Política
Sistema eleitoral passou a sofrer ataques em 2014
Bolsonaro continua sua investida em descredibilizar as urnas eletrônicas e advogado e políticos rechaçam ideias

A última semana no cenário político nacional mostrou mais uma tentativa de o presidente Jair Bolsonaro (PL) descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro. Logo, as reações no Brasil e em outros países demonstraram que o mandatário não goza de tanto prestígio.
Para o advogado eleitoral Marcelo Brabo, se faz importante lembrar que nas eleições de 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT), foi reeleita em uma disputa apertada, teve início um movimento dos derrotados (Aécio Neves, PSDB, perdeu a eleição), para colocar em dúvidas a segurança das urnas eletrônicas, além de defesas pelo voto impresso.
“O tema ganhou debates prós e contras e agora está sendo fortalecido pelo presidente da República [Jair Bolsonaro] e seus aliados numa vã tentativa de atravancar o processo eleitoral”, explica Marcelo Brabo em contato com a Tribuna.
“Não vejo com bons olhos o voto impresso, vez que poderá aumentar, e muito, a judicialização do processo eleitoral, pois cria um grande caos em um sistema que funciona muito bem e que goza de grande credibilidade. Sem dúvida, seria um grande retrocesso e traria uma grande instabilidade na confiabilidade do sistema eleitoral, permitindo grandes discussões e manobras de toda a ordem”, continuou.
Além disso, segundo Marcelo Brabo, teria um custo de cerca de R$ 2,5 bilhões, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).“Observe-se, ainda, que apesar de discussões tópicas, nunca se provou um único caso sequer que tenha ocorrido à discutida fraude. Acho que precisamos, sim, fortalecer a votação eletrônica, inclusive se pensar na introdução não apenas da biometria, mas do de leitor facial, leitura da íris. Isto, por certo, traria mais segurança e diminuiria, senão acabaria com a fraude existente, que é sempre na votação e resultante de ato humano”, opina o advogado especialista.
Brabo lembrou ainda que o STF, no passado, já suspendeu tentativa correlata, por entender ser inconstitucional, o que inviabiliza qualquer tentativa neste sentido.
REAÇÃO POLÍTICA
Para o senador Renan Calheiros (MDB), o presidente da República não vai parar com as bravatas contra o sistema eleitoral.
“Não é a primeira bravata golpista de Bolsonaro e não será a última. Mas agora é choro de derrotado. ‘Mimimi’ de perdedor, mentiras descaradas e mais um vexame internacional. Estamos em contagem regressiva para o fim desse flagelo. Lula foi preso para não ser eleito. Bolsonaro quer ser eleito para não ser preso”, escreveu.
Deputada cita fraudes nas eleições à época do voto impresso
Em entrevista à Tribuna, a deputada federal Tereza Nelma (PSD) lembra que as fraudes eleitorais no Brasil aconteciam na época do voto impresso.
“Este Brasil tem uma rica história de fraudes eleitorais, principalmente na época do voto impresso. Mas não é só isso. Grande parte dos currais eleitorais, de compras, de ameaças e chantagens ainda rondam a liberdade do voto. Hoje, mesmo depois do Congresso Nacional ter garantido o voto em urnas eletrônicas, ainda vemos ataques a esse sistema, que se mostrou seguro contra fraudes. Presenciamos ataques e ameaças ao TSE e à democracia sob pretextos falsos de defesa de votos impressos”, opinou a parlamentar.
“Já vimos essa tática nos Estados Unidos. Precisamos vigiar para que o pior não seja importado para o Brasil. Principalmente por personagens que não tem nenhum poder constitucional para intervir nessa questão. Queremos eleições democráticas e seguras, com candidaturas de ficha limpa”, continuou.
O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas, Ricardo Barbosa, diz que Bolsonaro não passa de um “trapalhão” e por trás dele existe uma equipe altamente competente em destruir o patrimônio brasileiro e levar o país de volta ao mapa da fome.
“Se fosse voto impresso, ele estaria contra o voto impresso e defendendo a urna eletrônica. O que ele quer é tumultuar o processo eleitoral. Bolsonaro é um trapalhão, que só faz trapalhadas, enquanto a sua equipe consegue aplicar no país o processo neoliberal”, opina.
Ricardo Barbosa considera que as falas sobre as urnas eletrônicas são fantasiosas e contraditórias.
“Vamos ver quais serão as próximas surpresas, as próximas facadas que podem existir até as eleições. Bolsonaro está atentando agora contra as urnas, mas ele é político há muitos anos e sempre foi eleito por essas mesmas urnas. Esse é o primeiro sinal de que ele vai perder e já está avisando que vai recorrer do resultado das eleições”, continuou.
“É do instinto do fascismo esses factoides, trabalhar com mentiras para enganar o povo. Ele não tem mais nada a fazer então tenta desqualificar o sistema eleitoral e judiciário, num claro desespero pré-eleitoral”, concluiu.
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