Cidades

Manchas são detectadas em corais do Pontal do Peba

Pesquisadores fizeram mergulho na região e devem realizar nova análise para identificar a dimensão do dano

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 29/10/2019 08h51
Manchas são detectadas em corais do Pontal do Peba
Reprodução - Foto: Assessoria
Um mergulho realizado na manhã desta segunda-feira (28) detectou a presença de manchas de óleo nos corais de Pontal do Peba, em Piaçabuçu. De acordo com o professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Claudio Sampaio, uma nova análise precisa ser feita para mensurar o tamanho dos danos e como o óleo poderá ser removido. “Encontramos óleo nos recifes do Pontal do Peba. Amanhã [terça-feira, 29] irei novamente com a Professora Taciana Kramer para estimar a área e volume, discutir uma metodologia viável com todos aqui, para sua posterior remoção, que deve ser rápida, evitando mais impacto nos recifes e na praia”, pontuou. Sampaio explica que na avaliação desta segunda não foi possível estimar a área atingida devido à visualização ruim. Segundo ele, o óleo estava associado a algas. “Não foi possível estimar a área recifal oleada. O óleo estava associado ao sargaço (algas), de difícil visualização. Tentarei estimar a área e buscar métodos adequados para a retirada desse óleo” garantiu. Além dos corais de Pontal do Peba, os pesquisadores detectaram manchas de óleo na praia em Feliz Deserto e a presença de massunins mortos. A quantidade de animais mortos chamou a atenção. “Há óleo em Feliz Deserto e no Peba, nos corais do Peba, e em Feliz Deserto apenas na areia da praia e massunins mortos”, resumiu o professor. A atividade faz parte de uma força-tarefa de pesquisadores formada na última sexta-feira (25) pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O objetivo é mapear as áreas atingidas pelo óleo no litoral alagoano por meio de estudos, análises e pesquisas in loco. Segundo o coordenador da ação, professor Emerson Soares, todo a costa será percorrida nas atividades. [caption id="attachment_336328" align="aligncenter" width="640"] Quantidade de massunins mortos na praia de Feliz Deserto chama a atenção dos pesquisadores que analisam região afetada pelo óleo (Foto: Cortesia)[/caption] Presença de óleo nos recifes não foi identificada   Claudio Sampaio é professor da Ufal no Campus Penedo, e no fim de semana já havia conduzido mergulhos em Coruripe para avaliar as condições dos corais. Por lá, não foi identificada a presença de óleo. “O mergulho científico foi realizado com sucesso, embora a água estivesse um tanto turva, conseguimos acessar grandes tocas, reentrâncias e buracos nos Baixios de Don Rodrigues, um lugar de rara beleza, além de grande importância histórica e ecológica”, disse Sampaio. O professor afirmou que o foco do mergulho foi para espécies mais sensíveis e a possível ocorrência de estresse no ambiente. “Essa região apresentou uma boa cobertura de coral, grande parte saudável e sem sinais de doenças ou branqueamento em massa. Focamos em organismos sensíveis ao óleo, como corais, esponjas e poliquetas ‘árvore de Natal’ que filtram seu alimento na água. Atenção especial para organismos ameaçados de extinção como os peixes Grama e Neon Goby, além de peixes carnívoros e crustáceos como moreias, ciobas, sirigados, aratus, paguros e lagostas, todos de grande importância econômica e sem sinais estresse”, explicou Os pesquisadores analisaram até a profundidade de 10 metros e não encontraram vestígios de óleo nos corais, tampouco nos animais. “Também buscamos sinais de óleo nas áreas rasas de piscinas e poças de maré até a profundidade máxima de 10 metros, inclusive na região arenosa adjacente ao recife, contudo sem vestígios ou sinais do petróleo na área. Durante o trajeto até os recifes, observamos a superfície do mar e aves marinhas, como as andorinhas do mar, espécie migratória em nossa região sem, contudo, registrar manchas de óleo”, reforçou Sampaio. Locais em Ipioca e Paripueira estão “limpos”   Ainda no fim de semana, o professor Emerson Soares, também da Ufal, coordenou mergulhos numa extensão de 5km entre Ipioca e Paripueira. Os corais da região não apresentam sinais da presença de óleo. De acordo com o pesquisador, a ação faz parte de uma série de atividades de avaliação que estão previstas para os pontos do litoral alagoano atingidos pelas manchas de óleo. “Mergulhamos aqui numa faixa de 5km e está tudo ok nos corais. A equipe foi composta por Andrey Farias  do Criadouro fauna; Karlla Lima, mestre em comportamento ambiental e mergulhadora; Bárbara Pinheiro, da UFBA; Vanderlei Turatti, proprietário do Hibiscus; e Juliano Fritcher, mergulhador e biólogo do Instituto Brasileiro de Vida Marinha”, destacou Emerson Soares. Conforme adiantou a reportagem da Tribuna Independente do último fim de semana, uma força-tarefa de pesquisadores da Ufal iniciou a avaliação dos impactos e extensão dos danos após o derrame de óleo. “A pedido da Magnífica Reitora, Professora Maria Valéria Costa Correia, formamos uma Força-Tarefa da Ufal para Monitoramento, Avaliação e Mitigação do Impacto da Poluição por Óleo na Zona Litorânea de Alagoas. A equipe trabalha com diversas áreas especializadas, conta com os seguintes membros: Emerson Soares (Ceca) coordenador, Renato Gaban (ICBS), Cláudio Sampaio (Penedo),  Taciana Kramer (Penedo),  Marília Goulart (IQB), Antônio Euzébio (Ceca), Josué Santos (IQB), Robson dos Santos (ICBS/PELD-APA Costa dos Corais), Carlos Ruberto (CTEC), Leonardo Viana (IC / Propep).” Esta semana, uma reunião da Academia Brasileira de Ciência acontece em Pernambuco e reunirá pesquisadores de todo o Nordeste para discutir o assunto. “Estaremos lá representados pela professora Marília Goulart integrante da força tarefa, representando Alagoas”, explicou Soares. Vinte animais já apareceram com indícios de petróleo em Alagoas   Segundo o último boletim divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 20 animais foram encontrados com óleo na costa alagoana. Destes, 13 foram tartarugas, cinco aves, um golfinho e uma espécie não identificada. Dos 20 animais, 14 foram encontrados mortos, os seis restantes com vida. [caption id="attachment_336329" align="aligncenter" width="640"] Foram encontrados oleados 13 tartarugas, cinco aves, um golfinho e uma espécie não identificada; desse total, 14 estavam mortos e seis com vida (Foto: Cortesia)[/caption] Ainda de acordo com informações do Ibama,  33 áreas do litoral alagoano têm vestígios de óleo e quatro ainda contêm manchas. Em cinco áreas, não foram observadas novas ocorrências. A assessoria de comunicação do Instituto do Meio Ambiente (IMA-AL) foi procurada pela reportagem, mas até o fechamento desta edição não houve retorno nem informações se um novo boletim da situação nas praias alagoanas seria divulgado. Também não há informações sobre o andamento da limpeza, tampouco se há novos focos de óleo.