de alguns moradores, já que o país tem jurisdição para julgar denúncias relativas ao afundamento do solo em Maceió.
Logo no início, a Defesa Civil identificou fissuras com cerca de 1,5 quilometro de extensão. Foram observados tremores de magnitude 2,5 na Escala Richter.
O Pinheiro tem uma área de 1.96 Km² e 120 logradouros. O bairro fica localizado na 3ª Região Administrativa de Maceió,
Bebedouro
O bairro de Bebedouro foi o segundo a apresentar rachaduras. Depois surgiram os tremores com mais frequência e atingindo cada vez mais ruas. Muitos moradores residiam em casas centenárias, uma vez que as primeiras a existir no bairro que tem mais de um século de existência. O Bebedouro tem uma área de 2,20 Km² e 53 logradouros.
o transporte de cargas precisam estar atentos se os itens transportados estão cobertos e bem amarrados, dependendo do material, os profissionais irão precisar de cursos específicos, como por exemplo, para cargas perigosas”, alertou.
Junto ao solo que afunda foram embora os sonhos
Os moradores desses bairros assistiram, ao vivo e de dentro das suas casas, literalmente, o chão sumir dos pés. Junto ao solo que insiste em afundar foram embora sonhos, projetos familiares e perspectivas de vida, além de todo o investimento financeiro e emocional feitos em seus imóveis, cujas paredes, agora, ruem, como as retratadas nos filmes que contam o que restou de lugares atingidos por grandes catástrofes.
A psicóloga Edneide de Moraes saiu bem antes de qualquer negociação com a empresa. “Eu não sabia que se esperássemos teríamos direito a qualquer coisa que fosse. Ficamos muito assustados, providenciamos logo a mudança. Meu esposo passAou a sofrer de problemas cardíacos, precisou até de cirurgia. Nem meu pet recebeu assistência alguma. Minha filha repetiu o ano, entrou em depressão e tempos depois passou a ser assistida por psicólogos da Braskem. Minha vida mudou. A vida da minha família também”, detalhou sem ter boas recordações.
Por ouvir relatos como esse, o casal de Claudio Marques e de Jozilene Vanderlei do Rego, moradores da Rua Coronel Lima Rocha, recusaram e continuarão a recusar, segundo eles, qualquer proposta de aluguel social ou de indenização abaixo do que considera justo.
“As pessoas que conheço saíram de casa, às pressas, pressionados pela empresa, não receberam o valor acertado e ainda precisam tirar do bolso para pagar o aluguel”, afirmou, com ar de decepção.
De acordo com o presidente da Associação dos Empreendedores e Vítimas da Mineração em Maceió, Alexandre Sampaio, a Braskem é um poder paralelo. “Um Estado Totalitário que domina, pela injustiça oficializada, o destino da vida dos aproximadamente 60 mil moradores, seis mil empreendedoras e 15 mil trabalhadores. Isso sem falar nas pessoas nas bordas do mapa de risco nas áreas dos Flexais, Quebradas, Vila Saem, Bom Parto, Pinheiro e Farol”, enumerou.
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