Política

Nova greve volta a pressionar governo federal no fim deste mês

Trabalhadores se mobilizam para, no próximo 30 de junho, paralisar atividades contra reformas do governo Temer

Por Tribuna Independente 24/06/2017 08h21
Nova greve volta a pressionar governo federal no fim deste mês
Reprodução - Foto: Assessoria

A semana inicia em Alagoas, assim como nos demais estados, com a possibilidade de greve geral, agendada para a próxima sexta-feira (30). Quem tratou sobre o assunto de mais uma paralisação contra os atos do governo Temer foi Cícero Lourenço, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social – CNTSS/CUT. Além de tratar sobre este tema, Lourenço também comentou sobre a proposta de eleições diretas e do reajuste salarial que será concedido pelo governo estadual e já aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado (ALE). O acréscimo nos salários será de 6.29% e parcelado em duas vezes.

Tribuna Independente – O movimento sindical tem se organizado e uma nova greve geral está agendada para o dia 30 de junho. De fato, é possível acreditar em eleições diretas no atual contexto político?

Cícero Lourenço – Através dos trabalhadores e da população brasileira estamos convocando todos para participar desse pleito. Primeiro, nós temos que ter uma grande movimentação e essa greve geral tem esse objetivo de barrar projetos que são contra os trabalhadores. Um exemplo disso foi a vitória na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal sobre a reforma trabalhista. Foi uma vitória pequena, mas dentro da conjuntura foi uma grande vitória e isso é fruto da grande mobilização dos trabalhadores que está também atraindo vários setores. Isso é um grande retorno da greve geral do dia 28, das mobilizações que vem existindo nos últimos tempos que está atraindo, inclusive parte da classe média que negou num determinado momento o projeto da classe trabalhadora. Com isso, a gente aprofunda e aumenta a mobilização e também a amplitude da ação do ponto de vista da unidade trazendo vários setores nós temos clareza de que outras vitórias virão. E iremos barrar não só a reforma trabalhista, mas também a da previdência e a terceirização dentro do Plenário da Câmara e do Senado.

Tribuna Independente – Os sindicatos defendem eleição direta, mas a movimentação política em Brasília é para que a escolha presidencial seja de forma indireta. Está faltando apoio popular à PEC das Diretas?

Cícero Lourenço – O grande debate é, como existe hoje um definhamento de credibilidade da classe política do país, setores de centro que dominam a política brasileira e o conservadorismo do nosso país, há indefinições de quais as propostas que eles gostariam de participar, gostariam de atuar. Sabemos que a eleição direta não atinge só a presidência, mas sim todos os cargos, deixando muitos apoiadores do governo em dúvida se voltam para Brasília. Com isso, seus projetos pessoais e projeto político da classe econômica que dirige esse país estariam em cheque. Muitos democratas, que são nacionalistas que já apoiaram a Diretas Já em outro momento, têm dificuldade de compreender e de defender essa bandeira. Para isso, eles trabalham na ótica de que você possa fazer uma eleição apenas entre eles mesmos. Quem está fazendo na partilha do bolo, divide o poder entre eles e joga para sociedade brasileira, mas nós, incluindo os partidos de esquerda e setores de outros partidos que são democratas, defendem e acreditam que só as eleições diretas poderão dar um outro destino para a política e ao projeto político social do nosso país.

Tribuna Independente – Diante desse descrédito da sociedade em relação a política, como você enxerga o cenário das eleições do ano que vem?

Cícero Lourenço – Não é bom. Os conservadores e a classe econômica dominante do nosso país, junto ao capitalismo internacional, trabalharam na ótica que destruindo o projeto que estava sendo desenvolvido nos últimos 15 anos nesse país, através do governo Lula e do próprio governo Dilma, você tinha um modelo desenvolvimentista que vinha trabalhando o crescimento do nosso país. Quando você divide os poderes do Legislativo e do Executivo, aí você vai ter uma intervenção maior pelo carisma popular e pelo feito para o determinado momento. Para presidência, por exemplo, as classes dominantes tentam de toda forma destruir a figura e o capital político do ex-presidente Lula (PT) e não consegue. É um trabalho que vencendo essa batalha da destruição das reformas e vencendo essa batalha das Diretas Já a gente pode começar a pensar em alguma coisa e mostrar que o sistema que vivemos hoje é explorador e que pensa apenas em seu enriquecimento do capital.

Tribuna Independente – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) avalia como positivo o reajuste de 6.29% concedido pelo Governo do Estado?

Cícero Lourenço – A CUT ainda vai se reunir para fazer uma avaliação geral do ponto de vista do que foi apresentado pelo governo, porém, opinião de vários, inclusive da presidente Rilda é que esse reajuste poderia ser concedido após diálogos com a categoria, o que infelizmente não ocorreu. Infelizmente nós tratamos isso como intervenção na relação de trabalho por parte da gestão, acreditando que há uma desconsideração com as entidades representativas dos trabalhadores, que são os sindicatos, como também a Central Única dos Trabalhadores. Nós vamos mostrar que discordamos da forma como o governo encaminhou a proposta. Não vamos dizer que não seja implementado porque a gente não vai querer tirar nenhum direito da classe trabalhadora, mas queremos deixar claro que o nosso propósito é de prezar pelo respeito à classe trabalhadora do serviço público em Alagoas.

Tribuna Independente – Qual seria a porcentagem ideal hoje na avaliação dos servidores públicos?

Cícero Lourenço – Nós tínhamos uma política salarial que era a da reposição da inflação do ano anterior mais ganho real do salário de acordo com o crescimento da arrecadação, com o crescimento do PIB do nosso estado. Ou seja, o ideal hoje era a gente ter 14% a 15% de reposição, sem ganho real de salário. Seria apenas reposição daquilo que o governo não aplicou durante a gestão. O governo reporia a inflação do ano anterior para os seus trabalhadores. A diferença é que o reajuste você pode fazer no mesmo índice, mas poderá ser linear e a reposição é você repor as perdas que você teve.