Cidades

Número de casamentos cai este ano em Alagoas

Economia do País tem contribuído para o adiamento do sonho de muitos casais

Por Sirley Veloso – Colaboradora 10/05/2022 08h08 - Atualizado em 10/05/2022 08h12
Número de casamentos cai este ano em Alagoas
Rafaela e Maurício: crise econômica brasileira refletiu também na aquisição do imóvel do casal - Foto: Arquivo pessoal

O número de casamentos realizados em Alagoas, entre os meses de janeiro a abril deste ano, caiu em relação aos acontecidos no mesmo período de 2021, quando a pandemia de Covid-19 ainda não estava sob controle. Pelo menos é o que apontam os dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/AL), que reúne informações sobre registros de nascimentos, casamentos e óbitos.

Segundo a Arpen/AL, nos quatro primeiros meses de 2019, antes da Covid, foram registrados 4.287 casamentos. No mesmo período de 2021, auge da pandemia, foram 4.177 e este ano o número caiu para 3.489. São 688 matrimônios a menos que o ano passado.

A situação econômica enfrentada pelo povo brasileiro, com inflação galopante, é vista por empresários de eventos como causa da redução no número de casamentos. Janaina Cavalcante atua no setor, com locação de espaço e de móveis para festas, além de oferecer consultoria para a realização de eventos. Segundo ela, o aumento de preços generalizado tem provocado dificuldades para o segmento.

“Passamos dois anos parados e, quando a gente volta, achando que vai ser o auge, vem a crise econômica impactando demais o setor”, afirmou Janaina.

A empresária disse que, para tentar driblar a crise e atender o sonho do cliente, tem sugerido festas menores. “Tudo aumentou. Está todo mundo enfrentando dificuldades. Então estamos propondo a realização de pequenos eventos, para que nossos clientes não deixem de realizar seus sonhos”, disse ela.

A expectativa, conforme Janaina, é que o setor possa melhorar entre o segundo semestre deste ano e o ano 2023. “A nossa esperança é que a partir do próximo semestre as coisas melhorem, mas ainda está muito lento. Estamos tendo que nos adaptar ao bolso do cliente. Em fevereiro de 2019 eu já não tinha mais vagas para o segundo semestre. Este ano, em maio, ainda tenho. Todos os fornecedores têm reclamado. A pessoa que decora os meus eventos, ainda esses dias, reclamava do preço das flores. Um pacote com vinte rosas, que custava entre R$ 26 e R$ 30 antes da pandemia, hoje fica entre R$ 80 e R$ 90, podendo chegar até mais se compradas a revendedores”, reclamou.

Recepcionista tem adiado sonho desde 2019


A recepcionista Rafaela Almeida disse que vem adiando o sonho do casamento desde 2019. “Estávamos nos programando para casar em novembro de 2019. Mas, como não queria ficar com despesas da festa para pagar após o casamento, adíamos para o ano seguinte e aí veio a pandemia. Não tínhamos segurança para realizar festa. Eu e meu noivo [Maurício Marinho] estávamos preocupados, principalmente com nossos pais, por conta da idade. Mais uma vez adiamos o sonho para 2021 e, além da pandemia que continuava, veio a instabilidade econômica”, disse Rafaela.

A recepcionista relata que a crise econômica enfrentada pelos brasileiros refletiu também na aquisição do seu imóvel. “Nós já havíamos dado a entrada em um apartamento, mas veio a informação que o preço precisaria ser reajustado e a data da entrega foi prorrogada para o próximo ano. O que vai nos sobrecarregar ainda mais, já que vamos ter que pagar aluguel por aproximadamente um ano”, lamentou.

Rafaela disse ainda que a família vem ajudando, como pode, na realização do sonho do casamento, mas, mesmo assim, tem sido difícil. “Eu, meu noivo e minha mãe estamos nos organizando com a festa e meus sogros vêm contribuindo para a aquisição do imóvel. Íamos fazer a cozinha e a sala planejadas. Mas, para reduzir despesas, vamos fazer apenas a cozinha. Deixaremos sala e quartos para depois, pois ainda vamos ter que arcar com outros custos que pesam muito no orçamento doméstico, a exemplo de energia e feira”, concluiu.