Saúde
Preparo físico é importante para um carnaval tranquilo, orienta fisioterapeuta
Cerca de 80% dos foliões são sedentários e desconhecem limites do corpo
Com a chegada do carnaval, os planos são muitos. Mas será que os foliões estão atentos para os cuidados preventivos com o corpo, visando enfrentar a maratona, que exige ânimo para subir e descer ladeiras, disposição para pular, energia para dançar as coreografias, força para levar isopores com bebidas e resistência para suportar o calor da multidão? O fisioterapeuta do Hospital Geral do Estado (HGE) Thiago Alencar chama a atenção para a importância de prepara-se fisicamente antes de cair na folia.
“São muitos os desgastes físicos sofridos pelos foliões, que sambam, dançam frevo e vão atrás do trio elétrico. Isso também vale para aquelas pessoas que vão a lugares calmos, mas não deixam de levar peso, caminhar longas distâncias, enfrentar obstáculos, serem expostos ao sol e carregar comidas e bebidas. O resultado de um corpo despreparado pode ser uma doença inesperada, dores musculares e até lesões; tudo o que pede repouso e o folião não quer”, alertou o fisioterapeuta.
Luana Barros já garantiu a entrada em blocos, camarotes para o carnaval de Salvador (BA), onde curtirá seis noites com “um povo a mais de mil”, segundo relata a música de Nizan Guanães. Ela confirma o terror do folião em precisar repousar devido a um excesso, ainda mais se for logo quando estará atrás do trio elétrico de Bell Marques.
“Além de não ser uma folia barata, eu sou ‘belzeira’ de coração. Seria muito triste para mim se eu não estiver totalmente disposta a pular todos os quilômetros de avenida; capaz de eu ir assim mesmo. Então decidi investir em fisioterapia e procurei um educador físico. Eles estão me dando o devido condicionamento físico, principalmente ao meu joelho, que já sofro com dores, e coluna, devido a um desvio na lombar”, disse a foliã.
Sedentarismo
Thiago Alencar acredita que cerca de 80% dos foliões são sedentários e desconhecem as necessidades do corpo para suportar todos os dias de festa, que a depender do lugar, pode durar oito dias. A partir desse desleixo, segundo o fisioterapeuta do HGE, cresce o número de atendimentos clínicos nas unidades de saúde durante o período, que gera uma insatisfação pessoal mais aguda, além de também mais gastos para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Para se ter uma ideia, de sábado à quarta-feira de cinzas, durante o período carnavalesco de 2016, o HGE prestou assistência a 2.627 pacientes, representando uma média de 453,4 atendimentos por dia, superior inclusive a média de 352,6 registrada no ano anterior. Os casos clínicos lideraram a procura com 1.453 enfermos, seguidos pelos acidentes casuais (512) e ocorrências no trânsito (180). Os outros números estiveram distribuídos entre as agressões físicas (83), os acidentes de trabalho (24), as queimaduras (8) e as tentativas de suicídio (7).
Números que poderiam diminuir se antes dos festejos os foliões buscassem conhecer seus limites e investissem na prevenção. “Investir não é sinônimo de gastos financeiros. Aqueles que puderem procurar um médico clínico, cardiologista, ortopedista, nutricionista e educador físico; maravilha. Mas se não houver a possibilidade, aconselho desde já iniciar com alongamentos, caminhar ou correr de 30 a 50 minutos, três ou quatro vezes na semana. A bicicleta também é uma boa aliada, podendo ser utilizada por meia hora, duas vezes na semana", alerta o fisioterapeuta.
"A natação, que pode ser no mar e é relaxante, também pode ser praticada. É importante fortalecer os membros inferiores, com agachamento e treinos em escadas, além de alimentar bem e ter uma boa noite de sono”, completa o profissional.
E se, mesmo assim, durante o carnaval, surgirem fortes dores, é preciso ter cuidado com os riscos da automedicação. “Se forem dores musculares causadas pela intensa movimentação, o ideal é repouso e gelo no local. Anti-inflamatórios não aliviam a dor, apenas mascaram e, a depender, podem piorar o problema, porque o folião se acha curado e volta a pular. Em caso de fraturas e lesões, como a entorse de tornozelo, a melhor solução é buscar assistência médica”, pontuou Thiago Alencar.
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