Turismo

Igreja Nova: turismo na rota dos Caminhos do São Francisco

Município ainda é um dos menos explorados ao longo do roteiro na região, mas é um dos maiores produtores de arroz

Por Claudio Bulgarelli - Sucursal Região Norte / Tribuna Independente 15/11/2024 08h48 - Atualizado em 15/11/2024 08h49
Igreja Nova: turismo na rota dos Caminhos do São Francisco
Igreja Nova carrega em sua história figuras emblemáticas do Brasil, como D. Pedro II, que passou por lá - Foto: Reprodução / Trip Advisor

O 16º maior município em dimensão territorial de Alagoas, e um dos mais antigos do Estado, Igreja Nova, inicialmente habitado por índios de etnia caetés, e posteriormente pelos pescadores vindos de Penedo, apesar de grande potencial turístico, é ainda um dos menos explorados ao longo do roteiro do São Francisco. Pela sua proximidade com Penedo e Piaçabuçu, dois dos mais importantes destinos turísticos da região, Igreja Nova, mesmo estando no Mapa do Turismo Brasileiro, e com algumas atrações a serem exploradas, ainda está engatinhando.

O município, que carrega em sua história figuras emblemáticas do Brasil, como D. Pedro II, que passou por lá quando se dirigia a Penedo e o Frei Damião de Bozzano, que deixou uma marca da fé ardente de seus moradores, tem também histórias ligadas a Lampião. A administração municipal explora uma situação envolvendo o cangaceiro, que, ao ficar sabendo da construção de uma igreja de dimensões grandiosas para a época, deu as caras pela cidade, para pagar uma promessa feita a São João. Segundo relatos, Lampião ficou hospedado num antigo sobrado que abrigava uma pensão. Disfarçado, ele e alguns homens de seu bando foram embora de madrugada, deixando uma carta revelando suas identidades, assim como o pagamento pela hospedagem.

Rios

O São Francisco, que poderia ser explorado como em quase toda a região, e o Boacica, são os dois principais rios que cruzam por Igreja Nova, implicando diretamente na cultura, renda e geografia da região. Inclusive, existe uma lenda que envolve o extinto Povoado Boacica, um dos mais antigos do município. O mistério que envolve o seu fim, na década de 70, ainda é bastante comentado pela população, que atribui o declínio do lugar a praga de um padre, que teria sido enganado por algumas crianças enquanto brincavam. Numa missa, o padre teria dito: "Digo a vocês: este povoado vai se acabar! Eu tenho fé em Deus, que este povoado não vai mais à frente, esta igreja ainda vai ser coberta de melão". O fato é que o fim do povoado, que se deu de forma gradativa, devido a migração das pessoas para outros lugares.

Em 2022, após 44 anos sem procissão fluvial, as fortes chuvas que caíram no município, provocando enchentes na parte baixa, permitiram que a comunidade católica do povoado Ipiranga, realizasse a histórica procissão com a imagem de Bom Jesus dos Navegantes. A última ocorreu em 1978, mas com o desvio do Rio São Francisco, as embarcações deram lugar a veículos, que fazem o antigo percurso de forma terrestre. O cortejo que originalmente saia do Pontal da Ipiranga para Igreja Nova, desta vez, saiu da capela de São José, com destino a capela de Bom Jesus, onde ocorreu uma missa.

Atualmente o município é um dos maiores produtores de arroz do Estado, com reconhecida importância no desenvolvimento da região ribeirinha do São Francisco. Além disso, desenvolve projetos de piscicultura em parceria com a Codevasf, que encontra no município um laboratório natural, no maior açude de Alagoas.