Bolsas de palha com um toque do bordado filé, camisas de linho com bolsos bordados com a renda boa-noite e o rendendê, pássaros esculpidos em cabides de madeira produzidos por artesãos da Ilha do Ferro - a presença do artesanato alagoano nas coleções de estilistas brasileiros tem sido cada vez mais significativa.

São vários exemplos encontrados em todo o país e pelo mundo. A designer e estilista paulistana Flávia Aranha é um desses exemplos de como a moda e o artesanato têm caminhado juntos. A marca foi a primeira a receber o selo B de sustentabilidade no Brasil, e em suas últimas coleções é percebida a participação direta de comunidades artesãs de Alagoas.

O Alagoas Feito à Mão tem sido um programa essencial na difusão da riqueza do artesanato do estado. Coordenado pela Gerência de Design e Artesanato da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (SEDICS), o programa acompanhou diversos estilistas às comunidades de artesãos e artesãs para apresentar os mais diversos tipos de produtos.

Em 2021, Flávia esteve na Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar, e, durante a visita, adquiriu a maior parte do mobiliário que decora uma de suas lojas de São Paulo. No ano seguinte, a estilista lançou uma coleção que contou com detalhes em Bordado Rendendê, produzido pelas artesãs do povoado de Entremontes, em Piranhas.Mas não é só os estilistas de outros estados que agregam valor às suas peças incorporando o artesanato alagoano aos seus produtos. O designer e estilista alagoano, Antônio Castro, carrega em seu trabalho signos do fazer manual e da cultura popular brasileira.Antônio é proprietário da loja Foz, em São Paulo, que tem a pluralidade da produção artesanal alagoana em cada canto - e suas coleções têm participação de artesãos de Piranhas, Barra de Santo Antônio, Capela, Coruripe e Ilha do Ferro. De acordo com o designer, a loja é um projeto independente, que tem como objetivo tornar possível o acesso ao artesanato de raiz tipicamente brasileiro em um produto de moda pensado e desenvolvido com narrativa e intenção.

“Eu comecei a marca para encontrar esse lugar entre o artesanato e a moda de uma maneira contemporânea, livre daquele olhar um pouco mais folclórico, ou que fosse muito voltado para o extremamente tradicional - então a gente desenvolve produto, não compra o que as artesãs simplesmente fazem - eu viajo até elas, a gente senta, entende qual é a técnica que elas dominam, incorpora isso dentro do trabalho do design e, a partir do repertório cultural delas, desenvolvemos produtos que se relacionam com o que elas já conhecem, que tem a ver com o contexto em que elas estão envolvidas, mas que não necessariamente é o que elas já fazem”, explica.O ceramista Eduardo Faustino, que trabalha com artesanato há 50 anos, reproduz em suas peças figuras e personagens regionais. Faustino, que é natural de Pernambuco, vive no município da Barra de Santo Antônio, litoral norte de Alagoas, e sua arte, em parceria com o designer Antônio Castro, deu origem à coleção “O Arraial”, da loja Foz.

“Estava com os quadros expostos em uma loja aqui na Barra, quando o Antônio passou e gostou do meu trabalho, pediu meu número para o pessoal e logo depois fizemos uma parceria. Fiz cerca de dez quadrinhos, mandei para ele e, a partir daí, fomos evoluindo o trabalho - eu já tenho peças fora de Maceió, até mesmo fora do país, mas essa parceria com o Antônio me levou para São Paulo, e foi como se fosse um lançamento do meu trabalho lá, eu fiquei muito satisfeito, foi uma grande parceria”, comemora Faustino.De acordo com a secretária de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, Caroline Balbino, é missão do Programa Alagoas Feita à Mão coordenar as iniciativas que visem o apoio à produção e comercialização do Artesanato e da arte popular alagoana.“A missão do Programa Alagoas Feita à Mão é dar apoio à produção e comercialização do artesanato e da arte popular alagoana, além do incentivo aos artesãos como forma de manutenção da identidade cultural e artística do estado de Alagoas. O programa já se consolidou como a mais relevante política de valorização, estímulo e promoção do artesanato criado no território alagoano, resultando em uma série de melhorias, avanços e reconhecimento para a comunidade dos artesãos alagoanos, em todas as suas dimensões: cultural, cidadã e econômica”, reitera a secretária.Programa Alagoas Feita à Mão

O Governo de Alagoas criou o programa Alagoas Feita à Mão em 2015 e é responsável pela criação de ações que promovam o segmento do artesanato no estado e contribuam para a geração de renda e qualidade de vida dos artistas locais.As atividades principais são focadas na participação dos artesãos em feiras e eventos nacionais, divulgação do catálogo comercial do artesanato alagoano, mapeamento e identificação das oficinas dos artesãos no estado.

O programa Alagoas Feita à Mão conta com um espaço físico de comercialização de artesanato no piso L2 do Parque Shopping, em Maceió, além de disponibilizar também uma plataforma virtual para os compradores terem a opção de escolha - através do site www.alagoasfeitaamao.com.br, os visitantes podem conhecer o trabalho dos artesãos cadastrados no programa e encomendar a peça diretamente com os artistas. Na galeria virtual, há mais de dois mil produtos variados anunciados, refletindo a riqueza e a diversidade de tipologias de Alagoas.