Cidades

Estudante de Maceió tira nota mil na redação do Enem 2022

Formado em Engenharia de Petróleo pela Ufal, Luís Felipe Alves se prepara há três anos para ingressar em Medicina

Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente 10/02/2023 09h56 - Atualizado em 10/02/2023 10h01
Estudante de Maceió tira nota mil na redação do Enem 2022
Estudante nota mil na redação do Enem, Luís Felipe Alves destaca que textos feitos em sala de aula ajudaram a conquistar o resultado - Foto: Adailson Calheiros

O estudante de Maceió Luís Felipe Alves, de 24 anos, está entre os participantes que tiraram nota mil na edição de 2022 do Ensino Nacional do Ensino Médio (Enem). O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) antecipou a publicação dos resultados para ontem (9). O estudante nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, mas mora em Maceió desde 2010.

Luís Felipe é formado em Engenharia de Petróleo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mas há três anos faz o Enem para ingressar em Medicina. “Até o segundo ano do ensino médio, eu queria Direito, depois mudei para Medicina, mas a nota não deu no terceiro ano. Aí como eu gostava de exatas fui fazer engenharia. Depois vi que não era a profissão que queria e decidi voltar a ser vestibulando”, contou o estudante.

Nos anos anteriores, Luís Felipe conseguiu mais de 900 pontos na redação, mas disse que não esperava conseguir nota mil. “Em 2020, tirei 980 na redação, bati na porta dos mil. Em 2021, o meu resultado foi menor, tirei 960. Quando a gente vai fazer a prova, vai cheio de ansiedade, nervosismo, a gente sai da prova pensando que poderia ter botado isso e aquilo, que fugiu do tema, que não argumentou direito. Não estava esperando mil, estava esperando uma média parecida com as que tinha tirado, porque a estrutura em si foi parecida, mas o mil não”, disse.

O tema da redação do Enem foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. O estudante contou que as redações feitas em sala de aula ajudaram a conquistar o resultado.

“Tínhamos trabalhado a questão indígena, que é somente um dos povos tradicionais. E aí cheguei a fazer duas redações sobre esse tema. Na hora do Enem, caiu algo totalmente mais amplo, mas, quando vi o tema, pensei logo que já tinha um ponto para falar, o branco inicial não veio. Aí usei a questão indígena como exemplificação e argumentação”, afirmou Luís Felipe.

Além da questão indígena, o estudante também abordou a questão dos pescadores e comunidades ribeirinhas que dependem da pesca, mas são afetadas pelo garimpo ilegal. Luís Felipe contou que mudar a forma de treino da redação ajudou bastante.

“Durante a preparação, eu escrevia a redação, os professores corrigiam, diziam o que estava errado e eu reescrevia, que era uma mania que eu não tinha, eu não reescrevia. Eu via a correção e falava que na próxima ia fazer diferente, mas, ano passado, me orientaram a reescrever o que eu tinha feito e tirar os erros que sinalizaram. Isso ajuda bastante”, explicou.

Luís Felipe disse que ficou na dúvida na hora da prova por ser um tema muito amplo e com receio de ter fugido do tema por falar algo específico. “O Enem cobra uma proposta de intervenção no último parágrafo. Como você vai fazer uma proposta de intervenção que sirva para 26 povos totalmente diferentes? Até mesmo dentro dos indígenas, eles são muito plurais, cada tribo é diferente. Então eu pensei: faço uma redação muito superficial ou eu falo do geral e puxo exemplos bem específicos que tenho domínio? Aí escolhi a segunda opção, mesmo com receio de considerarem como fuga ao tema”, contou.

Ritmo da rotina de estudos foi bem puxado

Segundo o estudante, a rotina do último ano foi bastante puxada. “Eu estudava no cursinho de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h45, e nas quartas e sextas até as 17h. Eu não era disciplinado de impor horários e determinar as matérias para estudar em casa, porque não é todo dia que você tem o mesmo rendimento. Tinha dia que eu rendia 10% do que tinha planejado e tinha dia que conseguia render bem mais, mas estudava bastante. A rotina foi focar muito em exercício porque às vezes a gente fica muito na teoria. E os exercícios acho que são a parte mais importante, principalmente a questão do manejo do tempo, porque é uma prova muito extensa”, afirmou.

Apesar de ter tirado nota mil na redação, o estudante afirmou estar com os “pés no chão”. “Comparando com as notas de corte que vêm tendo desde 2020, que estão nas alturas, estou com os pés no chão. Tirei mil na redação e 781 na média geral, que é uma nota muito boa, mas que está longe do patamar de Medicina”, contou.

SOBRE O ENEM

No Enem, os estudantes fazem provas de quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias. Ao todo são 180 questões objetivas, além da redação.

Os desempenhos dos participantes são calculados com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI). O método é um conjunto de modelos matemáticos que busca representar a relação entre a probabilidade de o participante responder corretamente a uma questão, seu conhecimento na área em que está sendo avaliado e as características (parâmetros) dos itens.

Já as redações do Enem são avaliadas de acordo com as cinco competências apresentadas na matriz de referência. A nota pode chegar a 1.000 pontos, mas há fatores que levam à nota zero. Entre eles, fuga ao tema, extensão total de até sete linhas, trecho deliberadamente desconectado do tema proposto, não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa e desrespeito à seriedade do exame.

O resultado do Enem pode ser usado na seleção de estudantes por universidades públicas e privadas no Brasil, por meio de programas como Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).