Apesar de o julgamento estar suspenso até fevereiro do ano que vem, o caso do assassinato do blogueiro Kleber Malaquias, ocorrido em 2020 continua tendo movimentações. No último domingo (27), o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) tornou pública a transferência feita no dia anterior para o presídio federal de Eudson Matos, um dos acusados pelo homicídio. Matos é policial civil e estava cedido para a Assembleia Legislativa Estadual (ALE).

A decisão judicial que determinou essa transferência foi da juíza Eliana Augusta Acioly Machado de Oliveira, no dia 3 de outubro. Foi em atendimento ao recurso do Ministério Público Estadual (MPE), que não havia sido analisado por conta da decisão do desembargador Ivan Vasconcelos Brito Junior em relação ao habeas corpus. A transferência vinha sendo mantida em segredo de justiça para, segundo o TJ/AL, garantir a segurança dos policiais federais que atuariam no cumprimento da decisão e do próprio acusado.

A juíza esclarece que o próprio coordenador da Central de Flagrantes, mencionou através de ofício que os policiais civis “sempre ficam custodiados nesta Casa de Custódia da Polícia Civil”, quando, na verdade, não se trata de Casa de Custódia da Polícia Civil, mas sim da Central de Flagrantes, que, como o próprio nome sugere, destina-se apenas ao tratamento dos presos em flagrante delito, possibilitando a realização da audiência de custódia no menor lapso temporal possível, após o que imediatamente, promove-se a traslado dos presos preventivos para o sistema prisional.

Como o estado não possui, no âmbito estadual, instalação adequada, ela considera a solução apontada pelo Ministério Público a única que atende não só aos interesses estatais, como também a que é capaz de garantir ao custodiado sua integridade física. Já que o Coordenador da Central de Flagrantes teria argumentado que a permanência dos policiais civil no Sistema Prisional Alagoano os coloca em risco.

O CASO

Eudson Matos é um dos policiais acusados de interferir no processo do homicídio de Kleber Malaquias, ocorrido em 15 de julho de 2020. Apesar de aparentemente não ter participado da execução, da qual estariam sendo acusados José Mário de Lima Silva, Edinaldo Estevão de Lima e Fredson José dos Santos, sua participação teria sido identificada nas investigações. Ele foi preso preventivamente por determinação do juízo da 3ª Vara de Rio Largo em 03 de setembro de 2024 e, desde então, ficou custodiado na Central de Flagrantes da Capital.

Segundo o processo, o crime aconteceu dentro de um bar, em Rio Largo, na tarde de 15 de julho, dia do aniversário da vítima. A execução teria sido arquitetada pelos envolvidos que atraíram Kleber até o Bar da Buchada para realizar o assassinato.

De acordo com o relatório, o policial militar José Mário, na época pré-candidato a vereador, marcou um encontro com Kleber para conversar sobre questões políticas. Na ocasião, Fredson José teria efetuado os disparos de arma de fogo que levaram a vítima à morte.

Kleber Malaquias, segundo consta no processo, vinha sofrendo ameaças devido às denúncias que fazia contra políticos e autoridades.