Cidades

Natalidade entre adolescentes chega a 76,2 por mil mulheres em Alagoas

Dados do IBGE apontam para avanço nas desigualdades sociais

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 10/03/2018 08h38
Natalidade entre adolescentes chega a 76,2 por mil mulheres em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

Alagoas tem taxa de 76,2 nascimentos para cada mil mulheres de 15 a 19 anos. A média nacional é de 56 nascimentos. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados esta semana em alusão ao Dia Internacional da Mulher.

A socióloga Danúbia Barbosa avalia que a informação é preocupante e apresenta as graves desigualdades no estado. “O dado é alarmante e aponta para a perpetuação de um círculo vicioso no estado. O dado não deixa claro, mas a gente sabe que grande maioria faz parte da classe baixa a miserável, mas também têm meninas de grupos sociais mais favorecidos. Se a gente for falar pela maioria, a gente vai ver que elas reproduzem uma lógica que encontram em casa. São pessoas filhas de mulheres que tiveram filhos muito cedo, que têm expectativa de vida muito baixa, que o braço do Estado não consegue abarcar. E aí você esbarra na questão da educação, da educação sexual que não consegue adentrar nas escolas quanto mais nas casas. Porque a educação sexual ainda é tabu. Apesar de termos muita informação, essa informação não é instrumentalizada”, analisa.

Ainda segundo a pesquisa, as mulheres no Brasil estudam mais, um percentual 37,9% superior ao dos homens em relação à formação superior. Segundo os dados, 23,5% das brancas e 10,4% das pardas completaram a graduação. No entanto, ganham em média R$ 500 a menos.

“É uma reprodução, porque a única coisa que pode romper essa ‘lógica’ negativa é a introdução de políticas públicas. Enquanto isso se discute coisas que não rompem com essa lógica”, acrescenta.

A representação feminina no serviço público é outro ponto apresentado na pesquisa. Elas ocupam apenas 37,8% dos cargos gerenciais e estão em 10,5% nos assentos da Câmara Federal.

“A relação da mulher no âmbito social é muito pequena. Se você levar em consideração que os partidos políticos têm participação obrigatória de mulheres que não participam ativamente, isso é, são massa de manobra, como esposas, namoradas, irmãs, avós de homens que já participam majoritariamente. Outro dado social é a questão cultural. A menina quando tem filhos nessa faixa etária, ela acha que ter filho é emancipação, é ter liberdade maior de uma condição onde é subjugada economicamente, ou psicologicamente. Mas quando sai de casa esbarra em uma outra realidade, em muitos casos tem filho muito cedo e precisa se submeter a subempregos e depois de trabalhar precisa levar o filho para a escola”, pontua a socióloga.