Saúde

Sem médicos, municípios criam plano emergencial

Profissionais que substituíram cubanos desistiram das atividades e comprometem atendimento nos postos de saúde

Por Lucas França com agências com TRIBUNA INDEPENDENTE 06/04/2019 11h49
Sem médicos, municípios criam plano emergencial
Reprodução - Foto: Assessoria
De acordo com levantamento do Ministério da Saúde (MS) divulgado na última quinta-feira (4), em Alagoas 28 profissionais deixaram o Programa Mais Médicos. O número representa 22% das 127 vagas deixadas em aberto com a saída dos profissionais cubanos, em novembro do ano passado. E para tentar garantir o atendimento à população as prefeituras municipais estão colocando em prática um plano ‘B’. Em União dos Palmares, segundo o levantamento existe duas vagas em aberto, no entanto a gestão local afirma que são três desistências. A secretária de saúde Geanny Vergeth disse que a carência é enorme e prejudica o atendimento a população. E por isso, foi necessário fazer um plano emergencial. “Mesmo com essa ineficiência do Governo Federal, traçamos o plano ‘B’. Com a contratação de dois médicos que fazem rodízio em três unidades de saúde de comunidades carentes que são a Nova Esperança, Santa Maria Madalena e Tereza Romana. Não tinha como ficar esperando uma ação do governo e para minimizar o sofrimento dos nossos usuários optamos por contratar para os moradores não serem penalizados, já que não temos respostas do governo. A população cobra da gente, se pudéssemos contratar os médicos faríamos, mas não temos como e por isso, ficamos a mercê deste cadastro do ministério”, explica a secretária. Em Palmeira dos Índios, região agreste, com a desistência de um médico do programa, a prefeitura da cidade também teve que fazer um planejamento para não deixar a população desassistida. “Inicialmente as nossas duas vagas foram preenchidas, para atuar no PSF Salgada {Programa Saúde da Família} e PSF Vila Nova. O médico da Vila Nova está atendendo normalmente.” Penedo foi a cidade com mais desistências “Já o do PSF Salgada assumiu, mas foi convocado pelo Exército, portanto, estamos aguardando o próximo candidato assumir, e por hora, temos um médico cobrindo as consultas às segundas para não deixar a população destas localidades sem atendimento. E a situação já foi devidamente notificada ao sistema e estamos aguardando uma solução”, explicou a assessoria de comunicação da cidade à reportagem. Segundo os dados do MS, Penedo foi o município com a maior desistência, com quatro profissionais que deixaram o Mais Médicos. Em seguida, aparecem Igreja Nova e União dos Palmares, com duas desistências, cada. Na tabela ao lado tem as cidades e a quantidades de desistência até o momento. A coordenadora do Mais Médico em Alagoas, Ivana Pitta, explica que as desistências dos profissionais ocorreram por vários motivos, entre elas, a saída do profissional para fazer residência médica em outros estados, a não adaptação ao município para onde foi selecionado e uma proposta com salário maior por exemplo. “Mesmo com as desistências acreditamos que um novo edital do Ministério irá sanar o problema em tempo hábil”, conta a coordenadora ressaltando que a falta dos profissionais prejudica de fato atendimento a população e as cidades onde as vagas estão em aberto. Porém, ela acrescenta que os médicos estão saindo por vontade própria. BRASIL No país, as 8.517 vagas do atual edital do programa Mais Médicos, abertas após o fim da cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), foram preenchidas por médicos brasileiros (CRM Brasil e graduados no exterior). Destes, até o início de abril, 1.052 profissionais com CRM no Brasil saíram do Programa. As vagas poderão ser ofertadas em novas fases do provimento de profissionais ainda em análise pelo MS. Em relação aos 1.397 médicos brasileiros com CRM fora do país, que estavam finalizando o módulo de acolhimento na semana passada, o MS disse que eles iniciaram a atividade na unidade de saúde escolhida nesta semana.