Cidades

Organizações do campo protocolam solicitação de audiência com governador Paulo Dantas

Sete movimentos sociais e organizações de luta pela terra cobram o retorno de pendências da pauta de reivindicações já tratada com o governo estadual antes das eleições

Por Lara Tapety / Ascom CPT/AL 24/11/2022 18h14
Organizações do campo protocolam solicitação de audiência com governador Paulo Dantas
Ofício foi entregue na quarta-feira (23) - Foto: Lara Tapety / Ascom CPT/AL

Na manhã de quarta-feira, 23, movimentos sociais e organizações de luta pela terra de Alagoas protocolaram um ofício solicitando uma audiência com o governador Paulo Dantas no Palácio República dos Palmares. O objetivo é retomar assuntos, ainda sem definição, tratados com o chefe de estado há quatro meses, durante a jornada de luta por Reforma Agrária e contra a fome e a miséria.

De acordo com o documento, um dos pontos prioritários diz respeito aos encaminhamentos resolutivos à pauta das terras da massa falida do Grupo João Lyra (ou seja, das antigas usinas Guaxuma e Laginha) para beneficiar as famílias sem-terra que ocupam essas áreas – como parte de acordo existente entre os Poderes Executivo e Judiciário de Alagoas e as organizações do campo. Outra questão a ser discutida é a política agrícola para o campo que atenda as demandas de desenvolvimento dos assentamentos.

Essas reivindicações são coletivas da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Frente Nacional de Luta (FNL), do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), do Movimento de Luta pela Terra (MTL), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Movimento Terra Livre (TL).

Representantes dessas sete organizações do campo aproveitaram a ocasião para fazer uma visita ao diretor-presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), Jaime Silva, com intuito de informar sobre a solicitação formal de audiência com o governador Paulo Dantas e pedir que o órgão faça a intermediação para que o encontro ocorra o quanto antes.

No Iteral, Marcos Antônio (Marrom), da FNL, introduziu a reunião a partir da avaliação de que o órgão deu suporte para que demandas paliativas dos movimentos fossem atendidas nos últimos anos. Ele frisou que reconhece a boa vontade por parte do diretor-presidente, contudo, passada a eleição, há uma preocupação com as próximas ações políticas do governo estadual.

“Em relação ao Incra, queremos uma equipe que abra o diálogo; e quanto ao Iteral, esperamos continuar contando com você para termos menos conflito no campo e mais produção da agricultura familiar. Essa é nossa ação inicial para mostrar que vamos continuar cobrando nossas reivindicações no governo Paulo Dantas”, explicou Marrom.

A dirigente do MST, Margarida Maria (Magal), lembrou que as pautas trazidas pelos movimentos sociais e organizações de luta pela terra são antigas: “São reivindicações que foram apresentadas desde o primeiro governo de Renan Filho. Entendemos que o governo de Paulo Dantas é continuidade e esperamos que nossas pautas sejam atendidas”.

Para Jaime Silva, a eleição de Luís Inácio Lula para a Presidência da República e de Paulo Dantas para o Governo de Alagoas abriu uma “oportunidade ímpar” para a reforma agrária no estado. “Tudo isso que vocês estão pedindo é corretíssimo”, disse.

Josival Oliveira, do MLST, considera que independentemente do presidente eleito Lula, o importante é ter uma capacidade operacional que funcione para a Reforma Agrária. Segundo ele, a Secretaria de Agricultura (Seagri) está voltada para atender os interesses exclusivos do agronegócio e as demandas da agricultura familiar ficaram sob responsabilidade do Iteral, que é carente de estrutura.

As organizações do campo têm o consenso de que faltam políticas públicas concretas voltadas para a agricultura familiar em Alagoas. “Renan Filho não conseguiu desenvolver uma política para a agricultura familiar. Ele conseguiu fazer iniciativas pontuais, mas nada estrutural”, afirmou Josival. E finalizou: “O que nós precisamos é ter claro e eu espero que possamos ter a reunião com o governador, para falar que essa instituição é importante e precisa ser reestruturada, para que tenha estrutura, assessoria técnica, e possa cumprir seu papel”.

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