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Alagoas mantém feriado e novo pico de Covid-19 não é descartado

Estado e municípios garantem fiscalização no período de Carnaval, mas a preocupação com a doença continua

Por Texto: Carlos Victor Costa, com Assessoria com Tribuna Independente 13/02/2021 12h52
Alagoas mantém feriado e novo pico de Covid-19 não é descartado
Reprodução - Foto: Assessoria
O governador Renan Filho (MDB) decidiu manter o ponto facultativo no serviço público estadual durante o período de Carnaval, mas ressaltou o Governo de Alagoas vai aumentar a fiscalização para coibir aglomerações durante o feriado. Em alguns estados brasileiros, o feriado foi suspenso. Os municípios alagoanos já haviam anunciado que iriam adiar as festas de carnaval, no entanto mesmo sem festa, as cidades litorâneas estão com lotação garantida e a expectativa é que terá aglomeração em praias, restaurantes e festas particulares. No entanto, na coletiva que anunciou a manutenção do ponto facultativo, Renan Filho disse que Maceió e os municípios que tradicionalmente atraem maior número de foliões receberão atenção especial por parte das forças de segurança. “Vamos fazer fiscalização maior nas cidades em que [tradicionalmente] há mais eventos”, explicou o governador. “O secretário Alfredo Gaspar de Mendonça está preparando uma grande Operação Carnaval para marcar presença em todos os lugares de Alagoas”. A precaução do governador é motivada pelo aumento da taxa de ocupação de leitos exclusivos para Covid-19. O índice subiu 12% em dez dias – passando de 43% no dia 1º de fevereiro para 55% na última quarta-feira (10) – o que fez o governo ligar o sinal de alerta. ALERTA REDOBRADO Para a infectologista Luciana Pacheco, membro da Sociedade Alagoana de Infectologia, as celebrações do Natal e do Réveillon no final de 2020 mostraram que o vírus da Covid-19 se transmite facilmente entre pessoas aglomeradas, seja em festas maiores ou em encontros familiares e de amigos. Ela pontua que o aumento significativo de casos em janeiro e persistente até o momento é um reflexo disso. “Infelizmente a decisão de manutenção do feriado do Carnaval foi tardia e no nosso ponto de vista equivocada porque permite que as viagens, hospedagens, aluguel de casas nas praias tenham sido mantidas pela população que parece não acreditar mais na potência da pandemia, descumprindo as medidas de proteção contra a doença. A dificuldade na fiscalização de festas clandestinas e a falta de conscientização de promotores desses eventos contribuem para essas aglomerações”, destaca a infectologista. A infectologista avalia que é previsível que em cerca de 15 dias após o Carnaval o estado tenha um novo pico de casos da doença. Luciana ressalta que o que preocupa também é o fato de que este período coincidirá com o início do período sazonal das doenças respiratórias em Alagoas, podendo, de fato, haver colapso da rede hospitalar já bastante ocupada. “A prefeitura de Maceió declarou o ponto facultativo mais precocemente, e também de forma equivocada, indo em contrário a maioria das capitais do Nordeste. A morosidade da vacinação permite que o vírus continue se espalhando com risco de instalação de cepas variantes entre nós. Desta forma a Sociedade Alagoana de Infectologia lamenta essas decisões que vão de encontro à necessidade de evitar aglomeração da população num momento ainda caótico da pandemia. Esperamos que as pessoas escutem as orientações já tão disseminadas, que mantenham o distanciamento, usem máscaras e lavem as mãos sempre”. PREOCUPAÇÃO Segundo Denisson da Silva Santos, integrante do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, o grupo não fez um acompanhamento da decisão de cada município, mas sim no modo mais agregado das tomadas de decisões. Por exemplo, as festividades foram suspensas nos 102 municípios alagoanos, porém, ele explica que não há um consenso sobre o que fazer com o feriado, com o ponto facultativo tradicional. Isso mostra que mais uma vez não há uma coordenação no combate à pandemia. “Os perigos residem na possibilidade de um descontrole maior da pandemia, pois, a população pode intensificar a circulação em ambientes contaminados e transmissão para ambientes com menor taxa de contaminação. Na última semana epidemiológica vimos um aumento da taxa de incidência no interior de Alagoas que pode ficar ainda pior, já que as pessoas tendem a circular mais para interior do estado nos feriados prolongados, seja em sentido as cidades litorâneas, seja em direção ao oeste do estado”. Ele destacou ainda que o Brasil entrou em pandemia sem coordenação que habitualmente em sistema federativo se daria a partir da União, o que não ocorreu. “Cada ente federativo agiu por si, seja no nível do estado, seja no nível dos municípios. O que chegou mais próximo de uma coordenação de ação foi o Consórcio do Nordeste, porém não evoluiu. Então, não é que o estado de Alagoas tivesse que seguir o estado A ou B, mas participar de uma ação coordenada e coordenar as ações internamente com os municípios que fazem parte do território”.