Na manhã desta terça-feira (03), a Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) reuniu os gestores da saúde pública de Maceió e do Estado de Alagoas para discutir as medidas de combate ao surto da meningite. A reunião aconteceu após a nota técnica confeccionada pelo Ministério Público (SM) divulgada no último domingo (1) reconhecendo o surto da doença em Alagoas.

O encontro foi convocado pelo Defensor Público do Núcleo de Proteção Coletiva, Daniel Alcoforado Costa. "Este encontro é para a Defensoria Pública avaliar se as secretarias de saúde implementaram as medidas recomendadas em ofício enviado no mês de setembro. A primeira reunião com os gestores foi no mês de maio, quando a gente percebeu que existia um aumento incomum do número de casos de meningite. E, naquele momento, a gente percebeu que a rede estava muito fragilizada. Desde o primeiro atendimento que é feito nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], passando pelo diagnóstico, pelas notificações, pela questão da cobertura vacinal. Então, estabelecemos uma série de medidas que precisavam ser adotadas pelo município de Maceió e pelo Estado, no sentido de fazer um enfrentamento", esclarece o defensor.

De acordo com Alcoforado, quando surgiu a informação do alerta da possibilidade desse surto, a Defensoria Pública convocou os membros da Secretaria de Saúde de Maceió (SMS), Sesau, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), Laboratório Central (Lacen/AL), do Hospital Helvio Auto e da Sociedade Alagoana de Infectologia para saber o que já está em andamento, medidas adotadas e a responsabilidade de cada um no enfrentamento da doença.

"Com a informação do surto, se verifica que é de fato preciso enfrentar essa doença com todas as armas que nós temos. E aí, com todos os casos suspeitos ou confirmados de meningite registrados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e/ou outras unidades de saúde deverão ser transferidos para o Helvio Auto, local que possui infectologistas especializados para a avaliação, manejo e tratamento dos pacientes. No local também serão realizados exames complementares, como tomografia e exames laboratoriais", pontuou o defensor.

VACINAS

Em relação à implementação de novas vacinas no Programa Nacional de Imunização, os representantes da saúde destacaram que, conforme a nota técnica do Ministério da Saúde, publicada no último domingo, a vacina para meningite tipo B não é recomendada para os casos registrados em Maceió. “Mas, as vacinas não devem ser ignoradas. O município de Maceió, aqui presente através da sua Secretaria de Saúde, mostrou que está trabalhando na ampliação dessa cobertura vacinal, fazendo busca ativa nas escolas, nos bairros, nas grotas. Isso já é um grande avanço”, explicou.

O defensor ressalta ainda que a prevenção (encontrada na cobertura vacinal), o rápido diagnóstico e o tratamento imediato são as formas encontradas de combate à doença. “Hoje nos reunimos para fazer esse acompanhamento das medidas adotadas, verificar o que está em andamento ainda e o que vai ser feito com relação à vigilância em saúde e assistência dos pacientes. Queremos saber, por exemplo, como será o transporte desses pacientes, dos atendimentos iniciados nas UPAs até o momento da chegada no hospital de referência. Não pode existir morosidade. É uma doença que a cada minuto perdido pode ser letal”, expôs.

Segundo Daniel, já é possível verificar os avanços. "Já observamos avanços na questão da necessidade dos exames complementares, como tomografia, com o aperfeiçoamento do sistema do Lacen para identificar, diagnosticar a doença e a partir daí o tratamento com a existência dos medicamentos, dos antibióticos, a quimio-profilaxia, que é o acompanhamento das pessoas ao redor daquele caso suspeito".

A reunião aconteceu no Núcleo de Proteção Coletiva, localizado na Rua Rita de Cássia, nº 159, bairro Gruta de Lourdes.

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Por meio de uma nota técnica, o Ministério da Saúde (MS) reconheceu no domingo (1), surto de meningite em Alagoas. O órgão alerta acerca da situação epidemiológica da doença meningocócica e traz recomendações quanto a medidas preventivas. Até 15 de setembro deste ano, foram confirmados 26 casos, sendo a faixa etária mais acometida a de crianças menores de 1 ano de idade, 84% dos casos foram na cidade de Maceió.

Na ocasião, o MS pontuou que os surtos estão entre as situações mais desafiadoras para a saúde pública, com grande repercussão social, já que a doença possui elevada letalidade, bem como dificuldade de estabelecer as cadeias de transmissão.

"Desta maneira, salienta-se a importância do diagnóstico e manejo clínico precoce e adequado, bem como as ações de prevenção e controle que precisam ser desencadeadas oportunamente para evitar a ocorrência de casos secundários", diz trecho da nota.