Roteiro cultural
Biografia da sufragista negra alagoana Almerinda Gama será lançada em Maceió
Jornalista e autora Cibele Tenório lança o livro durante a Bienal Internacional do Livro de Alagoas, onde também receberá o Prêmio Graciliano Ramos
 
                                    A reconstrução meticulosa de uma vida de luta, afeto e arte que foi relegada ao pano de fundo da história. Assim pode ser resumido o livro Almerinda Gama: a sufragista negra, escrito pela jornalista Cibele Tenório. Após o lançamento em julho pela editora Todavia, a autora alagoana apresentará seu livro em sua terra natal, Maceió, na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, entre 31 de outubro e 09 de novembro, que acontecerá no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso.
Mulher, negra, nordestina, jornalista, datilógrafa, militante feminista, sindicalista, advogada, poeta e musicista. Essas são algumas das múltiplas facetas da alagoana Almerinda Farias Gama (1899-1999), uma das lideranças da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (fbpf), entidade à frente da campanha sufragista brasileira entre os anos de 1920 e 1930. Neste livro, que foi vencedor do Prêmio Todavia de Não Ficção, Cibele Tenório dá cor às mil vidas de uma feminista negra cuja história íntima — e em tudo impressionante —  se confunde com a história do Brasil.
Além da mesa de lançamento, Cibele Tenório participará de outras atividades durante a Bienal do Livro de Maceió. A autora será uma das homenageadas no Prêmio Graciliano Ramos de Literatura, uma iniciativa da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) que reconhece personalidades alagoanas. A solenidade de premiação ocorrerá no domingo, 2 de novembro, às 19h30, no auditório 2 do Centro de Convenções. Ainda no domingo, a autora terá um encontro com as integrantes do clube do livro “Leia Mulheres Maceió”, na Sala Tamarindo, com mediação de Maria Silvia da Costa e Josefa Janes da Silva.
Na segunda-feira, dia 03, Cibele Tenório participará de um debate com o escritor e historiador Gustavo Alonso, com o tema “Escrever uma vida: desafios e prazeres da escrita biográfica”, na sala Siriguela, às 14h. Finalmente, na terça-feira, 04 de novembro, ocorrerá o lançamento oficial do livro Almerinda Gama: a sufragista negra, também na sala Siriguela. O evento incluirá um bate-papo sobre a obra, mediado pela jornalista Mauricélia Ramos, seguido de sessão de autógrafos.
Mais sobre o livro, pela historiadora Ynaê Lopes dos Santos
O que se espera de uma mulher?
De algum modo, a vida de todas as mulheres se tece em meio a essa pergunta. Não somos nós necessariamente que a fazemos. Mas a pergunta está sempre ali, à espreita, para ter certeza de que aquilo que se espera esteja dentro de normas preestabelecidas que ajudam a definir o que é ser mulher.
Este livro pode ser entendido como o avesso dessa pergunta.
É vestida com uma estola de pele, uma boina sobre os cabelos curtos e cacheados, e com um sorriso no rosto que Almerinda Gama pega em nossa mão e nos convida a revisitar o Brasil que ela viveu e transformou. Uma visita que dialoga com os “grandes nomes da época”, mas que nos obriga a ver o país pelo olhar de uma mulher, negra, nordestina, feminista, sindicalista, poeta e sufragista.
Mas se engana quem imagina ter em mãos um livro que se circunscreve no momento em que as mulheres passaram a votar no Brasil. Não que isso seja pouco. É uma virada e tanto na nossa história e na vida de Almerinda e do país. Uma virada pouco conhecida e muito bem narrada por Cibele Tenório. Porém, assim como Almerinda, a autora do livro é uma mulher negra e nordestina que nem de longe se limitou a fazer o que era esperado. E ao decidir contar a trajetória de Almerinda Gama, Cibele Tenório honrou sua vida e nos presenteou com este belo exercício de interseccionalidade.
Seu livro não é apenas um resgate da trajetória de Almerinda, mas uma escolha deliberada e muito bem cerzida de mergulhar nas tantas facetas e camadas que compuseram a vida dessa mulher. Uma convocação para abandonarmos de vez a ideia de que há um espaço reservado para as mulheres na história do Brasil, para entendermos que, de fato, a história do Brasil não existe sem as mulheres — em toda a sua complexa diversidade.
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