Política
Governo teme instabilidade econômica com tarifaço dos EUA
Medidas do presidente dos Estados Unidos contra o Brasil podem afetar custos logísticos e operacionais

Se não houver recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a importação dos produtos brasileiros, a partir da próxima sexta-feira (1°), será implantada uma sobretaxa de 50% a mais em tudo o que for comprado daqui do Brasil para os EUA. A iniciativa afeta todo o país, inclusive Alagoas. A situação é vista com preocupação pelo Governo do Estado, que reconhece que as medidas geram instabilidades no comércio exterior.
Em contato com a reportagem da Tribuna Independente, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Sedics), avalia que embora ainda seja prematuro mensurar os impactos diretos para a economia alagoana, é inegável que medidas dessa natureza geram instabilidade no comércio exterior e exigem atenção redobrada por parte dos gestores públicos e das empresas exportadoras.
De acordo com a secretária Alice Beltrão, “ainda que o volume total das exportações para os Estados Unidos não seja o mais expressivo da balança comercial do estado, qualquer alteração nas regras internacionais pode influenciar os custos logísticos e operacionais das empresas locais”.
A titular da Sedics explica que o leque de setores que negociam com os Estados Unidos é relevante.
“Alagoas mantém relações comerciais com os Estados Unidos, principalmente por meio da agroindústria, setor responsável por boa parte das exportações do estado. Produtos como o açúcar, o álcool e outros derivados da cana-de-açúcar integram a pauta exportadora alagoana, que também inclui segmentos da indústria química, têxtil, alimentícia e artesanato”, ressalta a secretária.
Na mesma linha de entendimento, o secretário de Estado de Relações Federativas e Internacionais do Governo, Júlio Cezar, também acredita que o problema maior seriam os custos operacionais.
“No caso de Alagoas, que também possui relação comercial com os norte-americanos, qualquer taxação nas exportações afetará diretamente os custos operacionais dessas transações”.
Mas, Júlio Cezar é otimista sobre os impactos maiores. “Isso não deve interferir de forma significativa no desenvolvimento econômico do estado”. Comparando com outros estados, ele minimiza um possível prejuízo.
“Outras unidades federativas poderão ser mais afetadas, visto que exportam mais e têm economias mais dependentes dessas operações. Em Alagoas, um dos setores que mais exporta é a agroindústria”, contextualiza o secretário em entrevista à Tribuna.
O secretário está confiante de que haverá avanço nas negociações entre os países. “Acreditamos que a diplomacia tem a capacidade de promover o entendimento entre as duas nações, superando esse impasse econômico”. Enquanto isso, aposta no que entende ser um momento para Alagoas. “Nossa economia vai muito bem: o estado está honrando seus compromissos, mantém os salários em dia, realiza o maior volume de obras da sua história e conta com cadeias produtivas fortes e bem distribuídas”.
A ideia do Estado é se preparar para esses momentos atraindo mais atores para fazer negócio com Alagoas e a economia daqui para não sentir tanto com esse tipo de medida. A secretária Alice Beltrão destaca que a atuação da Sedics é focada em garantir que o ambiente de negócios em Alagoas permaneça atrativo e seguro, mesmo diante de cenários externos adversos.
“Estamos atentos a esse cenário internacional e, embora os impactos ainda não possam ser quantificados, nosso compromisso é garantir estabilidade e segurança para quem empreende em Alagoas. Seguimos trabalhando para ampliar a competitividade das nossas cadeias produtivas, atrair investimentos e fortalecer as relações comerciais do estado com outros mercados, inclusive por meio da diversificação. O desenvolvimento econômico de Alagoas é sólido, contamos com segurança jurídica e um ambiente de negócios favorável, e temos atuado para mantê-lo em ritmo crescente”.
A Sedics atua no planejamento e na gestão de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável. Entre suas principais atribuições estão a concessão de incentivos fiscais a indústrias, gestão dos arranjos produtivos locais (APLs), fortalecimento das cadeias produtivas regionais e o fomento à transição energética. Além disso, a secretaria exerce papel estratégico na interlocução entre empresários, investidores e o Governo do Estado.
Atualmente, o órgão tem trabalhado em negociações com outros mercados para ampliar os parceiros comerciais. A secretária relata onde tem buscado isso. “Principal são os estados do Sul e Sudeste, especialmente São Paulo, visando trazer para Alagoas novas filiais e Centros de Distribuição visando atender a crescente demanda do Estado e do Nordeste como um todo, dado a posição estratégica, ritmo de crescimento, política fiscal e segurança jurídica para concessão dos Incentivos Fiscais e Locacionais”.
IMPACTO NA INDÚSTRIA
A Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA) já avaliou, em contato com a Tribuna Independente, que a medida do governo Trump é injustificável e como Alagoas, que tem uma produção predominante do setor sucroalcooleiro, a balança comercial pode ser afetada devido ao “tarifaço”, que pode ser cobrado pelo governo americano.
“A medida compromete o ambiente de negócios e afeta diretamente a indústria alagoana, em especial o setor sucroalcooleiro, cuja principal pauta exportadora para os Estados Unidos é o açúcar. Os Estados Unidos foram o terceiro maior destino das exportações do estado, somando mais de US$ 61 milhões”, destacou a Federação em nota enviada à Tribuna.
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