Cidades

HGE atende 50 ciclistas acidentados por mês

Responsável por traçar mapa ciclístico ideal para Maceió, ONG aponta imprudência como fator principal das ocorrências

Por Evellyn Pimentel - Tribuna Independente 06/05/2017 13h13
HGE atende 50 ciclistas acidentados por mês
Reprodução - Foto: Assessoria

Este ano, o Hospital Geral do Estado (HGE) registrou uma média de 50 atendimentos por mês de ciclistas vítimas de acidente no. Foram 200 até abril. A média se repete quando se considera o mesmo período do ano passado, quando foram registradas 220 ocorrências atendidas no hospital. Ao todo em 2016 foram 612 acidentes.

Apesar de prática antiga e até comum em pequenas distâncias, a utilização de bicicletas como meio de transporte em Maceió, muitas vezes expõe riscos aos ciclistas. Um dos fatores cruciais, segundo entrevistados é a dificuldade no relacionamento entre ciclistas, pedestres e motoristas. “O fluxo de bicicletas em Maceió cresce, principalmente nas regiões periféricas” é o que afirma a ONG Ciclomobilidade, que realiza um trabalho de contagem de ciclistas visando o melhor aproveitamento dos espaços utilizados.

A ONG existe em Maceió desde 2015. No Benedito Bentes, por exemplo, no trecho que liga a avenida de acesso ao bairro à Avenida Menino Marcelo, houve o registro médio de 171 ciclistas por hora. Foram 2.576 ao longo das 15h observadas. Segundo a ONG outro trecho com bastante intensidade é a Avenida Siqueira Campos, no Trapiche. Foram registrados 1992 ciclistas, uma média de 132 por hora.

Segundo Juliana Agra, coordenadora da Ciclomobilidade, a partir daí foi possível identificar os trechos com maior fluxo de bicicletas e traçar um mapa ciclístico ideal para a cidade. “Nós sabemos que grande parte das pessoas que utilizam a bicicleta para trabalhar é por conta do poder aquisitivo. A gente quer com isso incentivar as pessoas quanto ao uso da bicicleta e da harmonia nas relações do trânsito”. Para Juliana Agra, é necessário ampliar o conceito de mobilidade urbana por meio da bicicleta, visando um ambiente cada vez mais favorável ao ciclista.

Para tanto, ela diz que a educação no trânsito deve ser tratada como prioridade. “Quando a gente vê esses acidentes não resta dúvida que existe imprudência, falta de informação, negligência por parte dos motoristas, que não entendem que o ciclista é um ser humano, que, se encostar, você não amassa, você mata. Existe falta de sensibilização do motorista maceioense. O ciclista é um veículo e tem todo o direito de utilizar a via. Ele não é um intruso e nem um empecilho. Ele é um agente do trânsito, como uma moto, carro, carroça”, destaca Agra.

A diretora de Educação para mobilidade urbana da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), Juliana Normande, explica que a educação no trânsito leva à reflexão de melhores práticas. Para isso, desde 2011 no Brasil todo o mês de Maio um sinal amarelo é aceso em prol da educação no trânsito. Para Normande, os ciclistas são participantes ativos e um dos públicos mais vulneráveis em Maceió. “O Maio amarelo começou em 2011 na década do trânsito e veio para fazer com que as pessoas reflitam a respeito do trânsito. A cada ano tem um tema. Desde 2014 vem ganhando força e agora está bem desenvolvido. O tema desse ano é: Minha escolha faz a diferença no trânsito. A escolha que o ciclista faz ao guiar a bicicleta faz toda a diferença”, destaca.

A diretora explica que existe uma desarmonia entre os atores envolvidos no trânsito. “A relação entre ciclistas e motoristas é muito complicada. Há uma falta de harmonia, mesmo nos trechos de cliclofaixa ou ciclovias”, expõe. Segundo ela, um trabalho de conscientização com ciclistas tem sido desenvolvido em Maceió. “Existe o ciclista ocasional que utiliza por esporte e aquele que utiliza para condução mesmo para o trabalho. Esse ciclista que usa a bicicleta para trabalho nós fazemos muitas ações com eles, bastante, por exemplo nos canteiros de obras. Cada palestra que a gente dá para os ciclistas, trabalhamos com 200, 300. Então a gente tenta trabalhar bastante, sobre aparelhos de segurança e de respeitar. Tanto o pedestre e na relação com o condutor. Nós sabemos que o condutor tem que ter cuidado, porque o ciclista é a parte vulnerável. É preciso ter esse respeito. Nas palestras que envolvem condutores ressaltamos a importância de cuidar, porque o ciclista é a parte menor do trânsito”, diz Juliana Normande.

Apesar disso a coordenadora da Ciclomobilidade, afirma que utilizar a bicicleta é sim uma forma útil e benéfica para os ciclistas. “Existe esse mito que em Maceió é tudo muito longe, que dá muito trabalho, mas as distâncias em Maceió são muito curtas. Maceió tem uma particularidade porque é fácil de ser pedalada. Existe um entendimento internacional que o máximo de eficiência para uma bicicleta em relação a um carro é de 5km. Praticamente é a distancia do Centro para a Cruz das Almas e se traçar um raio nesses 5km pega muita coisa. Quem mora na parte baixa consegue fazer muita coisa nesses 5km. ”

Para ela, a segurança e a confiança do ciclista é uma grande incentivadora do uso. A ONG também atua na instalação de aparelhos de segurança nas bicicletas de pessoas com baixa renda. “Se as pessoas tivessem mais segurança, as pessoas seriam mais incentivadas a andar de bicicleta”, afirma. 

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