Política

Apenas dois deputados federais de AL falam sobre PF e ex-presidente Bolsonaro

Na Câmara federal, Paulão defende que Jair Bolsonaro seja punido, enquanto Alfredo acredita em perseguição ao ex-gestor do país

Por Nigel Santana - editor de política - e Thayanne Magalhães / Tribuna Independente com Agências 30/11/2024 08h49 - Atualizado em 30/11/2024 09h39
Apenas dois deputados federais de AL falam sobre PF e ex-presidente Bolsonaro
Paulão destaca que Bolsonaro atentou contra a democracia; Alfredo Gaspar sugere ex-presidente elegível - Foto: Sandro Lima

Dos integrantes da bancada federal alagoana, composta por nove deputados federais, e da bancada no Senado, com três senadores, apenas um parlamentar está cobrando a punição do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), um dos 37 acusados pela Polícia Federal (PF), de tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. O relatório veio a público na última terça-feira (26/11), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em contato com a reportagem da Tribuna Independente, o deputado federal Paulão (PT), líder da bancada alagoana, o ex-presidente precisa ser punido.

“Bolsonaro conspirou contra o Estado Democrático de Direito. Ele tinha como meta matar o presidente Lula, o vice [Geraldo] Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Isso foi uma organização criminosa e precisa ser punida. Não podemos permitir que crimes dessa magnitude fiquem impunes. É uma questão de respeito à nossa democracia”, criticou o parlamentar.

A reportagem da Tribuna Independente também procurou os demais deputados e senadores para tratar do indiciamento da Polícia Federal em relação a Bolsonaro, já que muitos deles estavam como aliados do ex-presidente, bem como outros integrantes da bancada se mantiveram como oposição.

Ainda presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), informou por meio de sua assessoria que não comentaria o assunto. Não conseguimos contatos com Marx Beltrão (PP), Daniel Barbosa (PP), Isnaldo Bulhões (MDB), Rafael Brito (MDB) e Luciano Amaral (PP). O deputado delegado Fábio Costa (PP) ficou de emitir um posicionamento, mas até o fechamento desta edição, não houve êxito.

Aliado de Jair Bolsonaro, que é acusado pela Polícia Federal de tramar um golpe de estado, o deputado Alfredo Gaspar também foi procurado pela reportagem, mas não respondeu. Nas redes sociais, o parlamentar publicou que existe uma “perseguição implacável a Bolsonaro”. O parlamentar publicou ainda que a “direita não baixará a cabeça e que 2026 vem aí”.

Ao que parece, Alfredo tem expectativa de que o Supremo Tribunal Federal reverta a inelegibilidade do ex-presidente e que ele concorra nas eleições em 2026.

Senador diz que antes de Bolsonaro não havia ameaças à democracia

No Senado, dos três alagoanos – Renan Calheiros (MDB), Fernando Farias (MDB) e Rodrigo Cunha (Podemos), as avaliações a respeito do indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal (PF), em uma tentativa de golpe de estado não ecoam com muita frequência, ao menos publicamente.

Nas redes sociais, o senador Renan Calheiros publicou críticas contundentes. Segundo Calheiros, o caso da minuta e outros episódios recentes refletem o impacto negativo do bolsonarismo na democracia brasileira.

“Ações contra a democracia são ações terroristas e não têm prescrição. A Constituição equivale esses crimes a crimes hediondos. A democracia continua sob ameaça, não havia esse pedido de coisa antes do Bolsonaro. Não havia pedido de golpe, intervenção militar, fechamento do Supremo, Congresso Nacional. Agora, temos até kamikazes do bolsonarismo”, afirmou o senador.

Renan Calheiros lembra que o país convive com os “kamikazes do bolsonarismo” (Foto: Edilson Omena)

A Tribuna também tentou manter contato com Renan, e Fernando Farias, mas não houve êxito. Em contato com a assessoria do senador Rodrigo Cunha, a reportagem foi informada pela assessoria de Rodrigo que ele não comentaria o assunto. Cunha está prestes a deixar o Senado para assumir o cargo de vice-prefeito em Maceió.

643 VEZES

O relatório de 884 páginas da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado no país no fim de 2022 cita o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo menos 643 vezes. Ao todo, o sobrenome aparece 658 vezes no material – inclusive, dentro de prints (imagens) e na URL de reportagens citadas pela PF.

No caso de Jair Bolsonaro, no entanto, as citações têm relação direta com a investigação. De acordo com a própria Polícia Federal, Bolsonaro “tinha plena consciência e participação ativa” nas ações clandestinas promovidas pelo grupo.

Ao longo de todo o documento, a Polícia Federal narra como o grupo de investigados teria se aliado para organizar um golpe de Estado com o objetivo de evitar a eleição – e em seguida, a posse – de Luiz Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro era o titular da Presidência da República por todo aquele período, e foi o principal adversário de Lula nas urnas.

O ex-presidente é mencionado logo no primeiro parágrafo do relatório, após o sumário.

“No contexto da presente investigação apurou-se a constituição de uma organização criminosa, com seus integrantes atuando, mediante divisão de tarefas, com o fim de obtenção de vantagem consistente em tentar manter o então Presidente da República Jair Bolsonaro no poder, a partir da consumação de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, restringindo o exercício do Poder Judiciário e impedindo a posse do então presidente da república eleito”, aponta um trecho do relatório da PF, que teve o sigilo liberado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes.