Cidades

Causas de tremor em Maceió ainda são desconhecidas

Defesa Civil solicita apoio à União e diz não haver prazo para término das investigações sobre terremoto

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 06/03/2018 08h23
Causas de tremor em Maceió ainda são desconhecidas
Reprodução - Foto: Assessoria
As causas do tremor registrado em Maceió no último sábado (3)  continuam indefinidas. O que se sabe até agora, é que alcançou a magnitude 2.5 na escala Richter. De acordo com a Defesa Civil Municipal, pesquisadores de vários estados foram contatados para analisar o episódio. O coordenador da Defesa Civil de Maceió, Dinário Lemos explica que o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) foi acionado e que existe a possibilidade de envio de técnicos à capital para análises, no entanto, não há prazo para conclusão da investigação. “Pedimos ajuda para Defesa Civil Nacional para ‘desvendarmos esse mistério’. Eles me deram os telefones dos professores de Brasília, Rio Grande do Norte, enfim. Foi visto que teve o abalo de 2,5 na escala Richter, eles verificaram esse abalo. Diante mão estamos entrando em contato hoje com a CPRM explicamos que a população está em pânico, com muitas histórias e precisamos dar resposta à população. Eles me explicaram que receberam a demanda e que estão verificando o abalo sísmico, a proporção, e caso seja um evento geológico há a possibilidade de mandarem os técnicos para Maceió”, explica Lemos. Ainda segundo o coordenador, o que pode ser feito até agora é o monitoramento de áreas afetadas, como o bairro do Pinheiro, onde houve registros de rachaduras. “A Defesa Civil está monitorando, pela manhã já começamos o trabalho. No Pinheiro por exemplo, já haviam algumas rachaduras há alguns dias. A pergunta que eu fiz aos técnicos foi essa, da relação entre as rachaduras e esse tremores. Alguns dizem que sim outros dizem que não. É muito prematuro. É preciso que órgãos técnicos falem sobre isso, analisem. Enquanto isso a Defesa Civil faz o monitoramento da situação”. A Prefeitura de Maceió informou que todas as secretarias municipais estão em alerta. “Após a constatação do tremor, todas as secretarias municipais entraram em estado de atenção e plantão permanentes, com esforços coordenados e concentrados na Defesa Civil do Município”. “É uma grande interrogação”, diz promotor O Ministério Público Estadual (MPE) se pronunciou sobre os tremores. Segundo o órgão, um Processo Preparatório (PP) será instaurado pela Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, por meio do promotor Alberto Fonseca para apurar causas e responsabilidades. “Em razão desse PP, o promotor enviará ofícios para algumas instituições e especialistas, a fim de conseguir explicações sobre o que pode ter ocorrido em Maceió”, diz o MPE. Segundo o promotor, faltam informações concretas sobre o assunto, o que motiva uma apuração criteriosa a respeito do que motivou o tremor e se existe risco para a população. [caption id="attachment_68448" align="aligncenter" width="450"] Ministério Público Estadual solicitará explicações às Defesas Civil do Estado e do Município (Foto: Sandro Lima/arquivo)[/caption] “É uma grande interrogação. O que compete ao Ministério Público Estadual? Eu não tenho informações suficientes nem para informar se seria da minha promotoria ou de atuação do MPE ou do MPF. O que nós temos é uma grande interrogação acerca do que causou esse tremor que foi sentido em vários bairros de Maceió. Nesse passo, como forma de buscar esclarecimentos e elucidar os fatos eu instaurei um Procedimento Preparatório para a partir daí, com órgãos governamentais e , na visão de especialistas, buscar entender. Com base nesses levantamentos traçar uma linha de trabalho que venha esclarecer e resguardar a população no que se refere à segurança”, pontua o promotor. O procedimento que será instaurado pelo MPE ainda não tem prazo definido. “Primeiramente vou querer ouvir a Defesa Civil, tanto a Municipal quanto a  Estadual. Nós temos vários especialistas para começar a buscar informações, opiniões. Buscar instituições de ensino, pesquisa, tudo isso é muito embrionário. Ainda vou instaurar o processo, mas é preciso tempo. Vou fazer levantamento inicial para poder delimitar o objeto dessa investigação”, esclarece. Dúvidas e teorias sobre causas aparecem nas redes sociais Assim que o abalo foi sentido na capital alagoana, já era possível encontrar nas redes sociais relatos de pessoas em pânico. Em alguns prédios, houve evacuação de moradores que buscavam entender o que estaria ocorrendo. Logo a Defesa Civil Municipal começou a receber os alertas. Segundo relatos, o fenômeno foi sentido em ruas do Farol, Serraria, Bebedouro, Pinheiro, Jatiúca, Cruz das Almas e Mangabeiras. Durante o fim de semana, se multiplicaram questionamentos e especulações sobre o que poderia ter ocorrido. Sobre o assunto a reportagem da Tribuna Independente consultou um engenheiro especializado. De acordo com o engenheiro de minas, Paulo Cabral as fissuras ocorridas após o tremor são causados pelo acúmulo de água no solo. Outro ponto analisado por ele é que existe uma de falha geológica que passa em algumas áreas, como o Pinheiro, o que pode explicar o ocorrido. Mas segundo Cabral é preciso uma análise detalhada e aprofundada sobre o assunto. “Começou com a água provocando um dano no terreno, na superfície do terreno onde estão edificadas as casas naquele bairro [Pinheiro] com esse tremor. E esse tremor pode ser provocado por algumas falhas geológicas que estão presentes ali. Que chegou a um ponto de toda essa água que se infiltrou ao longo da falha, a falha passa por ali. Então são falhas geológicas que se movimentaram. Vários observatórios acusaram que houve tremores em Maceió naquela hora. Isso foi identificado”, explica O engenheiro alerta para o acúmulo de água no solo. “O evento que aconteceu com maior intensidade foi no bairro do Pinheiro porque já vinha antes apresentando fissuras e infiltração de água e chovendo muito e infiltrando. Toda vez que a água infiltra compacta o terreno e alguma coisa vai ceder, vai se acomodar. Se continuar daquele jeito a coisa vai continuar se agravando”, diz. Paulo Cabral afirma que uma teoria apresentada nas redes sociais, sobre problemas ocasionados na exploração da salgema não procedem. “Os poços de sal têm uma camada de mais de 200m de espessura, cheios de água desde que a extração foi iniciada. Isso é monitorado, essas cavernas guardam distâncias uma da outra. As cavernas são muito seguras, cavernas em corpos de sal tem utilização muito grande até para estocar petróleo e gás no hemisfério Norte”, pontua o especialista.