Cidades

Em Alagoas, 67 homossexuais foram expulsos de casa este ano

Casos foram atendidos pelo GGAL este ano; local de acolhimento será aberto em novembro para amparo das ocorrências

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 16/10/2018 09h15
Em Alagoas, 67 homossexuais foram expulsos de casa este ano
Reprodução - Foto: Assessoria
O grupo Gay de Alagoas (GGAL) registrou, de janeiro até esta segunda-feira (15), 67 casos de homossexuais expulsos de suas residências pelas famílias. Em todo o ano passado, o número de casos comunicados a entidade chegou a 84. De acordo com o presidente do GGAL, Nildo Correia, estes números correspondem aos casos que chegam ao conhecimento, o que pode significar que muitos outros estejam em subnotificação e por consequência, sem amparo. “Infelizmente a nossa demanda não cobre a realidade dos dados atuais do GGAL. Só este ano tivemos 67 buscas pelo acolhimento, busca por ajuda, por não ter para onde ir. Então nós tentamos com os parceiros uma ajuda para achar um local onde essa pessoa fique, para tentar devolver ao seio familiar. Se tivermos o apoio e o reconhecimento da sociedade acreditamos que aos poucos podemos ampliar o suporte”, explica. Para o ativista é necessário políticas de enfrentamento da situação, além de capacitação dos profissionais e autoridades envolvidas. “Por incrível que pareça, a problemática não está só na questão da família, só na questão do LGBT, o que existe de busca, de ajuda com o Conselho Tutelar, porque muitas vezes a vítima, o menor é expulso de casa e o próprio conselheiro muitas vezes nem sabe como agir. Porque tem que haver o cuidado de não obrigar a família a receber, para não causar um sofrimento um a violência ainda maior... A gente precisa de um trabalho mais amplo. Não só a questão da vítima, da aceitação familiar, mas a de formação das pessoas”, destaca. Como forma de dar amparo a esses casos um centro de acolhimento será implantado em Maceió ainda este ano. Segundo Nildo Correia, a previsão é de que a partir de novembro, essas e outras situações de vulnerabilidade do público LGBTI sejam atendidas no local. “O acolhimento físico, estamos trabalhando com a perspectiva de acolher entre 10 e 15 pessoas. Nós chamamos de acolhimento físico aquele amparo às pessoas que são expulsas de casa, ficam sem ter onde morar, e são temporariamente abrigadas. É temporário porque nós não dispomos de estrutura para dar moradia permanente. Esse acolhimento ocorre enquanto a gente não conversa com a família, não insere no mercado, não acha uma solução para essa pessoa. A gente tenta ver como inserir no mercado de trabalho, num curso profissionalizante, para que não só ele seja inserido no seio familiar o mais rápido possível, mas num contexto de independência, de combate a vulnerabilidade”, diz Correia. Segundo Nildo, além de moradia temporária, a Casa de Acolhimento LGBTI+ de Alagoas deverá ofertar atendimentos psicológicos e capacitações profissionais. “Teremos assessoria jurídica, psicológica, assistência social, cursos de capacitação. O projeto não é apenas de acolhimento aos LGBT’s que são expulsos de casa, mas também essa prestação de serviço em parceria com alguns sistemas como a Rede S, faculdades e outras parcerias. Mas a idealização é do Grupo Gay”. O espaço que é alugado, passará por mutirões de limpeza e reformas até novembro. “A casa ainda não está aberta. Ela vai passar por mutirões para depois começar a funcionar. São mutirões de limpeza, de pequenos serviços, reformas. Era um espaço de herdeiros, que estava abandonado e então precisa de reparos, de portas, uma série de coisas. Até o momento cerca de 40 pessoas estão mobilizadas nestes mutirões. Também vamos ter ação de doação de mobília, material necessário... É uma série de coisas, porque como não dispomos de recursos para manter precisamos realizar esses mutirões e contar com as parcerias”, explica. O presidente da entidade reforça a necessidade de apoio da sociedade uma vez que o GGAL trabalha em parcerias e não dispõe de recursos próprios para a execução do projeto. “Como a instituição não dispõe de valor financeiro para mão de obra, resolvemos fazer um chamamento público, para que a população LGBTI+ alagoana, e outros participem e contribua com a ação. Os interessados devem entrar em contato com a instituição, através do telefone (82) 99644-1004 e buscar s informações de como participar. A instituição também pede a colaboração das pessoas através da doação de materiais de limpeza em geral , doação de mobília, material de construção, entre outros”, pontua o presidente do GGAL.