Cidades

Doações de suprimentos a desabrigados pela chuva não suprem carência

Alimentos e produtos de higiene pessoal são itens de maior necessidade, porém chegam em número pequeno, afirmam voluntários

Por Tribuna Independente 01/06/2017 08h59
Doações de suprimentos a desabrigados pela chuva não suprem carência
Reprodução - Foto: Assessoria

Os donativos destinados às famílias dos 27 municípios atingidos pelas chuvas em Alagoas ainda não são suficientes para atender as necessidades. Apesar da corrente de solidariedade formada no Estado em prol das vítimas, a demanda tem sido alta e produtos essenciais como leite, arroz, feijão e até sabonetes têm faltado.

O assistente social da Cruz Vermelha Jadson Pereira destaca que muitas pessoas têm se mobilizado para levar doações até a sede da entidade, mas ainda não tem sido o bastante. “Não tem sido suficiente. Infelizmente teve uma baixa na entrega de donativos e a carência nesses lugares é muito grande, porque as famílias perderam tudo”, expõe o voluntário.

Na sede da Cruz Vermelha Brasileira, no bairro de Mangabeiras, em Maceió, uma força-tarefa foi montada para receber as doações. Homens da Defesa Civil Estadual e Polícia Militar estão envolvidos na triagem e distribuição dos itens para os locais atingidos.

Segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual Major Moisés Lima, até o momento o maior número de doações é de roupas e calçados, tanto que a Defesa Civil suspendeu o recebimento. A prioridade é a arrecadação de alimentos e produtos de higiene pessoal, essenciais para as famílias nos alojamentos.

“Paramos de receber roupas e calçados porque já temos um grande volume. A prioridade agora é o recebimento de alimentos para atender essas famílias atingidas”, reforçou o coordenador.

Jadson Pereira diz que  mais de 300 litros de água mineral, 132 cestas básicas, 98 kits de higiene pessoal, além de outros itens foram encaminhados para as cidades de Japaratinga, Pilar, Atalaia, São Luiz do Quitunde, Rio Largo e Capela.

“Materiais de limpeza e de higiene pessoal são muito necessários para eles nos alojamentos. E os alimentos, principalmente leite para as crianças, leite líquido para facilitar o preparo, porque em alguns lugares há também a dificuldade em cozinhar. Então, tudo que vier para facilitar é melhor. Sucos, bolachas, isso é muito necessário também porque eles fazem uma refeição rápida. A gente reforça porque têm muitos acamados e muitas crianças”, ressalta.

Segundo o assistente social, a demanda é distribuída de acordo com as informações fornecidas pela Defesa Civil. A intenção é ampliar o atendimento para outras cidades e manter até que as famílias se reestabeleçam.

“Os representantes da Cruz Vermelha Internacional e Nacional estão em Alagoas nas áreas afetadas para fazer um planejamento não só para o emergencial, mas para o pós-tragédia para saber qual vai ser o trabalho da Cruz Vermelha de forma contínua, não apenas no período de calamidade”, explica.

Ele reforça a necessidade de doações e faz um apelo para a população continuar contribuindo. “Quem não tem como trazer, liga pra cá e a gente está fazendo de tudo para ir buscar. Estamos com o apoio da Defesa Civil também com o veículo para isso, para ajudar essas famílias”.

No boletim divulgado ontem pelo Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil Estadual, os desastres relacionados às chuvas deixaram saldo de 24.227 pessoas afetadas, sendo 7.883 desabrigadas e 16.344 desalojadas. Além de sete mortes em Maceió, todas resultantes de soterramentos em grotas.

Expectativa de voluntária é por aumento de donativos

Joelma Leite, voluntária em Marechal Deodoro afirma que há um grande número de crianças nos alojamentos. Segundo ela, as doações têm chegado, porém de forma insuficiente para suprir a demanda.

“As doações, apesar de chegarem, são em quantidades razoáveis. Ainda assim não atendem a demanda. Mais de mil famílias dependem nesse momento das doações. Estamos com uma grande quantidade de crianças de 0 a 2 anos que necessitam com urgência de leite, fraldas, lenços umedecidos, mamadeiras. Mas há a carência de água, botijão de gás e colchões. Além de alimentos, principalmente proteína (frango, carne, salsicha)”, afirma a voluntária.

No entanto, ela diz que a expectativa é que o quadro melhore e mais contribuições cheguem. “Hoje, vamos receber uma boa quantidade de água mineral. Esperamos que venha ajuda, pois até então o que a gente vem recebendo são doações de comerciantes, moradores de áreas não atingidas do próprio município.”

Duas toneladas de alimentos são arrecadadas por escola

Pensando em reforçar a ajuda para as famílias afetadas, alunos, funcionários e colaboradores do Colégio Santíssimo Senhor, em Maceió, arrecadaram duas toneladas de alimentos.

Segundo a direção da escola, parte dos donativos foi destinada ontem para a cidade de Marechal Deodoro. A outra remessa será enviada para a cidade de Pilar, também afetada.

De acordo com a coordenadora pedagógica, Alessandra Moraes, a participação dos alunos foi imprescindível para o sucesso da campanha.

“Nosso compromisso vai além da educação sistemática. Temos a missão de contribuir com a formação de cidadãos capazes de se mobilizar e ajudar a quem mais precisa, principalmente, em um momento como este, onde milhares de pessoas do nosso estado sofrem com as chuvas”, afirma a coordenadora.

Ainda segundo a coordenadora, a campanha foi realizada principalmente entre os alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.

Para Clara Araújo, aluna do 6º ano, a atividade foi prazerosa. “Tem muita gente precisando de ajuda. É muito gratificante saber que a gente também contribuiu para diminuir os problemas que as famílias estão vivendo”, diz a estudante ao se referir às vítimas das chuvas que caem no Estado e já afetaram vários municípios e centanas de famílias.