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Chimpanzé libertada por habeas corpus chega a Santuário de Sorocaba

Cecília, como é chamada, desembarcou em Guarulhos e foi transferida para o espaço afiliado ao projeto GAP na noite desta quarta-feira (5). Animal vivia em más condições em zoológico de Mendoza.

Por G1 06/04/2017 08h40
Chimpanzé libertada por habeas corpus chega a Santuário de Sorocaba
Reprodução - Foto: Assessoria

chimpanzé Cecília, que passou anos enclausurada em um zoológico de Mendoza, na Argentina, chegou na noite desta quarta-feira (5) ao Santuário de Grandes Primatas, em Sorocaba (SP). Ela é a única sobrevivente de um grupo de quatro chimpanzés que vivia no parque argentino e a primeira primata não humana a conseguir a liberdade através de um habeas corpus.

Na terça-feira (4), Cecília saiu de Mendoza para Buenos Aires e embarcou em um avião da Lan Chile com destino ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde chegou pela manhã desta quarta-feira. A transferência foi acompanhada pela delegação do Ecoparque de Mendoza e o secretário de Meio Ambiente da província Mendocina.

Após chegar ao aeroporto, por volta das 9h, e cumprir as normas do Ministério de Agricultura e da Receita Federal, Cecília seguiu de caminhão para o Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, afiliado ao Great Ape Project (GAP). A chegada ao santuário foi por volta das 19h.

A expectativa para a chegada de Cecília era grande no santuário. O fundador e mantenedor do local, Pedro Ynterian, comentou a decisão da vinda da primata a Sorocaba. 

"O habeas corpus foi o primeiro passo para que se reconhecesse que os animais precisam de respeito, todos os animais, mas principalmente os primatas. Eles estão no mundo antes de nós. Para mim, são pessoas e trato eles como filhos. Moro com eles quatro dias por semana e sei como sentem, é uma coisa muito diferente do que vai encontrar com outras espécies."

Período de adaptação

 No santuário, a chimpanzé passará por um período de quarentena em um recinto gramado com cerca de 500 metros quadrados. O espaço possui estruturas de concreto que servem para abrigo, observatório e diversão. Durante o período de adaptação, os veterinários do santuário poderão conhecer como é o comportamento da chimpanzé, realizar exames e avaliar se ela poderá ser introduzida em um dos grupos dos mais de 50 chimpanzés que hoje vivem no local.

A primata, que tem 19 anos, foi transferida depois de conseguir através de um habeas corpus o direito de viver em um santuário, pedido feito pela ONG argentina AFADA (Associacion de Funcionarios y Abocados pelos Derechos de los Animales) à Justiça do país, com argumentos que a chimpanzé não é um objeto e que se encontrava em condições precárias no zoológico.

O processo correu por mais de um ano na justiça argentina até que a juíza Maria Alejandra Maurício, de Mendoza, concedeu o pedido e determinou a transferência de Cecília para o santuário brasileiro.