Saúde

Adolescentes passam a ter acesso gratuito ao implante contraceptivo

Antes restrito às usuárias de drogas e mulheres em situação de rua, implante subdérmico poderá ser uma opção para as adolescentes em situação de vulnerabilidade social muito alta que queiram evitar a gravidez  

Por Assessoria 10/04/2019 11h32
Adolescentes passam a ter acesso gratuito ao implante contraceptivo
Reprodução - Foto: Assessoria

A prefeitura de São Paulo divulgou no começo do mês de abril  decreto que inclui adolescentes na Lei nº 16.806, que dispõe sobre política de proteção às mulheres em situação de vulnerabilidade pela Rede Pública de Saúde, para terem acesso gratuito ao implante contraceptivo subdérmico de etonogestrel.

O contraceptivo já é oferecido nas Unidades Básicas de Saúde do Sistema Municipal para dependentes químicas e mulheres em situação de rua e agora estará disponível para jovens em situação de vulnerabilidade social, conforme definido pelo Índice Paulista de Vulnerabilidade Social - IPVS 2010, elaborado pela Fundação SEADE.

As mulheres elegíveis são encaminhadas às Unidades de Saúde de Referência do município, onde recebem informação sobre planejamento reprodutivo e os benefícios, riscos, efeitos colaterais e duração dos métodos contraceptivos, além da garantia de atendimento das intercorrências e o compromisso da equipe médica de troca do método ou remoção do implante sempre que solicitado.

As subprefeituras com maior quantidade de famílias com vulnerabilidade social alta e muito alta (figura anexa):

Campo Limpo Capela do Socorro Cidade Ademar M’Boi Mirim Itaim Paulista São Mateus São Miguel Paulista Vila Prudente Guaianases

A gestação não planejada entre as adolescentes pode ser determinante para seu desenvolvimento pessoal, social e econômico. No Brasil, um em cada cinco bebês nasce de uma mãe com idade entre 10 e 19 anos[1]. Dessas mães, de cada cinco, três não trabalham nem estudam[2].

O implante contraceptivo subdérmico de etonogestrel é um bastonete flexível de 4 cm de comprimento, inserido no braço da mulher. O hormônio é liberado gradualmente no organismo, com a função de inibir a ovulação e, assim, impedir a gravidez[3], devendo ser trocado a cada 3 anos. Quando analisada a eficácia de cada método, os contraceptivos de longa ação (LARC), como é o implante subdérmico, atingem as melhores taxas, por isso são considerados mais efetivos[4].(VER TABELA). Também são periodicamente recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a inclusão na lista básica de medicamentos ofertados pelos sistemas públicos de saúde de diversos países.

                              EFICÁCIA DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS Periodicidade Método Risco de gestação por ano (uso típico) Risco de gestação por ano (uso perfeito) - Nenhuma forma de prevenção 85 em 100 mulheres 85 em 100 mulheres por Métodos de uso contínuo ou de curta ação Preservativo 18 a 21 em 100 mulheres 2 a 5 em 100 mulheres Pílula diária, anel mensal, adesivo semanal 90 em 1.000 mulheres 3 em 1.000 mulheres Injetável trimestral 60 em 1.000 mulheres 2 em 1.000 mulheres Métodos reversíveis de longa ação DIU de cobre 8 em 1.000 mulheres 6 em 1.000 mulheres DIU de levonogestrel 2 em 1.000 mulheres 2 em 1.000 mulheres Implante de etonogestrel 5 em 10.000 mulheres 5 em 10.000 mulheres Métodos irreversíveis Laqueadura 5 em 1.000 mulheres 5 em 1.000 mulheres Vasectomia 1,5 em 1.000 mulheres 1 em 1.000 mulheres

Adaptado de Trussel et al. Burden of unintended pregnancy in the United States: potential savings with increased use of long-acting reversible contraception. 2013; 87(2):154-6.