Política

PT de Alagoas cobra apuração após ameaça à mulher com camisa de Lula na orla de Maceió

Vítima estava usando uma camisa do ex-presidente e denunciou ameaça por policiais miltares

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 14/07/2022 06h32 - Atualizado em 14/07/2022 14h46
PT de Alagoas cobra apuração após ameaça à mulher com camisa de Lula na orla de Maceió
Ricardo Barbosa, presidente do PT em Alagoas, ressalta que a conduta de bolsonaristas têm sido prejudicial - Foto: Edilson Omena

O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas, Ricardo Barbosa, informou que o governador Paulo Dantas (MDB) foi procurado pela direção partido que pediu apuração do governo do Estado, após denúncia de que policiais militares ameaçaram uma mulher na orla de Maceió enquanto ela caminhava usando uma camisa com a foto do pré-candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A assessoria do Governo do Estado enviou nota Tribuna afirmando que “ao ser informado sobre uma ameaça que teria acontecido a uma militante do PT na orla de Maceió, o secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva, orientou a direção do partido que formalize a situação através de um Boletim de Ocorrência. Isso permitirá que a Polícia Civil instaure um inquérito e a PM abra um procedimento disciplinar para apurar a conduta do policial”.

Porém, Ricardo Barbosa relatou que a vítima não se sentiu segura para procurar uma delegacia e denunciar os militares que fizeram a ameaça.

“O PT, juntamente com os demais partidos da federação, entidades e a população em geral, que estão temendo pela própria vida diante dessa violência, formaram uma comissão de defesa com juristas, advogados e advogadas, servidores da Segurança Pública, tanto da Polícia Militar quanto da Polícia Civil, e daqui para frente nada mais vai passar sem reação. Nós representaremos nas respectivas corregedorias, seja da Polícia Militar, Civil ou Federal, todos os servidores do Estado que transgredirem as leis e se comportarem como criminosos, como bandidos, ameaçando a vida dos alagoanos”, afirma o petista.

“Inclusive todos os delegados da polícia, coronéis, aposentados ou não, que já se manifestaram e tomaram atitudes de desrespeito ao seu regimento interno, às suas atribuições enquanto servidores públicos, serão representados, sem exceção nenhuma, nas suas respectivas corregedorias”, continuou.
De acordo com a denúncia feita mulher nas redes sociais, um militar em um posto de serviço teria se dirigido a ela com a seguinte ameaça: “Depois não sabe porque leva um tiro”.

O caso veio à tona na mesma semana em que um tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, foi assassinado pelo bolsonarista Jorge Guarano, quando comemorava seu aniversário de 50 anos em Foz do Iguaçu, no Paraná.

A festa tinha como tema o Partido dos Trabalhadores. A companheira da vítima, Pamela Silva, contou que Guaranho chegou ao local em um carro com um bebê e uma mulher. Segundo ela, a mulher que estava com Guaranho também pediu para que ele parasse.
Apesar disso, segundo Pamela, o atirador afirmou que iria voltar. Imagens de câmera de segurança mostram que Guaranho voltou ao local 10 minutos depois e atirou contra Marcelo.

“O PT já vem se manifestando antes mesmo do assassinato do Marcelo Arruda e agora principalmente, quando se concretiza um crime motivado por diferenças políticas, por um defensor de Bolsonaro, a gente precisa tomar medidas para defender a democracia, a vida e a paz”, reforça Ricardo Barbosa.

O presidente do PT em Alagoas lamenta o fato de que muitos eleitores de Lula temem divulgar sua posição política.

“Não podemos botar um adesivo nos nossos carros porque ele pode ser quebrado, amassado ou riscado, ou a gente morre por defender alguma posição política que seja contrária à de Bolsonaro. Temos que ter atuação do poder público com relação a isso, no âmbito federal e estadual principalmente, porque senão, daqui para frente, o governador vai acabar sendo responsabilizado por esses crimes”, opinou o petista.

Barbosa relatou casos em que policiais militares alagoanos se manifestaram em suas redes sociais e foram tratados de formas diferentes.

“Tem o caso de um policial militar que incentiva a violência, com a imagem do Lula amarrado na mala do carro e ele não foi repreendido. Já um outro militar que foi nas redes sociais defender seu candidato, que não é Bolsonaro, e contra ele a Corregedoria abriu um IPM [Inquérito Policial Militar]. O Comando fecha os olhos para quem incentiva a violência e age contundentemente contra os que defendem o outro posicionamento. Isso é perigoso”, afirma.

“Temos delegados da Polícia Civil dando declarações políticas e isso é perigoso, Eles são pagos com o dinheiro dos nossos impostos para nos dar segurança e para fazer parte de milícias e ter comportamentos criminosos, causando temor na população”, continuou.

Ricardo Barbosa reforça que o Governo de Alagoas deve apurar o caso da mulher ameaçada por militares na orla de Maceió.

“Como pode uma mulher vestida com a camisa de Lula ouvir de um policial militar fardado que vai levar um tiro pelas costas? Tem que saber quem é esse policial e afastá-lo, porque esse cidadão armado pelas ruas é uma ameaça. Amanhã ou depois ele vai fazer o que fez o assassino de Marcelo Arruda e vai matar um petista. O Estado precisa se manifestar agora”, concluiu.