Cidades

MPF e MP/AL acompanham perícia em visita ao antigo lixão de Maceió

Fiscalização vistoriou situação atual de vazadouro desativado; Perícia do MPF analisa se legislação ambiental, licenças e termos de TAC e de contrato com Orizon foram cumpridos

Por Ascom MPF/AL 17/04/2023 15h17 - Atualizado em 17/04/2023 18h01
MPF e MP/AL acompanham perícia em visita ao antigo lixão de Maceió
Fiscalização no antigo lixão - Foto: Ascom MPF/AL

Na manhã desta segunda-feira, 17, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) visitaram o antigo vazadouro (lixão) de Maceió, no bairro de Cruz das Almas. A vistoria, acompanhada por engenheiro sanitarista, perito do MPF, ocorreu com o objetivo de verificar a situação atual do maciço de lixo e se a desativação do antigo lixão cumpre legislação ambiental, licenças e condições do Termo de Ajuste de Conduta (TAC), firmado em 2004, e do contrato com a Orizon.

A inspeção se deu sob a coordenação do procurador da República Lucas Horta, pelo MPF, e pelos promotores de Justiça Fernanda Moreira e Alberto Fonseca, pelo MP/AL, com a presença de representantes da Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes), da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) e da empresa Orizon (que sucedeu a V2 Ambiental).

A presença das instituições no antigo lixão de Maceió busca a continuidade da coleta de dados operacionais e levantamentos relacionados à situação atual do maciço de lixo e aos efluentes gerados pela unidade já desativada, especialmente considerando a denúncia de vazamento de chorume no ano de 2021 e suspeita de contaminação do mar.

Constatações

Constatou-se que onde havia um enorme maciço de lixo até o ano de 2010, quando foi oficialmente desativado, hoje há uma área verde, de vegetação rasteira. No entanto, há controvérsias do ponto de vista técnico e espera-se que a perícia do MPF analise o TAC firmado com a Prefeitura, homologado em 2004, que teve como objeto a desativação do antigo lixão, e o contrato entre o Município e a empresa Orizon, apontando o que foi cumprido e o que está pendente.

Pela Orizon, empresa que sucedeu a V2 ambiental na gestão do antigo lixão, foi relatada a situação atual: “Em cima do maciço não há odor, não é área edificável, mas estudos apontam para inexistência de gases tóxicos e há coleta semanal de chorume para análise. O chorume é baixo. Há poços de monitoramento: dentro ainda tem contaminação, fora não. Praticamente 100% da área possui cobertura vegetal, a área foi murada, mas foi depredada”. A Orizon considera o vazadouro recuperado e apto a ser devolvido ao município.

O promotor de Justiça do Ofício do Meio Ambiente, Alberto Fonseca, destacou algumas não conformidades observadas. “Vimos muro e telhado de pequeno mirante depredados ou deteriorados, falta vigilância e segurança, não há controle de acesso, encontramos animais pastando livremente em terreno contaminado. O local apresenta algumas não conformidades importantes”, constatou Alberto Fonseca.

Fernanda Moreira, também promotora de Justiça, lembrou a situação degradante do lixão quando estava operando. “No passado, visitar o lixão era muito penoso, porque havia muitas pessoas que tiravam seu sustento daquela miséria, inclusive crianças correndo atrás de caminhões de lixo. Era tudo muito triste. Hoje, se não estamos numa situação perfeita, com certeza obtivemos um avanço considerável”, comentou Fernanda Moreira.

O procurador da República Lucas Horta pontuou que a situação encontrada pareceu melhor que nas denúncias que chegaram ao MPF. “Apesar de vermos uma situação melhor do que o cenário apontado em relatos anteriores, não temos elementos suficientes para uma avaliação final. Vamos voltar a nos reunir, especialmente após o laudo pericial, para sabermos se há risco de novos vazamentos de chorume e definirmos os próximos passos”, finalizou Lucas Horta, titular de um dos ofícios de Meio Ambiente no MPF em Alagoas.

Entenda

Tramita no Ministério Público Federal o inquérito civil nº 1.11.000.000287/2021-71 instaurado para apurar a ocorrência de danos ambientais em virtude da ausência de recuperação ambiental do antigo vazadouro (lixão) de Maceió/AL pela empresa concessionária pública V2 AMBIENTAL, causando o lançamento de chorume nas praias de Cruz das Almas e Jacarecica.

A empresa Orizon sucedeu a antiga V2 Ambiental e tem demonstrado interesse em regularizar as inconformidades ambientais que foram identificadas anteriormente, tanto no antigo lixão como no CTRM.

Também no MPF, tramita o inquérito civil (nº 1.11.000.000284/2021-38) instaurado para apurar o depósito irregular de resíduos líquidos (chorume/percolado) oriundos da CTRM, pela empresa concessionária pública V2 AMBIENTAL SPE LTDA, sem o adequado tratamento para lançamento no Emissário Submarino de Maceió/AL, operado pela BRK Ambiental.

Além dos ministérios públicos, dos órgãos municipais e da empresa, também acompanhou a vistoria a assessoria do gabinete do deputado federal Fábio Costa.

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