Turismo

No roteiro turístico Caminhos da Liberdade, a magia da Serra da Barriga

Banhada pelo Rio Mundaú, a 76 km de Maceió, ficou internacionalmente conhecida por ser 'A Terra da Liberdade'

Por Claudio Bulgarelli - Sucursal Região Norte / Tribuna Independente 25/11/2023 09h43 - Atualizado em 25/11/2023 10h27
No roteiro turístico Caminhos da Liberdade, a magia da Serra da Barriga
Serra da Barriga durante o último 20 de novembro, Dia da Consciência Negra - Foto: Edilson Omena

No roteiro turístico Caminhos da Liberdade, um dos municípios mais importantes para a história de Alagoas: União dos Palmares. Banhada pelo Rio Mundaú, a 76 km de Maceió, ficou internacionalmente conhecida por ser “A Terra da Liberdade”, onde foi dado o primeiro grito de liberdade pelo Zumbi dos Palmares. E o ponto turístico mais importante é a Serra da Barriga, famosa pelo monumento do Quilombo dos Palmares, ponto turístico tombado como Patrimônio de Alagoas, como Patrimônio da Cultura e da História do Brasil, e em seguida foi reconhecida como patrimônio do Mercosul e das Américas.

Agora, mais uma excelente notícia, a Fundação Palmares, órgão do Ministério da Cultura, vai reabrir o processo de tombamento da Serra como Patrimônio Mundial da Humanidade”. O processo, que estava parado, classifica a área do Quilombo dos Palmares, no platô da serra, como “a terra da liberdade”. A informação foi confirmada pelo presidente da FP, João Jorge, que esteve na Serra da Barriga no último dia 20, nas comemorações do Dia da Consciência Negra.

Para quem gosta de um pouco de história, um passeio pela Serra da Barriga é imperdível. Claro que todos sabem que é lá que está localizado o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que abrigou o maior, mais organizado e mais duradouro quilombo das Américas, sob a liderança de Zumbi dos Palmares e Dandara.

Mas será que vocês sabem que o local, fundado por Aqualtune, uma princesa congolesa escravizada no Brasil e líder quilombola à frente de um dos 11 mocambos do Quilombo dos Palmares, e que segundo a tradição, era a mãe de Ganga Zumba e avó materna de Zumbi dos Palmares, tem muitas coisas legais para conhecer. Com paredes de pau-a-pique, cobertura vegetal e inscrições em banto e yorubá, é possível visitar a Onjó de farinha (Casa de farinha), a Onjó Cruzambê (Casa do Campo Santo), a Oxile das ervas (Terreiro das ervas), Ocas indígenas e a Muxima de Palmares (Coração de Palmares).

No Parque, que é considerado o primeiro e único parque temático sobre a cultura negra do país, merecem destaques também os mirantes, de onde se avistam paisagens magníficas. São três, e chamados de atalaias. O de Acaiene, Acaiuba e Toculo, nomes de lideranças quilombolas que ali viveram. Tem ainda a lagoa encantada, com uma linda vegetação e uma energia incrível. Era nela que os quilombolas saciavam a sede, faziam rituais de purificação e afiavam suas armas e ferramentas.

E não dá para esquecer a gastronomia. Famosa no mundo inteiro, a culinária fica por conta do restaurante afro-brasileiro Baobá, raízes e tradições. Localizado no pé da Serra, o local é comandado pela chef de cozinha, yalorixá e patrimônio vivo da cultura alagoana, Mãe Neide, que serve pratos da gastronomia quilombola. É por lá que é possível provar os deliciosos acarajés, com camarão seco e caruru, e os tradicionais amalá, malungo, galinhada e a bebida típica das religiões de matriz africana: o xequeté.

Mas como conseguir um selo de Patrimônio da Humanidade. Trata-se de um esforço internacional de valorização de bens que, por sua importância como referência e identidade das nações, possam ser considerados patrimônio de todos os povos. Cabe aos países signatários desse acordo indicar bens culturais e naturais a serem inscritos na Lista do Patrimônio Mundial. O caminho é longo e são muitos os candidatos. As listas de candidatos são elaboradas pelos países e encaminhadas a um painel independente de especialistas, que o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos, na sigla em inglês). Ele analisa as candidaturas e faz suas recomendações. Os candidatos na categoria de fenômenos naturais são, então, examinados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).