Cidades

Tradicionais cartões de Natal caem no esquecimento mas ainda resistem

Mensagens em papel perdem o reinado para comodidade e agilidade da internet, porém ainda é recurso mantido pelos mais experientes

Por Tribuna Independente 15/12/2016 10h29
Tradicionais cartões de Natal caem no esquecimento mas ainda resistem
Reprodução - Foto: Assessoria

Na era da tecnologia, o cartão de Natal perdeu o seu reinado e caiu no esquecimento, pouquíssimas pessoas ainda recorrem ao papel para demonstrar o seu carinho por meio de mensagens. No comércio de Maceió são bastante tímidas as vendas dos tradicionais cartões de Boas Festas, que antes contagiavam por seus variados tamanhos, cores e sonoridade.  

Com o tempo, passou a ser raridade, os cavaletes espalhados pelo Centro de Maceió expostos por ambulantes, que descolavam uma renda extra no período de dezembro. Quem ainda opta pelo cartão de papel para felicitar os que amam, tem que ‘bater perna’ para encontrá-los no calçadão.

Seu Amaro Caetano da Silva vende cartões de papel há cerca de 30 anos, e tenta manter a tradição, mas confessa que a procura tenha caído muito de uns anos para cá. “A maioria dos que buscam cartões de papel são pessoas mais velhas e que não têm o hábito de usar a internet, as empresas também nos procura para comprar e ofertar para os seus funcionários, mas diminuiu muito as vendas. Antes saiam este mês aproximadamente 50 mil cartões, hoje são pouco mais de três mil”, revelou.

Ele alega que a queda nas vendas tem a influência direta das redes sociais, que acabou tirando de cena os tradicionais cartões natalinos. “Podia dizer que era uma renda extra das boas, para se ter uma ideia consegui comprar uma casa com o dinheiro que juntei com a venda de cartões há muitos anos atrás. Hoje tento manter a tradição, fico triste, e acho que este será o meu último ano”, desabafou. Seu Amaro Caetano vende os cartões a R$ 1 cada, e pega da editora no Rio de Janeiro, a um custo de R$ 0,20.

“Aerograma” ainda resiste ao tempo

Os chamados “Aerogramas” dos Correios, do mesmo modo, ainda resistem ao tempo, e há quem vá até a uma agência exclusivamente para enviá-lo, principalmente aquelas pessoas de mais idade. Valtemir Santos, supervisor da agência central dos Correios, na Rua do Sol, na capital, explicou que a procura vem diminuindo, mas os cartões ainda não saíram de moda, apesar do advento de novos meios digitais para se desejar boas-festas.

“A praticidade aliada ao preço acessível atrai, embora a gente saiba que a internet facilita muito, sobretudo aos jovens. Quem procura mais o aerograma são as pessoas mais antigas que não abrem mão do hábito de escrever de próprio punho. Infelizmente as redes sociais ‘roubaram a clientela’ e hoje em dia até o e-mail caiu no esquecimento”, comentou. O preço do aerograma depende do tipo e varia a partir de R$ 1,50 já selado.

Para o supervisor, o fato de parar para escrever, produzir e enviar um postal ainda mexe com a emoção dos brasileiros. Dados dos Correios revelam que, no ano passado, 1,3 milhão de cartões foram vendidos pelas agências em todo o país. As pessoas que optam pelos bilhetes físicos, em papel, têm como justificativas principais o impacto provocado, a personalização e a possibilidade de o que foi escrito ser guardado.

A assistente de marketing de uma livraria religiosa, no Centro de Maceió, Bardione Pinto, disse que na loja em que trabalha há exceções, e tem quem apareça no estabelecimento neste período exclusivamente para comprar cartões. “O nosso público é eclético, mas como se trata de uma livraria religiosa a procura é grande por cartões com mensagens bíblicas (versículos, salmos). Todos os anos fazemos pedidos de vários, e é sempre um sucesso de vendas”, disse.

Ela acredita que a acolhida dos funcionários também influencia na questão da compra, e muitos não saem de lá sem algum outro artigo na sacola. “Jovens e adultos também procuram bastante os cartões, e ainda cobram os adesivos ( de: para: ) para complementar o fechamento do envelope. Tem cliente não assíduo que entra na loja em busca de alguma especificidade e acaba levando o cartão ou vice-versa, buscam o cartão e levam outra coisa, um terço, um broche, um livro, um CD...”, observou.